Relato do encontro de 45 primaveras de luta pela Ponta do Coral

No dia 05 de outubro o sol resolveu nos agraciar com sua ilustre presença para o encontro de 45 primaveras de luta pela Ponta do Coral, após dois adiamentos consecutivos do evento.

Aos poucos as pessoas foram se aprochegando, e preparando o cenário, pendurando faixas e cartazes e amarrando as tiras de tecido vermelho e verde, cores do Movimento Ponta do Coral 100% Pública que viraram uma “marca registrada” dos eventos na Ponta.

Uma roda de conversa foi formada, contando com pessoas de diferentes gerações, que construíram essa e também outras lutas. A Roda começou com um convite para compartilhamento das memórias sobre a Ponta do Coral.

Mauro Passos, iniciou as falas, contando sobre a história do local desde os tempos que era utilizado como depósito de combustível para a Standard Oil até a década de 30, passando pelo aterramento para construção da beira-mar norte, quando se tornou a última “ponta” de entrada natural para o mar, e o incêndio no educandário e abrigo de menores que marcou a venda irregular da Ponta ainda na ditadura. Mauro Passos também lembrou da trajetória da luta legislativa quando foi vereador pelo PT, quando encaminhou no ano 2000 um projeto de lei que transformava a região em Área Verde de Lazer (AVL), aprovado naquela conjuntura por unanimidade.

Dando seguimento, Gert Shinke, historiador e membro do coletivo Ecolhar, que trouxe um “faixão” celebrando os 45 anos de resistência, colocou na roda documentos históricos desta época da luta, com os laudos e ofícios dos órgãos públicos responsáveis.

Lino Peres contou como a lei depois foi modificada pelos vereadores em anos seguintes, com alterações que permitiam a construção de um hotel de mais de 20 andares com uma marina, o que levou a uma nova fase de mobilizações pela Ponta. Lino também recordou as primeiras mobilizações nos anos 80, puxadas por estudantes e professores, principalmente do curso de Arquitetura da UFSC, destacando a participação dos então estudantes Loureci Ribeiro (Ci) e Elisa Jorge, que se tornarão militantes pelo direito à cidade e da luta pela moradia, e seguiram na construção da luta pela Ponta do Coral 100% Pública. Recordou também os embates na câmara de vereadores, quando foi vereador pelo PT, para a Ponta voltar a ser uma AVL.

Suzana Luz Cardoso, ativista socioambiental, recordou o histórico de mobilizações pela Ponta do Coral de 2015 em diante, quando começou a participar do movimento, que na época já se chamava Movimento Ponta do Coral 100% Pública, com a bandeira de criação do Parque Cultural das 3 Pontas. Resgatou também a importância da mobilização social para a conquista e manutenção de tantas áreas verdes e parques da cidade, citando como exemplo o Parque da Luz, o PACUCA e o Quintal Comunitário do Córrego Grande.

Outras militantes também lembraram do histórico das mobilizações pós 2015, quando a Hantei estava “prestes” a construir um hotel. Em 2015 foram dezenas de atividades envolvendo a Ponta do Coral, com reuniões semanais na Escola Básica Padre Anchieta (obrigada Maria Terezinha!), onde os rumos do movimento eram debatidos coletivamente. Recordamos diversas ocupações culturais ocorridas naquele ano, como o Enterro dos Ossos (pós-carnaval) e a Maratona do Coral, quando após o cancelamento da Maratona Cultural feita pela prefeitura, decidimos organizar 3 dias de atividades autogestionadas envolvendo arte e cultura na Ponta do Coral. Anos seguintes também foram lembrados, como a Novembrada Cultural em 2017, resgatando a luta pela Ponta e, ao mesmo tempo, a memória contra a ditadura.

Recordamos também de como foi a batalha para conseguirmos manter a área da Ponta limpa, sem o mato alto que era usado para afastar a população da região e criar pânico. Inclusive dos mutirões de limpeza que fizemos, um dos quais foi interrompido pela Polícia Militar.

Vídeo de 2015, quando a PM de SC interrompeu a limpeza na Ponta do Coral.

Flora Neves, comunicadora, trouxe outro aspecto de porque a área ainda estaria protegida, contando uma história que ouviu de (…), de que mulheres e crianças Guarani teriam sido mortas por colonizadores portugueses nos recifes, e que enquanto a memória dos povos originários que habitavam Meiembipe não fosse respeitada a situação da Ponta do Coral permaneceria em suspenso.

Ao final, também foi lembrado o papel do Movimento Ponta do Coral 100% Pública, em anos mais recentes, na articulação com outros movimentos sociais. Começando com o AbraCidade em 2019, que juntou vários movimentos no PACUCA. Iniciativa que inspirou mais tarde, ainda na pandemia (2021), a articulação de uma rede de movimentos socioambientais locais chamada Tecendo Redes, cujo foco tem sido o combate à especulação imobiliária, e que foi fundamental na organização do encontro, com presença de vários ativistas da rede e seus coletivos (Ecolhar, Instituto de Formação Popular Caéte, movimento contra a verticalização, Movimento de Pequenos Agricultores, Coletivo UC da Ilha).

A roda terminou com uma ratoeira cantada em verso e prosa:

   

Ao final da roda ainda ocorreu a distribuição de material (panfletos e cartazes) para uma manifestação em outubro contra a megalo-marina na beira-mar norte, que está sendo organizada por pescadores e pescadoras artesanais junto a movimentos sociais. A luta contra essa marina é pauta histórica do Movimento Ponta do Coral 100% Pública e sua relação com o mar, pois o entendimento é que se trata da continuidade do projeto de hotel-marina na Ponta do Coral, na mesma linha de modelo de cidade elitista, excludente e ecocida.

No fim da tarde o vento virou para um “nordestão”, apressando o fim do encontro.

O fato é que mudam os ventos, passam as estações, avançam os anos, mas a luta para retomar a Ponta do Coral para o povo segue viva! Se hoje não temos ali um hotel para poucos, é devido ao amor e a luta organizada de tantas pessoas que se entregaram e ainda entregam a esta causa. Hoje muita gente curte a ponta, passeando, namorando e pescando. Ainda não temos o tão sonhado Parque Cultural das 3 Pontas. Mas vamos chegar lá, nem que leve mais 45 anos!

