Escolhendo Softwares mais Seguros

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Existe uma infinidade de opções na hora de escolher qual software ou serviço utilizar para lidar com necessidades simples como receber e gerenciar emails ou se conectar com nossxs amigxs. Porém, muitos dos softwares populares ignoram sua privacidade ao vender seus dados para qualquer empresa disposta a comprá-los. Alguns serviços vão ainda mais longe e hospedam seus dados diretamente em servidores de agências de espionagem e repressão como a NSA, a CIA e a GCHQ. Essa violação absurda do direito à privacidade faz parte de um programa do governo dos EUA chamado Prism, e veio a tona através dos documentos vazados por Edward Snowden.

No entanto, existem muitos serviços menos conhecidos que estão comprometidos com a privacidade e a segurança dos dados de seus usuárixs. São serviços baseados em software com código aberto e desenvolvidos por uma comunidade engajada em lutar pela internet livre. Para facilitar o acesso a esse tipo de software e promover o uso dessas ferramentas, existem dois sites que reúnem uma lista delas. Esses sites comparam os serviços proprietários e espiões com serviços similares, porém livres. Fica fácil trocar para software livre ao invés de utilizar programas que vendem seus dados e os compartilham com agências espiãs. Dê uma olhada nessas listas e mude para opções mais seguras.

Privacy Tools

Prism Break

[Livro] A Internet Como uma Nova Cerca e Outros Textos

Talvez você já tenha lido sobre o programa Prism, através do qual a Agência de Segurança Nacional dos E.U.A. (NSA) tem coletados dados da Microsoft, Google, Facebook, Apple e outras grandes corporações da Internet.

Lembre-se que esta é apenas a ponta do iceberg. Não temos como saber quantos projetos similares estão enterrados mais profundamente no aparato do estado de vigilância (e em cada país), que não foram revelados por ousados delatores. Nós sabemos que todo dia a NSA intercepta bilhões de e-mails, ligações telefônicas e outras formas de comunicação. E o que eles podem monitorar, eles podem censurar, ao estilo China ou Mubarak.

Muitas pessoas têm promovido a internet como uma oportunidade para criar novos bens comuns, recursos que podem ser compartilhados ao invés de posse privada. Mas face ao poder cada vez maior do Estado e das corporações sobre as estruturas através das quais interagimos online, temos que considerar a possibilidade distópica de que a internet representa uma nova cerca ao bens comuns: a canalização da comunicação em formatos que podem ser mapeados, patrulhados e controlados.

Um dos eventos que serviu de base para a transição ao capitalismo foi o cercamento dos bens comuns, através do qual a terra que antes era usada livremente por todas as pessoas foi tomada e transformada em propriedade privada. De fato, este processo repetiu-se diversas vezes ao longo do desenvolvimento do capitalismo.

Parece que não conseguimos reconhecer os “bens comuns” a menos que estejam ameaçados com o cercamento. Ninguém pensa na canção “Parabéns Pra Você” como um bem comum, pois a Time Warner (que alega possuir os direitos autorais) não teve sucesso em lucrar com toda a cantoria em festinhas de aniversário. Originalmente, camponeses e povos indígenas também não viam a terra como propriedade em comum — pelo contrário, eles consideravam absurda a ideia de que a terra poderia ser propriedade de alguém.

Seria igualmente difícil, há apenas algumas gerações atrás, imaginar que um dia se tornaria possível exibir anúncios publicitários para as pessoas sempre que elas conversassem juntas, ou mapear seus gostos e relações sociais num piscar de olhos, ou acompanhar suas linhas de raciocínio em tempos real ao monitorar suas buscas no Google.

Sempre tivemos redes sociais, mas ninguém podia usá-las para vender anúncios — nem elas eram tão facilmente mapeadas. Agora, elas ressurgem como algo que nos é oferecido por corporações, algo externo a nós e que precisamos consultar. Aspectos de nossas vidas que antes nunca poderiam ter sido privatizados agora estão praticamente inacessíveis sem os últimos produtos da Apple. A computação em nuvem e a vigilância governamental onipresente somente enfatizam a nossa dependência e vulnerabilidade.

