#FAIL | Tecnologia e Política, de 27/9 a 01/10

Começa hoje o Simpósio #FAIL | TECNOLOGIA E POLÍTICA: pensar e fazer mundos a partir de suas falhas e ruínas.


Habitar as falhas: essa é a provocação e o convite lançados nesse encontro. Explorar o domínio da falha como lócus privilegiado para o entendimento do nosso tempo, assim como para sua urgente reimaginação e reconstrução num momento histórico que acumula uma sobreposição de panes: a falha da promessa tecnológica e o crescente poder extrativo das plataformas digitais; a falha da democracia e a ascensão dos neototalitarismos; a falha ambiental e o novo regime climático; a falha epistemológica e o colapso dos regimes modernos de verdade; a falha econômica e as ruínas do neoliberalismo. E, por fim, a “falha das falhas” materializada na pandemia de COVID-19.

A irrupção de falhas, panes e erros revelam uma série de agentes, controvérsias e disputas que se mantêm silenciadas e opacas em situações de “normalidade”. As falhas podem ser ainda uma ocasião para contestações e renegociações de processos que, em situação de estabilidade, pareceriam inevitáveis.

De que modo todas essas falhas nos interpelam? Sabemos que não adianta chamar os técnicos e experts para consertar. Não vai passar. Não passarão!

Apesar do iminente esgotamento da terra, do avanço da lógica extrativista sobre os diversos domínios da vida e do sufocamento das políticas do comum, resiste entre nós uma inquietação criativa. No Sul Global, onde o bom funcionamento dos aparatos técnicos e os projetos igualitários de convivência sempre foram exceção e não regra, sobreviveram imaginários e práticas capazes de criar brechas nas ruínas. São frutos não apenas da precariedade, mas uma insistente inventividade.

Habitar a falha é situar-se na pausa que ela impõe, nos desarranjos que ela instaura e — sem ignorar suas ambiguidades e armadilhas — tomá-la como ocasião para novas composições e negociações. Habitar a falha é “permanecer com o problema” (Haraway) e “ocupar as ruínas”, no sentido que Anna Tsing propõe: “dedicar-se ao trabalho de viver juntos, mesmo onde as probabilidades estejam contra nós”.

Tarefa coletiva e mais que humana.

Veja a Programação.

[União da Vitória] Conversa sobre Tecnopolítica no IFPR

Hoje à noite estaremos iniciando uma conversa sobre tecnopolítica no Instituto Federal do Paraná. A conversa será com alunxs do ensino médio técnico, das áreas de robótica, programação, eletrônica e redes.  Nosso objetivo com essa conversa é trabalhar conceitos relacionados à tecnologia e à política, buscando evidenciar os aspectos políticos que estão codificados estruturalmente nas tecnologias que utilizamos diariamente. Contrário ao senso-comum, até mesmo as tecnologias mais rudimentares carregam uma função e um objetivo intrínsico em seu desenho. Essa afirmação é levada a níveis extremos com as tecnologias contemporâneas; nossos perfis online seguem interagindo com pessoas e máquinas muito depois do log out e uma resposta de um captcha auxilia no desenvolvimento de inteligência artificial para drones de combate.

 

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