Viva o Parque Cultural das 3 Pontas!

Viva a luta pela Ponta do Coral 100% Pública!

Fotos do Companheiro Chico, do Movimeto Ponta do Coral 100% Pública.

Referências de outros relatos:

Relato do ato pela saúde de nossas baías e em defesa da pesca artesanal: contra a megalo-marina e os emissários de esgoto

Manifestantes seguram faixas e cartazes em frente aos ranchos de pesca

Neste sábado, 25 de outubro, ocorreu a manifestação pela saúde de nossas baías e em defesa da pesca artesanal, contra a Marina na Beira-mar norte, os emissários e qualquer lançamento de esgoto em nossas águas.

Estava prevista uma barqueata por parte dos pescadores e pescadoras, que acabou tendo que ser cancelada devido aos fortes ventos. Com o cancelamento da barqueta, os manifestantes fizeram um ato simbólico em frente aos ranchos de pesca, abaixo da ponte Hercílio Luz, no lado continental.

Faixa esticada abaixo da ponte Hercílio Luz

Faixas e cartazes foram erguidos pelos presentes, com dizeres como “Megalo-Marina Não, Pela Saúde das Baías” e “Não aos Emissários nas Baías: Os esgotamentos das ETEs ameaçam de contaminação nossos territórios de pesca artesanal e maricultura”. Cartazes também denunciavam a falta de saneamento nas praias e a venda da cidade para especulação imobiliária. 

A luta contra os emissários nas baías e por saneamento também foi foco da manifestação

O ato foi organizado pelo Fórum de Pescadores e Pescadoras Artesanais das Baías Norte e Sul e Associação de Marinheiros e Pescadores Farol de Naufragados em conjunto com coletivos e movimentos socioambientais da cidade. Estiveram presentes ativistas de diferentes movimentos e regiões da cidade, bem como o vereador Bruno Ziliotto e assessoras da vereadora Ingrid Sateré Mawé e do deputado Pedro Uczai.

Reunião no rancho de pesca

Após o ato, pescadores e pescadoras presentes gravaram várias falas denunciando os impactos que a instalação desta marina traria para suas vidas. Foi lembrado o fato de os direitos destas comunidades tradicionais não terem sido respeitados no processo. A necessidade de disputar outro modelo de cidade foi lembrada nas falas. Ativistas de outros movimentos, como o contra a verticalização no sul da ilha, Movimento da Ponta do Coral 100% Pública, do Ecolhar e da Tecendo Redes também chamaram a atenção para a importância da união dos movimentos socioambientais frente aos diversos ataques que tem ocorrido por parte da atual gestão.

Ao final foi evidenciada a necessidade de ampliar a rede em defesa das baías e contra o projeto desta marina, dado que este projeto afetará a cidade toda, e é o “coroamento” de um modelo de cidade elitista e ecocida, imposto de cima para baixo.

Compilação de materiais e registros da luta contra a marina na beira-mar norte

Neste sábado, 25/10/25, às 9h, ocorre a Manifestação contra a Marina na Beira-mar norte: pela Saúde das Baías e em Defesa da Pesca Artesanal.

Cabe lembrar que esta luta não começou agora, há quase uma década movimentos sociais e as comunidades de pescadoras e pescadores artesanais, maricultores e extrativistas, e pesquisadores e pesquisadoras se colocam contrários a este mega-empreendimento voltado para uma elite e com impactos imensos e de diversas naturezas.

Abaixo compilamos materiais e registros desta luta, bem como o material de divulgação da manifestação de amanhã.

Referências e histórico da luta:

  • Documento elaborado pelo Movimento Ponta do Coral 100% Pública, com o histórico.

Artigos:

Entrevistas de programas sobre o assunto:

Material de divulgação da manifestação de amanhã:

Cards para rede social com um resumo das motivações e impactos:


Cards de chamado:

Panfleto:

Cartaz:

Encontro de 45 primaveras de luta pela Ponta do Coral

Neste 05 de Outubro, vamos nos encontrar para comemorar os 45 anos de luta pela Ponta do Coral! 

É quase meio século de resistência aos monstros de concreto envidraçados que os endinheirados quiseram construir ali. Ainda não temos o tão sonhado Parque Cultural das 3 Pontas, mas a Ponta do Coral continua linda e servindo como espaço de lazer para o povo, em toda sua diversidade.

Vamos celebrar este momento, juntando pessoas queridas, cultura, arte, política, música e um piquenique. Ingredientes tradicionais dos muitos encontros que já aconteceram na Ponta.

Temos as seguintes atividades definidas para o evento:

A luta vale a pena! Memórias de conquistas e resistências populares (15h): Uma roda de conversa sobre as vitórias dos movimentos populares de Florianópolis e região.

Como articular as lutas socioambientais locais?

(16h): Temos várias lutas acontecendo, fragmentadas em diferentes regiões. Convidamos coletivos e movimentos sociais para respondermos coletivamente a esta pergunta.

Preparação para o ato contra a Marina na beira-mar norte:
Preparação coletiva de materiais para o ato pela saúde das baías e em defesa da pesca artesanal.
Traga cartolina, canetões e/ou tinta.

Visita Guiada: Circuíto Político Sensorial pela Ponta do Coral com integrantes do Movimento Ponta do Coral 100% Pública.

Traga sua caneca, canga e petiscos para compartilhar.

Quando? 05 de outubro

Onde? Na Ponta do Coral (Beira-Mar norte, próximo ao bar Koxixos).

Que horas? A partir das 14h.

Organização: Movimento Ponta do Coral 100% Pública e Tecendo Redes.

Se você ou o seu grupo quiser propor alguma atividade, ou se incluir nas existentes, escreva para: @tecendoredesc (instagram) ou tecendoredes@riseup.net (email).