Ao invés de ser a vanguarda do inevitável progresso da liberdade, a internet é o mais novo campo de batalha de uma disputa secular com aqueles que querem privatizar e dominar não apenas a terra, mas também todos os aspectos do nosso ser. O ônus da prova de que a internet ainda oferece uma fronteira para que liberdade avance está sobre aquelas pessoas que têm a esperança de defendê-la. Ao longo desta luta, pode se tornar claro que a liberdade digital, como todas as formas importantes de liberdade, não é compatível com o capitalismo e o Estado.

Baixe aqui o livreto com esse texto além de “O Capitalismo Digital, a Economia da Atenção e o Estado de Vigilância” e “Desertando a Utopia Digital: Computadores contra a computação”. Todos esses textos foram escritos pelo coletivo CrimethInc. e recentemente traduzidos para o português. Os três textos trazem uma análise da transformação pela qual a internet está passando, uma mudança agressiva em direção à uma rede totalmente vigiada e privatizada.

[livro] Hybrid Wars

PDF do livro em inglês.

Tradução do início da Introdução:

“A excelência suprema consiste em quebrar a resistência do inimigo
sem lutar.” – Sun Tzu

Há dois mil anos atrás, o estrategista militar chinês Sun Tzu percebeu que a guerra indireta é uma das formas mais eficientes de combater um inimigo. Ela permite derrotar um adversário sem engajar-se diretamente com ele, salvando assim os recursos que teriam sido gastos num confronto direto. Atacar um inimigo indiretamente pode também afundá-lo e colocá-lo na defensiva, tornando-o então vulnerável a outras formas de ataque. Ela também carrega consigo um custo adicional para o lado defensivo, já que o tempo e os recursos gastos lidando com o ataque indireto poderia ter sido melhor gastos em outras coisas. Além das vantagens táticas, existem também vantagens estratégicas. Talvez hajam certo impedimentos (com respeito a, por exemplo, alianças, paridade militar, etc.) que evitam que um lado lance hostilidades contra o outro. Nesse caso, a guerra indireta é a única opção para desestabilizar o outro.

Nos idas de hoje, armas de destruição em massa e o emergimento de um mundo multipolar colocar limites na confrontação direta entre Grandes Potências. Mesmo que os EUA continuem possuindo o mais forte poder militar convencional do mundo, a paridade nuclear que eles têm com a Rússia serve como um lembrete que a unipolaridade tem os seus limites. Adicionalmente, o sistema internacional está se transformando de tal forma que os custos políticos e físicos de empreender uma guerra convencional contra certos países (como China ou Irã) está se tornando muito mais que um fardo para os políticos estadunidenses, fazendo com que essa opção militar seja menos atrativa. Nessas circunstâncias, a guerra indireta adquire um grande valor no planejamento estratégico e sua aplicação pode tomar uma variedade de formas.

A guerra direta pode ter sido marcada, no passado, por bombardeiros e tanques, mas se o padrão que os EUA têm apresentado hoje na Síria e na Ucrânia serve de alguma indicação, então a guerra indireta, no futuro, será marcada por “manifestantes” e insurgentes. As quintas colunas serão formadas menos por agentes secretos e sabotadores disfarçados e mais por atores não estatais que publicamente se comportam como civis. As mídias sociais e tecnologias similares virão para substituir as munições guiadas de precisão como a capacidade de “ataque cirúrgico” do lado agressor, e as salas de bate-papo e páginas do Facebook se tornarão os novos “antros de militantes”. Ao invés de confrontar diretamente os alvos nos seus próprios territórios, conflitos por “procuração” serão empreendidos na vizinhança próxima para desestabilizar sua periferia. As ocupações tradicionais pode dar lugar para golpes de Estado e operações indiretas de mudança de regime que são mais custo-eficientes e menos politicamente sensíveis.

O livro foca na nova estratégia de guerra indireta que os EUA demonstraram durante as crises da Síria e da Ucrânia. Ambas situações deixaram muitos pensando se eles estavam vendo a exportação das Revoluções Coloridas para o Oriente Médio, a chegada da Primavera àraba na Europa, ou talvez algum tipo de Frankstein híbrido. É garantido que quando as ações dos EUA em ambos países são objetivamente comparadas, pode-se discernir um novo padrão de abordagem em direção à mudança de regimes. Esse modelo começa pelo emprego de uma revolução Colorida como uma tentativa suave de golpe de Estado, apenas para ser seguida de um duro golpe de Estado pela Guerra Não-Convencional, se o primeiro plano falha. Gurra Não-Convencional é definida neste livro como qualquer tipo de força não-convencional (como um corpo militar não-oficinal) engajada num combate largamente assimétrico contra um adversário tradicional. Tomadas juntas numa abordagem dupla, Revoluções Coloridas e Guerra Não-Convencional representam os dois componentes que formar a teoria da Guerra Híbrida, o novo método de guerra indireta sendo empreendido pelos EUA.

