Ameaças de morte na Ocupação Amarildo

SOMOS TODXS AMARILDO! Abaixo informe da Ocupação:

Comunicado 12

Ameaças aos lutadores do povo

A partir do dia 20 de fevereiro recebemos diversas ameaças de morte e sofremos um atentado contra nossas vidas. Denunciamos às autoridades competentes e também às mídias. Inclusive, enquanto a reportagem estava na Ocupação, três carros pararam em frente à porteira e fizeram diversas ameaças de armas em punho, só foram constrangidos pela imprensa e se retiraram.

Dias antes, numa saída ao mercado mais próximo, fomos atingidos quatro vezes na lateral de nosso carro, por outro carro que nos prensava contra o guardrail da pista. Sobrevivemos por dom do motorista, que não perdeu o controle. No dia seguinte, dois homens desceram do mesmo carro, em frente a Ocupação e mostraram munições de grosso calibre, ameaçando matarem todos os Amarildos.

Registramos boletim de ocorrência, informamos qual o carro e a placa. O delegado afirmou que tem como identificar os autores do atentado e das ameaças pelas câmeras da rodovia e também as das polícias que vigiam a Ocupação. Estamos aguardando!!!!

senhora amarildo


Ocupação Amarildo: uma nova frente de luta em Florianópolis

Há pouco mais de um mês, surgiu ao lado da rodovia que dá acesso às praias do Norte da Ilha de Florianópolis, uma luta por moradia. Não surgiu por acaso do destino ou por ocupação desordenada, mas fruto de um processo que vem se acumulando no histórico das cidades-empresas que ditam as regras de quem deve morar onde e como. Essa região do norte é conhecida por sua super valorização do comércio imobiliário e retém sua maior fatia dentro das políticas elitistas da especulação fundiária, ligada aos ramos do empreendedorismo turístico, político e da construção civil.

Algo mudou na Grande Florianópolis. A cidade conurbada não consegue mais exibir seu belo cartão postal de visita, com favelas e aglomerados em todos os cantos das vias de acesso, dentro e fora da cidade. Mesmo que os governos estaduais e municipais fogueteiam altos índices de desenvolvimento humano e adjetivos para a “capital turística do Mercosul”, a verdade é que toda uma tentativa de maquiagem urbana se desfaz com este novo contorno… de lutas e de dignidade.

A Ocupação Amarildo “surge” então neste contexto, com experiências recentes no Jardim Zanelatto, Serrinha, Chico Mendes, Ponta do Leal, Papaquara e tantas outras ocupações que se organizaram para fazer cumprir aquilo que na carta magna do país tem como prioridade: o direito à moradia como necessidade básica. Pela Frente Autônoma de Luta por Moradia entendemos que deixar apenas nas mãos do Estado esta função de prover a manutenção de seus estatutos, no que diz respeito à questão social da propriedade e da desapropriação por interesse social, devemos lembrar que o mesmo estado promulga ações, muitas vezes contrárias à natureza democrática. Sejam pela força policial, pelos poderes judiciários, pelos interesses econômicos dentro da política ou mesmo pela pressão empresarial, essa entidade torna-se refém de seus próprios aparatos legislativos e executivos. Esta nova área ocupada permaneceu décadas sem cumprir sua função social, inteiramente abandonada justamente por seus vários imbróglios que confirmam sua improbidade.

Diariamente chegam famílias inteiras na procura por um terreno e um teto, fugindo dos altíssimos custos do aluguel, muitas delas, vivendo de favores, outras nas ruas. Na total ausência de prioridade das políticas habitacionais, largas listas que há anos aguardam uma vez na fila, sequer são reconhecidas pelas instituições. Praticamente inexistem projetos sociais para aluguéis sociais provisórios, e quando surgem são insuficientes para a totalidade do problema da moradia, gerando eternas listas de esperas desses programas. Já é hora da sociedade inteira perceber este grave problema e não joga-lo para debaixo do tapete, como vem fazendo a grande mídia. A questão do direito à propriedade é muito maior do que outros que são comumente veiculados pelos canais.

Por isso, a FALM está ombro a ombro com xs que lutam por estes direitos, prestando toda solidariedade à Ocupação Amarildo para que haja definitivamente um combate frontal às políticas segregacionistas dos espaços urbanos. Esta luta se forja nas práticas e experiências da ação direta, na solidariedade mútua dos movimentos sociais. Repudiamos toda e qualquer ação contrária ao direito de manifestação e de ocupações. Trabalhadores e trabalhadoras, desempregados e desempregadas, sem-tetos, indígenas, todos e todas que lutam pelo direito à moradia, na organização de um movimento social forte e combativo, sem descanso para aqueles que pouco fazem.

Quando morar é um privilégio, ocupar é um dever!

Protestar não é crime!

FRENTE AUTÔNOMA DE LUTA POR MORADIA