Nota do editor: o encontro original estava agendado para 21/09, mas teve que ser adiado duas vezes devido às chuvas.

Encontro de 45 primaveras de luta pela Ponta do Coral

Neste 05 de Outubro, vamos nos encontrar para comemorar os 45 anos de luta pela Ponta do Coral! 

É quase meio século de resistência aos monstros de concreto envidraçados que os endinheirados quiseram construir ali. Ainda não temos o tão sonhado Parque Cultural das 3 Pontas, mas a Ponta do Coral continua linda e servindo como espaço de lazer para o povo, em toda sua diversidade.

Vamos celebrar este momento, juntando pessoas queridas, cultura, arte, política, música e um piquenique. Ingredientes tradicionais dos muitos encontros que já aconteceram na Ponta.

Temos as seguintes atividades definidas para o evento:

A luta vale a pena! Memórias de conquistas e resistências populares (15h): Uma roda de conversa sobre as vitórias dos movimentos populares de Florianópolis e região.

Como articular as lutas socioambientais locais?

(16h): Temos várias lutas acontecendo, fragmentadas em diferentes regiões. Convidamos coletivos e movimentos sociais para respondermos coletivamente a esta pergunta.

Preparação para o ato contra a Marina na beira-mar norte:
Preparação coletiva de materiais para o ato pela saúde das baías e em defesa da pesca artesanal.
Traga cartolina, canetões e/ou tinta.

Visita Guiada: Circuíto Político Sensorial pela Ponta do Coral com integrantes do Movimento Ponta do Coral 100% Pública.

Traga sua caneca, canga e petiscos para compartilhar.

Quando? 05 de outubro

Onde? Na Ponta do Coral (Beira-Mar norte, próximo ao bar Koxixos).

Que horas? A partir das 14h.

Organização: Movimento Ponta do Coral 100% Pública e Tecendo Redes.

Se você ou o seu grupo quiser propor alguma atividade, ou se incluir nas existentes, escreva para: @tecendoredesc (instagram) ou tecendoredes@riseup.net (email).


Nota do editor: o encontro original estava agendado para 21/09, mas teve que ser adiado duas vezes devido às chuvas.

Floripa Amanhã e a Cooptação das Pautas Socioambientais: Qual o Verdadeiro Projeto em Jogo?

Encontro mescla atividades culturais e artísticas para mascarar interesses empresariais e tomar espaço dos movimentos sociais

É assim que a Associação Floripa Amanhã anuncia um evento de 3 dias, com diversas atrações culturais e painéis, patrocinada com incentivos da Fundação Catarinense de Cultura e do Governo do Estado de Santa Catarina (Participou de algum edital?). 

Quem participa das lutas populares e socioambientais em Florianópolis conhece bem o papel que essa entidade representa, desde sua fundação em 2005. Sempre em defesa do capital e do empresariado da cidade, especialmente dos setores da construção civil, na defesa de projetos que favorecem a especulação imobiliária, o turismo predatório e a destruição ambiental, como uma marina na Beira-mar Norte, um hotel na Ponta do Coral e, mais recentemente, o Plano Diretor em que a participação popular foi sabotada.

Para os desavisados, basta dar uma lida nos artigos publicados no site da instituição, como, por exemplo, quando esta entidade se posicionou por meio de uma nota, após a vitória de Bolsonaro, nas eleições de 2018:

As últimas eleições nacionais mostraram que os ventos do século XXI são outros e que a sociedade se cansou da tutela do Estado e quer ser protagonista.”

A nota continua, com a defesa da manutenção de projetos destinados a uma minoria, como os beach clubs de Jurerê, a marina na Barra da Lagoa e o Costão Golf, no Santinho. Apesar de rejeitar a tutela do Estado, cabe notar que uma figura importantes da entidade, a empresária Zena Becker, ex-presidenta do Floripa Amanhã, ocupa desde a gestão Gean cargos na Prefeitura, sendo ela atualmente Secretária de Turismo, Esporte e Cultura de Topázio.

Em maio de 2023, quando o Plano Diretor das construtoras e da especulação imobiliária foi aprovado na Câmara de Vereadores, a entidade novamente se posicionou:

“Novo Plano Diretor, mais moderno e sustentável, entra em vigor”. A sanção do PD é mais uma vitória da população de Florianópolis, abraçada de forma responsável e comprometida pela gestão do Prefeito Topázio Neto, que não fugiu à raia e demonstrou coragem, determinação e enfrentamento deste desafio, desde o início.”

Qual população se referem? Ora, basta ver o quadro de associados publicado no site para entendermos a qual classe social pertencem e estão a serviço, como, por exemplo:

  • Habitasul
  • Woa 
  • Costão do Santinho
  • Aliator Silveira – ex-sócio da Hantei, quando a mesma pretendia construir um hotel na Ponta do Coral
  • Carlos Berenhauser Leite, Diretor Administrativo (O empresário foi eleito em 2024 para presidir o Sinduscon Grande Florianópolis, atua na área da construção civil há mais de quatro décadas. Esteve à frente da Habitasul e de Jurerê Internacional desde a implementação do empreendimento no Norte da Ilha de SC.) 

Aliás, muitas destas figuras “chave”, em episódios recentes, que fazem parte da gestão Topázio, estarão presentes como painelistas no evento, falando de meio ambiente, direito à cidade e cultura e pautando o debate local, incluindo o Coronel Araújo Gomes, Secretário de Segurança Pública do município, responsável por organizar uma verdadeira operação de guerra na votação do Plano Diretor, com tapumes cercando a Câmara para cercear à população do seu direito de manifestar. Ele irá participar de um painel sobre déficit habitacional, direito à cidade e pessoas em situação de rua, mas não vimos o anúncio de ninguém do Movimento da População em Situação de Rua presente nessa discussão. Inclusive não tem ninguém dos movimentos pelo direito à cidade. Estranho, para dizer o mínimo.

