Por Todas Elas: Atividades contra os retrocessos políticos e pelo fim da cultura de estupro (30/05)

A Marcha das Vadias – Floripa convoca à todas as pessoas, feministas, organizações e movimentos sociais para as atividades que vão ocorrer dia 30 de maio (segunda-feira) no OCUPA MINC SC.

Propomos um espaço de conversa seguido de um GRANDE ATO sobre os últimos retrocessos nas políticas públicas que atingem principalmente as mulheres, pessoas negras e LGBT, tais como a PL 5069/2013, que dentre outras coisas restringe o atendimento às mulheres vítimas de violência sexual, a suspensão do decreto que garante o direito ao nome social às pessoas Trans, a extinção do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos, bem como o PL da redução da maioridade penal, a lei anti-terrorismo, entre outros.

A roda de conversa vai ocorrer as 16h, (após a oficina de stencil e confecção de camisetas que deve começar as 15h). A concentração do GRANDE ATO está prevista para as 17h, com saída as 18h do OcupaMINC.
Este ato será também uma marcha em solidariedade a menina estuprada no Rio de Janeiro, e PELO FIM DA CULTURA DO ESTUPRO!


15h – Oficina de Stencil e confecção camisetas (tragam camisetas e estiletes!)

16h – RODA DE CONVERSA sobre os retrocessos nas políticas públicas que atingem principalmente as mulheres, pessoas negras e LGBT

17h – Concentração para o GRANDE ATO contra os retrocessos e PELO FIM DA CULTURA DO ESTUPRO!
Saída do ATO: 18h do OcupaMINC (Largo da Alfândega, centro de Florianópolis).

Nos ajudem a divulgar e a construir esse espaço!

Quem puder traga cartazes, faixas e tintas para produzirmos coletivamente materiais pro ato!

Mouro – Crônica de Luis Fernando Verissimo

Mouro – Crônica de Luis Fernando Verissimo publicada no Estadão

Compraram um cachorro para cuidar da casa. Depois de tantos roubos e arrombamentos, depois de tantos ataques ao seu patrimônio, a família decidiu que só um cachorro resolveria. Mas um cachorro de verdade, treinado para pegar ladrões, não apenas espantá-los. Nada parecido com um cachorrinho antigo da família, chamado Frufru, um inútil que morrera de susto ao ver um gato.

Mouro – deram-lhe o nome de Mouro por causa da sua assustadora cor preta – era um cachorro especial. Quando entrava alguém na casa, ele corria para cheirar o recém-chegado. Isso causou o primeiro problema com Mouro na casa. Um dia, a filha chegou com um namorado e o cachorro, depois de cheirá-lo, derrubou-o no chão e sentou em cima do seu peito, como se esperasse a chegada de reforços para dominá-lo. Descobriram depois que o namorado carregava maconha no bolso. O namorado foi aconselhado a nunca mais aparecer na casa e foi corrido para rua pelo Mouro, sob protestos da filha.

Mouro não dormia. Passava a noite rondando pelo jardim da casa ou dentro da própria casa. Mais de uma vez, quando levantava no meio da noite para fazer xixi, o dono da casa quase tropeçara no cachorro, cuja cor preta o tornava invisível no escuro. E a dona da casa se queixava dos sustos que levava, cada vez que o cachorro entrava, silenciosamente, na cozinha, farejando os cantos.

– Esse cachorro está começando a atrapalhar a nossa vida – disse a mulher.

– Você está maluca? – disse o marido. – O Mouro é formidável. Apareceu algum ladrão por aqui depois que ele chegou? Nenhum.

– E o que o Mouro fez com o meu primo Artur, expulsando-o da nossa casa e correndo atrás dele pela rua?

– É, mas depois se soube que o Artur está envolvido num negócio de propina. Ele deve ter farejado alguma coisa.

– Mas ele é que está mandando na nossa casa?

– Não exagera.

– Qualquer dia, ele cheira você e descobre aquele seu rolo com a Receita…

– Você acha?