(No capítulo 2, temos várias informações sobre o uso da internet em geral e do Facebook em particular como ferramentas de guerra.)

turboCrypto, 24/8 19h30 no tarrafa

Quinta-feira, dia 24, às 19h30 no tarrafa teremos a
Oficina Prática turboCrypto: gpg + otr!

Serão duas horas sobre o melhor da criptografia, jamais superada pela humanidade e além-mundos. Veremos primeiramente como funciona a criptografia assimétrica, para logo em seguida instalar um cliente de email e a extensão Enigmail, que lida com o protocolo GPG [1]. Descobriremos onde está nossa chave privada (ela deve ser protegida e é de nossa e somente nossa responsabilidade cuidar dela) e como gerenciar as chaves públicas de nossos pares. Na sequência, entraremos no protocolo de bate-papo XMPP e aprenderemos a usar a camada de criptografia OTR (off-the-record) [2], que serviu de base para o Signal Protocol, hoje rodado por mais de 1 bilhão de pessoas pelo mundo afora. Ambas criptografia, GPG e OTR, são protocolos de código aberto e federados, ou seja, desde a primeira linha de código eles promovem a comunicação entre diferentes servidores (descentralização) além da própria liberdade na internet.

[1] https://gnupg.org/
[2] https://otr.cypherpunks.ca/

Quando as mulheres pararam de programar?

original em inglês
21 de outubro de 2014

 

A ciência da computação moderna é dominada por homens. Mas nem sempre foi assim.

Muitos dos pioneiros da computação – pessoas que programavam nos primeiros computadores digitais – foram mulheres. E por décadas, o número de mulheres que estavam na ciência da computação cresceu mais rápido do que o número de homens. Porém, em 1984, algo mudou. A porcentagem de mulheres nas ciências da computação estagnou e, em seguida, despencou, mesmo que a parcela de mulheres em outros campos técnicos e profissionais tenham continuado a subir.

 

O que aconteceu?

Passamos as últimas semanas tentando responder a essa questão e não encontramos uma resposta simples e clara.

Mas aqui está um bom ponto de partida. A parcela de mulheres nas ciências da computação começou a cair, grosso modo, ao mesmo tempo que os computadores pessoais começaram a aparecer em grandes quantidades nos lares dos Estados Unidos.

Esses primeiros computadores pessoais não eram muito mais do que brinquedos. Era possível jogar pong ou jogos simples de tiro, ou quem sabe processar textos. E esses brinquedos foram vendidos visando totalmente um mercado masculino.

A ideia de que computadores são para meninos tornou-se uma narrativa. Ela virou a história que contamos a nós mesmos sobre a revolução da computação. E ajudou a definir quem eram os geeks e criou a cultura techie.

Filmes como Wierd Science, Revenge of the Nerds e War Games vieram todos nos anos 1980. E o resumo de seus enredos são quase intercambiáveis: um garoto geek esquisito e gênio usa suas super habilidades técnicas para vencer as adversidades e ganhar a garota.

Nos anos 1990, a pesquisadora Jane Margolis entrevistou centenas de estudantes da ciência da computação na Universidade Carniege Mellon, a qual tinha um dos melhores programas de estudo dos EUA. Ela descobriu que as famílias eram muito mais propensas a comprar computadores para os garotos do que para as garotas – mesmo que elas tivessem um forte interesse em computadores.

Quando essas crianças foram para a universidade, isso foi crucial. À medida que os computadores pessoais se tornavam mais comuns, os professores de ciência da computação passaram cada vez mais a assumir que seus estudantes haviam crescido brincando com computadores em casa.

Patricia Ordóñez não tinha um computador em casa, mas ela era muito boa em matemática na escola.

“Minha professora percebeu que eu era muito boa em resolver problemas, então ela pegou eu e outro menino e nos ensinou matemática especial”, disse. “Estudávamos matemática ao invés de ir para o recreio!”.