Michel Mittman, Secretário de Planejamento Urbano de Florianópolis, será painelista sobre infraestrutura cultural, sendo que ele quem capitaneou a condução do processo do Plano Diretor (aquele aprovado sem considerar o que as associações de bairro e sociedade manifestaram em diversas audiências), e o arquiteto Ângelo Arruda, que faz parte da Curadoria Geral do Evento. Este foi protagonista de um episódio emblemático em 2022, quando um áudio dele circulou nas redes sociais, sugerindo uma estratégia para aprovar o Plano Diretor sem participação popular: 

“É fazer tudo ao mesmo tempo. A prefeitura monta uma guerra de guerrilha (sic) com 300 funcionários, 13 datashows, cada um num centro ou distrito. Pega de uma segunda até a sexta, faz dois por dia, pronto. Encerra e agora ninguém pode dizer mais que não conhece o conteúdo”.

Para entender melhor o processo de revisão do Plano Diretor e o papel destas duas pessoas, leia a excelente matéria “Revisão do Plano Diretor de Florianópolis avança em meio a denúncias de conflito de interesses e ameaças”, publicada no Cotidiano UFSC, e que rendeu um processo contra a estudante de Jornalismo que o escreveu.

Aliator também estará presente, no painel sobre sustentabilidade, para falar sobre a “Proposta para o Mangue do Itacorubi”, manguezal que engloba a Ponta do Coral, Ponta do Goulart e Ponta do Lessa, territórios que fazem parte do projeto do Parque Cultural das 3 Pontas, defendido pelo Movimento Ponta do Coral 100% Pública, que começou há 44 anos.

Além dos participantes, algumas incoerências no formato e espaço chamam a atenção: 

  • Som alto em um Jardim Botânico (que proíbe som alto)
  • Acesso restrito no espaço público
  • Censura a manifestações ‘políticas’ (em um espaço que discute a cidade?)
  • Cerceamento da liberdade de expressão
  • Não pode entrar com panfletos ou cartazes com mensagens não autorizadas (Ora, e quais mensagens podem estar em cartazes e panfletos?  Quem são esses organizadores para dizerem que alguém não pode ir com um cartaz em um evento, em lugar público, que discute o meio ambiente, a cultura, as políticas sociais da cidade?)

Não surpreende este ambiente fortemente controlado, quando o objetivo principal é endossar a agenda empresarial dos organizadores.

Convidamos os diferentes grupos culturais e artísticos, que tem participação prevista no evento, para refletirem sobre a qual projeto de cidade estão servindo. Provocamos, também, as organizações comunitárias e movimentos sociais a se mobilizarem neste debate conjunto sobre o rumo da cidade, que vem sendo ocupado de forma melindrosa pela organização Floripa Amanhã, que está cooptando pautas tão caras para os nossos coletivos. Sem formularmos em conjunto estratégias comuns de enfrentamento, Floripa amanhã estará totalmente entregue aos projetos neoliberais e ecocidas.

Movimento Ponta do Coral 100% Pública

Localização e público-alvo do Projeto Parque Urbano e Marina Beira Mar revelam foco na alta renda

Por Lino Peres, arquiteto urbanista, publicado originalmente no site do autor.

Estive dia 24/10 na Assembleia Legislativa de Santa Catarina para acompanhar a apresentação do Estudo e do Relatório de Impacto Ambiental da Marina projetada na Beira-mar Norte. Minha avaliação engloba seis pontos e leva em conta o fato de que o transporte marítimo é fundamental na região para complementar o sistema geral de mobilidade urbana metropolitana e se trata de uma demanda de décadas, para além da necessária construção de marina em cidade marítima, mas é preciso considerar algumas questões.

1 – O primeiro aspecto a destacar é que a audiência sobre o empreendimento na Câmara de Vereadores de Florianópolis foi realizada há seis anos e, passado esse tempo, a audiência de 24/10 não deu conta de tirar as dúvidas sobre a marina projetada, que terá provavelmente grande impacto ambiental e urbanístico. Em 2016, foram realizadas duas audiências (uma na Câmara Municipal e outra no TCE), ambas com pouca divulgação de informações e de estudos prévios técnicos, com debate raso sobre as implicações ambientais do empreendimento, contestadas à época também por pescadores.

2 – O segundo aspecto é que grande parte dos participantes da última audiência, principalmente técnicos e acadêmicos, não ficaram convencidas de que a localização do empreendimento é a mais adequada. A justificativa apresentada pela empresa contratada para os estudos ambientais foi pouco aprofundada e sem apresentar dados concretos. É preciso que os critérios de localização da Marina na Beira-mar Norte sejam explicitados com estudo comparado de outros locais, como nos Aterros da Baía Sul e Via Expressa Sul ou próximo à ponte Hercílio Luz, como foi aventado na gestão do prefeito Cesar Souza Júnior.

Não se trata de negar marinas, cuja necessidade é debatida há décadas, mas a questão está na localização e nos impactos dela derivados. São muitas marinas na orla insular e continental, mas sem um plano integrado náutico, divorciado do Projeto Orla e do GERCO (Gerenciamento Costeiro), ambos abandonados e com problema de continuidade, que planejariam o uso da orla catarinense e suas bordas d´água. Tanto a Marina do Porto da Barra, interrompida por um processo de mobilização social, técnica e acadêmica, junto ao Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), como a Marina a ser localizada na Beira-mar Norte nascem de uma escolha de local com grandes problemas ambientais ou urbanos, conforme iremos assinalar ao longo do presente artigo.

A justificativa é que o empreendimento entregará à cidade 123 mil m2, sobre o total de 350 mil m2 da Marina, de área pública de lazer, além das vagas para 621 embarcações privadas de 20 a 120 pés e 10% de vagas de marina e vagas para 300 veículos. Nesse sentido, chamo a atenção para o fato de a menos de 1 Km da Beira-mar Norte existir o Aterro da Baía Sul, há muito tempo abandonado, com uso fragmentado e várias áreas ociosas, além do Aterro da Via Expressa Sul, no Saco dos Limões, que é o maior aterro do município e onde há projeto de área de lazer até hoje não desenvolvido e que corre o risco de ser privatizado por processo de leilão pelo atual governo federal.

Mencionei na audiência o concurso de projeto de porto e área público-privada para o Aterro da Baía Sul, nos anos de 2002-2003, do qual fiz parte da equipe de coordenação. Ficou em primeiro lugar um projeto de alto custo que trazia o mar para o antigo perfil portuário e outro, em segundo lugar, que levava a cidade até o mar pelo Aterro. Para ambos, foram empreendidos recursos públicos na realização de concurso e debates. Aquela tentativa já era a segunda maior desde o belo projeto de Burle Marx para a enorme área pública e institucional que foi paulatinamente abandonado nos anos 1980 e 90. Ou seja, como assinalei na audiência, os governantes de plantão perderam por várias vezes a oportunidade de desenvolver um sistema viário de mobilidade urbana e metropolitana com marina pública e privada ao longo desses 40 anos!

Isso revela incompetência pública e privada ao não se implementar um projeto urbano que integre terra e mar, dando à cidade a insularidade que ela merece desde sua fundação, com o devido transporte marítimo que contemple principalmente marinas públicas. E, agora, aparece essa Marina na Beira-mar voltada a um público restrito, em uma região que já é de alta renda, com alto custo e investimento privado, mas com participação e chancela pública, e onde já há gargalos viários evidentes. Portanto, o projeto é duplamente elitista e não contempla acúmulo de debates sobre as localizações acima mencionadas.

Há um patrimônio de ideias e projetos acadêmicos e técnicos para o centro da cidade incluindo os seus dois aterros, para os quais foram investidos vultosos recursos públicos, com endividamento por décadas. Aterros que têm a centralidade tão sonhada por muitas cidades, e, para citar alguns no Brasil, menciono os Aterros do Flamengo, no Rio de Janeiro, e o Parque Marinha do Brasil, em Porto Alegre, que foram incorporados à cidade e apropriados pela população com ampla acessibilidade. Mas, por aqui, os setores governantes e setores econômicos a eles ligados abandonaram um projeto público amplo para a cidade no Aterro da Baía Sul, que foi integrando-se à cidade antiga e à vida urbana e por onde a população circula cotidianamente. Nesse sentido, a Marina na Beira-mar deixa a nu as reais intenções dos grupos dominantes locais: um projeto gigantesco em local já elitizado há décadas, enquanto o Centro Histórico da capital, por onde passa a maioria do povo, continua abandonado e sem projeto relevante e à altura de sua natureza social.  

3 – O terceiro ponto é que a audiência pública foi chamada de apresentação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do empreendimento, mas boa parte da explanação e das falas e comentários dos presentes fugiram do tema central, que seria uma avaliação ambiental do projeto e da obra. Foi, de fato, uma audiência focada nos aspectos turísticos e econômicos do empreendimento, transformando-se em audiência de negócio, como chamou a atenção o vereador Afrânio Boppré, com suas vantagens, em vez de prioritariamente abordar os impactos ambientais, urbanísticos (principalmente viários) e sociais.

O que se tem verificado ao longo dos anos em Florianópolis é que os grupos dominantes volta e meia aparecem com esses projetos impactantes, como foi a Marina do Porto da Barra; o projeto da Ponta do Coral; o projeto de um gigantesco aterro na Beira-mar continental no início dos anos 2000, na gestão do governador Raimundo Colombo, o projeto do teleférico em Florianópolis que atenderia mais o turismo e menos a população dos morros e tantos outros sem estudos estruturantes e globais para o município e a região metropolitana. Plantadas as ideias, começam a providenciar Estudos de Impacto Ambiental e de Vizinhança, mas a partir de um projeto imposto e buscando também impor um consenso de aprovação.  Promovem e gastam recursos públicos e privados em projetos e depois os apresentam à sociedade com o recorrente e genérico discurso de geração de emprego, fomento ao turismo com atração de divisas etc, sendo que os impactos decorrentes reduzem-se à mitigação do que for construído.

4 – Um quarto ponto é o discurso dominante de que a Marina da Beira-mar terá investimento privado sem recursos ou custos para o setor público. Isso não é verdade porque os impactos ambientais e as soluções para mitigá-los implicam participação também do setor público, principalmente aqueles impactos de ordem difusa e geral, na cidade como um todo, além dos impactos das obras em um período de três anos, que o EIA aponta, aqueles que vão surgir a longo prazo. Lembramos que o Tribunal de Contas do Estado (TCE-SC) está analisando esse empreendimento do ponto de vista contratual e de custos, cujo parecer técnico está em andamento, tendo em vista que já fez várias recomendações que devem ser observadas pelo empreendedor e pela Prefeitura.

5 – Um quinto ponto é a que acadêmicos presentes na audiência questionaram a falta de estudos sobre os impactos, na biota marinha, do empreendimento, e o acúmulo de poluentes e patógenos diversos, além de aspectos estruturantes como as mudanças climáticas e acidificação do oceano.  Veja mais em https://noticias.ufsc.br/2022/11/programa-da-ufsc-sugere-aperfeicoamento-do-relatorio-de-impacto-ambiental-da-marina-da-beira-mar/

Chama a atenção também o dado apresentado de que não haverá maiores impactos sobre os ecossistemas vizinhos à Beira-mar Norte, como a Reserva Extrativista do Pirajubaé e as três Pontas (Goulart, Coral e Lessa), assim como as diversas Unidades de Conservação compreendidas entre a Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca e a Reserva Biológica do Arvoredo. Os pescadores, cuja associação esteve presente na audiência, se manifestaram muito preocupados com os impactos na pesca artesanal e fizeram várias perguntas e reclamaram de que não foram suficientemente respondidas pelo empreendedor na audiência. As três pontas citadas são a embocadura de um dos maiores manguezais urbanos do país e que se constituem em uma espécie de berçário marinho. O EIA não analisa a relação do empreendimento com essa região ambientalmente delicada. Afirma, sim, que haverá impactos fortes durante a operação da obra pela dragagem necessária, estimando um período de três anos, sendo que depois e ao longo do tempo iriam diluindo-se os impactos gerados. No entanto, tais afirmações não foram apresentadas com dados consistentes.  