Então, quando Ordóñez foi para a Universidade Johns Hopkins nos anos 1980, ela descobriu que estudaria ou ciência da computação ou engenharia elétrica. Assim, ela foi à sua primeira aula introdutória e descobriu que a maioria dos seus colegas masculinos estavam muito à frente dela porque haviam crescido brincando com computadores.

“Lembro-me de uma vez em que fiz uma pergunta e o professor parou, me olhou e disse ‘você já deveria saber disso a essa altura’”, lembra. “E então pensei que nunca conseguiria passar”.

Nos anos 1970, isso nunca teria acontecido. Os professores de aulas introdutórias assumiriam que seus estudantes não tinham nenhuma experiência. Mas nos anos 1980, o cenário havia mudado.

Ordóñez fez a matéria mas tirou o primeiro C da sua vida. Ela então desistiu do programa e se formou em línguas estrangeiras. Mais de uma década depois, voltou aos computadores. Encontrou um mentor e então conseguiu seu Ph.D. em ciência da computação. Agora ela é professora assistente dessa disciplina na Universidade de Porto Rico.

[Convocatória] Festival Digital Zapatista CompArte pela Humanidade

ARTE, RESISTÊNCIA e REBELDIA NA RED. Convocatória a edição cibernética do CompArte “Contra o Capital e seus muros, todas as artes” ARTE, RESISTÊNCIA E REBELDIA NA RED.

Convocatória a edição cibernética do CompArte  “Contra o Capital e seus muros, todas as artes”

Julho de 2017.

Companheiroas, companheiras e companheiros da Sexta:

Irmaoas, irmãs e irmãos artistas e não, do México e do mundo:

Avatares, nicknames, webmasters, bloguer@s, moderador@s, gamers, hackers, piratas, bucaneros e náufragos do streaming, usuari@s das redes antisociais, antípodas dos reality shows, ou como cada um prefira chamar red, a web, internet, ciberespaço, realidade virtual ou como seja:

Lhes convocamos, porque temos algumas perguntas que nos inquietam:

É possível outra internet, ou seja, outra rede?  Se pode lutar aí? Ou esse espaço sem geografia precisa, já está ocupado, copado, cooptado, atado, anulado, etceterado?  Não é possível haver aí resistência e rebeldia?  É possível fazer Arte na rede?  Como é essa Arte?  E pode rebelar-se?  Pode a Arte na rede resistir a tirania de códigos, passwords, o spam como buscador por default, os MMORPG das notícias nas redes sociais onde ganham a ignorância e a estupidez por milhões de likes?  A Arte em, por e para a rede banaliza a luta e a trivializa, ou a potência e escala, ou “nada a ver, meu bem, é arte, não célula militante”?  Pode a Arte na rede aranhar os muros do Capital e feri-lo com uma greta, ou afundar e perseverar nas que já existem?  Pode a Arte em, por e para a rede resistir não só a lógica do Capital, mas também a lógica da Arte “conhecida”, a “arte real”?  O virtual é também virtual nas suas criações?  É o bit a matéria prima da sua criação?  É criado por um ser individual?  Onde está o soberbo tribunal que, na Rede, dita o que é e o que não é Arte?  O Capital cataloga a Arte em, por y para a rede como ciberterrorismociberdelinquencia?  A Rede é um espaço de dominação, de domesticação, de hegemonia e homogeneidade?  Ou é um espaço em disputa, em luta? Podemos falar de um materialismo digital?

A realidade, real e virtual, é que sabemos pouco o nada de esse universo.  Mas cremos que, na geografia impalpável da rede, há também criação, arte.  E, claro, resistência e rebeldia.

Vocês que criam aí, Sabem da tormenta? a padecem? resistem? se rebelam?

Para tratar de encontrar algumas respostas, é que lhes convidamos a que participem… (íamos por “desde qualquer geografia”, mas achamos que na rede é onde talvez importa menos o lugar).