O próprio Ministério Público Federal (MPF) já havia manifestado nos anos de 2012 e 2013 posição de restrição quanto ao impacto ambiental e de mobilidade do empreendimento do hotel de 22 andares na Ponta do Coral, cuja dimensão era bem menor que a Marina agora em questão e que exigiria estudos ambientais e urbanísticos muito mais profundos.

6 – O sexto e último aspecto é que, de um modo geral, os Estudos e Relatórios de Impacto Ambiental e de Vizinhança acabam entrando em um círculo vicioso de auto-aprovação e afirmação, porque são bancados pelo empreendedor e para o empreendedor, tornando o empreendimento em questão sempre viável, não deixando opção à população de debater outras alternativas, porque os recursos privados ou do empreendedor são destinados à contratação da empresa ou organização que fará os estudos, ficando ao setor público a atribuição de trabalhar com as informações vindas da empresa contratada pelo empreendedor. Ainda que não caiba aprofundar a questão, mais uma vez, o EIA afirma e projeta o empreendimento da Marina sem manter distância técnica e científica adequada, indicando, no máximo, ações mitigatórias posteriores à aprovação e implementação do projeto e obra. Está na hora de se promoverem estudos de forma independente do empreendedor, mas com os recursos dele.  Esses estudos independentes deveriam mostrar outras realidades ou outros aspectos, inclusive levantados pela sociedade organizada e técnica, para além dos grupos econômicos que desfrutarão do empreendimento, focando na função social da obra para a cidade como um todo.

É preciso sair desse ciclo vicioso de grupos hegemônicos pautarem a prefeitura e a cidade, com a sociedade organizada e os movimentos tendo que empreender esforços de análise crítica, quase sempre de forma reativa e sem tempo e sem recursos para desenvolver estudos alternativos à proposta apresentada.  Na verdade, a cidade, em seu processo de planejamento de projetos e obras, deveria ser pensada a partir de seu plano diretor e de um projeto de desenvolvimento estruturante a longo prazo e de forma verdadeiramente participativa e pública. Ou seja, pensar os projetos com base nas prioridades apontadas pelo conjunto da população.

O DISCURSO SOBRE “OS CONTRA”

Como acontece desde os anos 1980, as pessoas e movimentos que estavam na Audiência avaliando o projeto com olhar crítico e expondo dúvidas foram chamadas novamente de “os do contra” ou “os contra a cidade”. Ou seja, toda vez que projetos dessa magnitude econômica e de grande escala são apresentados à cidade, a estratégia é sempre de tentar calar, desqualificar ou controlar vozes discordantes ou que contestem o método de apresentação de projetos sem debate amplo com a sociedade, impostos de cima para baixo.

Por último, foi lamentável a quase mudez do Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA). Ainda que seja o órgão responsável por analisar e emitir parecer técnico sobre os estudos apresentados, coordenou a audiência em uma posição passiva, sendo que, no encerramento da audiência, a representação do Instituto afirmou que todo empreendimento é bem-vindo, sendo que os estudos e restrições a serem atendidos não deveriam ser empecilhos para o desenvolvimento. Perguntamos: onde está a distância que um órgão ambiental de governo deve manter? E os princípios de moralidade, transparência e isenção públicas para o papel fundamental de controle?

Estaremos atentos aos desdobramentos desse tema tendo em vista os seis aspectos assinalados e muitos outros que estão em debate.

Comcap: entidades de todo o país se manifestam em apoio aos trabalhadores e trabalhadoras!

O Movimento da Ponta do Coral 100% Pública apoia a moção abaixo, publicada no site do Sintrasem.

Nesse momento de grave ataque ao serviço público em todos os níveis, resistência dos trabalhadores da Comcap é um grande exemplo de luta para a classe trabalhadora

Quase 150 entidades de todo o país, entre sindicatos, associações, movimentos populares, confederações, centrais sindicais e outras, além de vereadores e deputados, já enviaram moções de apoio e solidariedade aos trabalhadores da Comcap em greve.

Faz parte da história política de Gean Loureiro o uso do poder público para defender seus próprios interesses privados. Agora, o prefeito tem sangue nas mãos: correram por todo o Brasil as imagens da Polícia Militar e da Guarda Municipal de Florianópolis agredindo brutalmente os trabalhadores.

Nesse momento de grave ataque ao serviço público em todos os níveis, a resistência dos trabalhadores da Comcap é um grande exemplo de luta para a classe trabalhadora.

Participe também dessa luta, apoie os trabalhadores e a defesa da Comcap 100% Pública! Publique seu apoio nas redes sociais e marque o Sintrasem, e envie sua moção para sintrasem@sintrasem.org.br

CONFIRA A LISTA COMPLETA:

Atualização às 10h do dia 24 de setembro

Afronte! Santa Catarina

Assentamento Comuna

Amarildo de Souza

Associação de Moradores da Lagoa do Peri – ASMOPE

Associação de Moradores Das Areias , Campeche – Fpolis – AMAREIAS

Associação de Moradores do Campeche – Fpolis – AMOCAM

Associação de Moradores do Loteamento Santos Dumont – Carianos – Fpolis -AMOSAD

Associação de Moradores do Porto da Lagoa – Fpolis – AMPOLA

Associação de Moradores do Sol Nascente – Saco Grande – Fpolis – AMSOL

Associação dos Moradores da Servidão Farias – Maciço Morro da Cruz – Fpolis – AMOSF

Associação dos Moradores e Amigos da Praia do Matadeiro – Fpolis- AMAPRAM

Associação dos pós graduandos da UFSC

Associação dos Professores da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC – APRUDESC

Associação dos Professores da Universidade Federal de SC – UFSC – APUFSC

Associação Força de Marias – Serrinha Morro da Cruz

Associação Rádio Comunitária Campeche – ARCCA

BR Cidades SC

Brigadas Populares

Caminhada Antiproibicionista

Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – Grande Florianópolis – CTB

Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil -SC – CTB

Central Sindical e Popular Conlutas SC – CSP

Central Única dos Trabalhadores SC – CUT

Central Única dos Trabalhadores SP – CUT

Centro Acadêmico Livre de História – UDESC – CALHI

Centro Acadêmico Livre de História da UFSC – CALH UFSC

Centro Acadêmico Livre de Serviço Social – UFSC – CALISS

Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro – CFCAM

Coletivo Lula Presidente

Coletivo Tecendo Redes

Coletivo Tenda da Democracia Florianópolis

Coletivo Unidade Nas Lutas

Coletivo Unidade nas Lutas – Palhoça

Comitê Lula Livre Santa Catarina

Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal – CONFETAM

Cooperativa Comunicacional Sul – Portal Desacato

Deputado Adrianinho – PT

Diretório Central dos Estudantes Antonieta de Barros – UDESC

Diretório Central dos Estuddantes Luís Travassos – UFSC

Ecotrabalhismo

Federação dos Moradores do Estado de SC – FAMESC

Federação dos Trabalhadores da Administração e dos Serviços Públicos SP – FETAM

Federação dos trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado de Santa Catarina – FETESSESC

Federação dos Trabalhadores Municipais SC – FETRAM

Federação dos Trabalhadores no Comércio no Estado de SC – FECESC

Fórum da Cidade de Florianópolis – FC

Fórum de Mudanças climáticas e justiça socioambiental

Fórum Estadual Popular de Educação – FEPE

Frente da Juventude Negra Anticapitalista – FREJUNA

Instituto Arco-íris de Direitos Humanos

INTERSINDICAL Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora – SC

Juventude Comunista Avançando – JCA

Juventude do PT Florianópolis – JPT

Juventude do PT SC – JPT

Juventude e Revolução – PT – JR

Juventude Socialista Brasileira PSB SC – JSB

Juventude Socialista do Partido Democrático Trabalhista – PDT

Levante Popular da Juventude

Mandato Vereadora Carla Ayres PT-Florianópolis

Manifesta/SC

Marcha da Maconha de Florianópolis

Marcha Mundial das Mulheres

Movimento Acredito SC

Movimento Bem Viver

Movimento das Mulheres Camponesas – MMC

Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST

Movimento Esquerda Socialista MES

Movimento Nacional de Direitos Humanos

Movimento Nacional de Luta pela Moradia – MNLM

Movimento Ponta do Coral 100% Pública

Movimento Popular Socialista – Florianópolis – MPS

Movimento SOS Campeche Praia Limpa

Movimento SOS Mata Nativa Córrego Grande

MPA – Movimento dos Pequenos Agricultores

Ocupação Marielle Franco – Maciço Morro da Cruz – Florianópolis

Partido Comunista Brasileiro – PCB

Partido Comunista Brasileiro – PCB SC

Partido Comunista do Brasil – PCdoB SC

Partido Comunista do Brasil – PCdoB – Criciúma

Partido Comunista do Brasil – PCdoB – Florianópolis

Partido Democrático Trabalhista – PDT Florianópolis

Partido dos Trabalhadores – PT Biguaçu

Partido dos Trabalhadores – PT Florianópolis

Partido dos Trabalhadores – PT São José

Partido dos Trabalhadores- PT SC

Partido Socialismo e Liberdade- PSOL Biguaçu

Partido Socialismo e Liberdade- PSOL Florianópolis

Partido Socialista Brasileiro – PSB Florianópolis

Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado – PSTU

Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado – PSTU SC

Programa de Educação Tutorial em Geografia – PET UDESC

RdTv Floripa Sul da Ilha

Rede Sustentabilidade SC

Resistência PSOL – SC

Sindicato Arquitetos e Urbanistas do Estado de SC – SASC

Sindicato do/as Trabalhadores/as em Água, Esgoto e Meio Ambiente de SC – SINTAEMA

Sindicato dos Bancários de Chapecó e Região

Sindicato dos Bancários de Florianópolis e Região – SINTRAFI

Sindicato dos Eletricitários de Florianópolis e Região – SINERGIA

Sindicato dos Empregados no Comércio de Florianópolis – SEC

Sindicato dos Empregados no Comércio e Em Empresas de Serviços Contábeis de Joaçaba

Sindicato dos farmacêuticos no Estado de SC – SINDFAR

Sindicato dos Metalúrgicos de Joinville

Sindicato dos Odontologistas do Estado de SC -SOESC

Sindicato dos Servidores da Assembléia Legislativa do Estado de SC – SINDALESC

Sindicato dos Servidores do Ministério Público – SIMPE

Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Estado de SC -SINJUSC

Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo – SINSEP

Sindicato dos Servidores Municipais de Diadema SP

Sindicato dos Servidores Públicos de Palhoça – SITRAMP

Sindicato dos Servidores Públicos de Rio do Sul e Região – SINSPURS

Sindicato dos Servidores públicos municipais da região da foz do Itajaí – SINDIFOZ

Sindicato dos Servidores Públicos Municipais dde Balneário Barra do Sul – SINDBARRA

Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Jaraguá do Sul e Região – SINSEP

Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Joinville -SINSEJ

Sindicato dos Técnicos da UDESC – bSINTUDESC

Sindicato dos Trabalhadores na Industria de Energia Elétrica de Florianópolis e Região – SINERGIA

Sindicato dos Trabalhadores da Prefeitura de Biguaçu – SINTRAMUBI

Sindicato dos Trabalhadores da Saúde SC – SINDSAÚDE

Sindicato dos Trabalhadores da UFSC – SINTUFSC

Sindicato dos Trabalhadores em Educação de SC – SINTE Regional São José

Sindicato dos Trabalhadores em Educação de SC – SINTE SC

Sindicato dos Trabalhadores em Educação de SC – SINTE Regional Florianópolis

Sindicato dos Trabalhadores na Empresa de Correios e Telégrafos e Similares de SC – SINTECT

Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público de São José – SINTRAM

Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Estadual de SC – SINTESPE

Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Criciúma e Região – SISERP CRR

Sindicato dos trabalhadores no Serviço Público Municipal de Forquilhinhas – SINSERF

Sindicato dos Trabalhadores Serviço Público Federal SC – SINTRAFESC

Sindicato Nacional dos Analistas Tributários da Receita Federal – SC – SINDIRECEITA

Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior- Regional SUL- ANDES

Sindicato Único dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Blumenau – SINTRASEB

SOS Campeche Praia Limpa.

Subverta

Tecendo Redes – ambientalistas SC

Tenda da Democracia Fpolis.

União Brasileira de Mulheres – UBM Floripa

União da Juventude Socialista – UJS

União da Juventude Socialista SC – UJC

União de Negros pela Igualdade SC – UNEGRO

União Florianopolitana de Entidades Comunitárias – UFECO

Unidade Classista/SC

Unidade Comunista Brasileira – UCB

Unidade Popular e Sindical -UPS

Via Campesina – Brigada Gina Couto

8M

Carta – por um litoral de todos os Catarinenses

O Movimento Ponta do Coral 100% Pública é signatário da carta abaixo. Esta é uma pauta muito importante para o futuro de nosso litoral, da vida marinha e das vidas de tod@s nós.

O documento pode ser assinado neste formulário.



No próximo dia 7 de outubro, está previsto MAIS UM LEILÃO da ANP – Agência Nacional de Petróleo (ANP), a 17ª Rodada, colocando à venda 92 Blocos Marítimos, para exploração de petróleo e gás, distribuídos de norte a sul do Brasil. Santa Catarina está no foco desse debate, pois boa parte dos blocos está em área que irão afetar sobremaneira o litoral catarinense, as Bacias de Santos e de Pelotas.

O processo conduzido pela ANP até agora ignorou a necessidade de realização de audiências públicas para se apresentar a proposta e de se debater riscos e alternativas. O processo foi conduzido sem as fundamentais avaliações da vulnerabilidade ambiental da região sob influência do processo de exploração. Em conjunto estes argumentos já seriam suficientes para que o leilão fosse cancelado ou no mínimo adiado.

Aqueles que são signatários dessa nota reforçam a necessidade de cancelamento desse leilão considerando os seguintes pontos adicionais:

1)As áreas que estão incluídas nesse Leilão, em especial as de Santa Catarina, NUNCA antes foram incluídas em qualquer processo de exploração e, portanto, N O foram objetos de estudos de impactos ambientais, econômicos e sociais da exploração de Petróleo e Gás.

2)A Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS) não foi feita previamente, conforme a legislação prescreve, sendo substituída por uma portaria do Ministério de Minas e Energia e do Ministério do Meio Ambiente de valor jurídico questionável.

3)Nas áreas a serem leiloadas, assim como nas áreas costeiras de influência, temos ecossistemas vulneráveis, unidades de conservação (como reservas e parques naturais), áreas indígenas e quilombolas, florestas submersas cuja fisionomia é determinada por corais e algas, rotas de migração e de reprodução de espécies, sendo muitas ameaçadas de extinção.

4)A toxicidade de vazamentos crônicos operacionais e resultado de eventuais acidentes pode resultar em prejuízos à pesca artesanal e industrial, comprometendo o sustento de mais de 300 mil profissionais do mar.

5)As condições severas do clima e da hidrodinâmica da região Sul, onde se observam as maiores ondas e ventos mais fortes de nosso litoral, tornam elevadíssimos os riscos de desastres ambientais resultado de vazamentos.

6)A toxicidade do petróleo e de seus constituintes para o ambiente e para o ser humano é alta e não existem limites seguros para a exposição a estes contaminantes

7)Eventuais comprometimentos ambientais podem por em risco atividades como o turismo e a maricultura, além da já mencionada pesca.

8)O atual modelo de exploração entrega o patrimônio nacional na mão de petroleiras estrangeiras em sua maioria, deixando efêmeros benefícios econômicos e todos os prejuízos socioambientais que pode ser duradouros!

9)A ausência de obrigatoriedade de compra de equipamentos e serviços brasileiros, fim da obrigatoriedade do conteúdo nacional, compromete ainda mais a eventual possibilidade de que vantagens econômicas do processo pudessem ser capitalizadas pelo setor produtivo nacional.

10)A política de expansão da exploração e consumo de combustíveis fósseis contraria os acordos internacionais e os compromissos já assumidos pelo Brasil, em convenções como o Acordo de Paris no âmbito das Nações Unidas, bem como convenções sobre diversidade biológica.

11)No atual contexto de agravamento das mudanças climáticas, é mandatória a busca por fontes energéticas alternativas e não poluentes, que possam ser a base de uma economia regenerativa e distributiva, a fim de promover a justiça socioambiental.

Com base nessas razões, os signatários desta nota reforçam que o litoral é um patrimônio de todos os catarinenses e solicitam o cancelamento da 17ª rodada.

Vídeo do ato Tecendo Redes: contra a venda da cidade e pela preservação da magia da ilha

Dia 30 de Julho, em uma sexta-feira ensolarada de inverno, a catedral da cidade de Florianópolis virou palco para uma manifestação de denúncia da destruição ambiental que tem se intensificado no último ano, em uma “cidade à venda” (para quem pode pagar).

O ato se encerrou com um leilão, onde, através de uma encenação, os pedaços da cidade foram vendidos para pessoas da plateia, que assumiam o papel dos “amigos do rei”, grandes empresários com dinheiro para comprar a cidade. Cada pedaço vendido pelos leiloeiros era depositado em um caixão, anunciando os danos causados aos ecossistemas e os prejuízos deixados para a população. Aos poucos, a morte da magia da ilha ia se desnudando no mapa, mostrando o triste futuro que nos aguarda, caso não exista mobilização para mudar radicalmente os rumos destas políticas urbanas que exploram nossas capacidades naturais para benefícios de poucos e nos deixam com o “bagaço”.

Esta foi a primeira atividade construída pelos movimentos que se unem em torno das causas socioambientais, no Tecendo Redes. Que este ato seja a semente para que mais lutas socioambientais germinem pelo território.

Não se renda, enrede-se!

Conheça o Tecendo Redes: https://abre.ai/tecendoredesc