Bom, lhes convidamos a construir suas respostas, a construí-las, ou desconstruí-las, com arte criado em, por e para a rede.  Algumas categorias nas que se pode participar (com certeza há outras, e você já está pensando que a lista é curta, mas, já sabe, “falte o que falte”), seriam:

Animação; Apps; Arquivos e bases de dados; Bio-arte e arte-ciência; Ciberfeminismo; Cine interativo; Conhecimento coletivo; Cultural Jamming; Cyber-art; Documentários web; Economias + finanças experimentais; Eletrônica DIY, máquinas, robótica e drones, Escritura coletiva; Geo-localização; Gráfica e designe, Hacking criativo, graffiti digital, hacktivismo e borderhacking; Impressão 3D; Interatividade; Literatura electrónica e Hipertexto; Live cinema, VJ, cinema expandido; Machinima; Memes; Narrative media; Net.art; Net Áudio; Performance, dança e teatro midiáticos; Psico-geografias; Realidade alternativa; Realidade aumentada; Realidade virtual; Redes e Translocalidades colaborativas (desenho de comunidades, práticas translocales); Remix culture; Software art; Streaming; Tactical media; Telemática e telepresença; Urbanismo e comunidades online/offline; Videogames; Visualização; Blogs, Flogs e Vlogs; Webcomics; Web Series, Telenovelas para Internet, e isso que você acha que falta nesta lista.

Assim que bem-vind@s aquelas pessoas, coletivos, grupos, organizações, reais ou virtuais, que trabalhem desde zonas autônomas online, aqueles que utilizem plataformas cooperativas, open source, software livre, licenças alternativas de propriedade intelectual, e os etcéteras cibernéticos.

Bem-vinda toda participação de todoas, todas e todos os fazedores de cultura, independentemente das condições materiais das que trabalhem.

Lhes convidamos também para que distintos espaços e coletivos ao redor do mundo possam mostrar as obras em suas localidades, segundo seus próprios modos, formas, interesses e possibilidades.

Tem já em algum lugar do ciberespaço algo que dizer-nos, contar-nos, mostrar-nos, compartilhar-nos, convidar-nos a construir em coletivo? Nos mande seu link para ir construindo a sala de exibições em linha deste CompArte digital.

Não tem ainda um espaço onde carregar seu material?  Podemos proporcioná-lo, e na medida do possível arquivar seu material para que fique registrado a futuro.  Nesse caso necessitaríamos que nos deem um link, hospedagem cibernética ou coisa similar de sua preferência. Ou que nos mandem por email, ou o carregue em uma de nossos servidores ou ao FTP.

Ainda que nos oferecemos a hospedar todo o material, porque queremos que forme parte do arquivo de arte na rede solidária, também vamos a ‘linkear’ a outras páginas ou servidores ou geo-localizações, porque entendemos que, na época do capital global, é estratégico descentralizar.

Assim que como se sintam à vontade:

Se querem deixar a informação nos seus sites, com suas formas e seus modos, podemos linkearlos.
E se necessitam espaço, podem contar com a nós para hospedá-los.

Bom, podem escrever-nos um e-mail com a informação de sua participação.  Por exemplo, o nome dos criadores, título, e a categoria na que querem que esta seja incluída, assim como uma pequena descrição e uma imagem.  Também nos diga si você tem espaço em internet e só necessitam que ponhamos um link, ou bem se preferem que a carregamos ao servidor.

O material que for sendo recebido desde o momento que apareça a convocatória, se irá classificando em diferentes apartados segundo sua (in)disciplina.  As participações se faram públicas durante os dias do festival para que cada indivíduo ou coletividade navegue, use (ou abuse) e difunda em seus espaços de reunião, ruas, escolas, ou onde prefira.

As participações se publicarão como entradas e links.

Também se publicará um programa de streaming em direto. As atividades serão arquivadas caso alguém não consiga vê-las ao vivo.

O e-mail ao qual podem escrever para mandar-nos seus links e comunicar-se com nós é:

compas [nospam] comparte . digital

A página onde se irá montando os links as participações, e a qual estará em pleno funcionamento a partir do dia 1º de agosto deste ano de 2017, é:

http://comparte.digital

Desde aí também se farão transmissões e exposições, do 1º de agosto até o dia 12 de agosto, de diferentes participações artísticas desde seu ciberespaço local, em diferentes partes do mundo.

Bem-vindoas a edição virtual do CompArte pela Humanidad:

“Contra o Capital e sus muros, todas as artes… também as cibernéticas”

Vale, saúde e não likes, sino dedos médios up and fuck the muros, delete ao capital.

Desde as montanhas do Sudoeste Mexicano.

Comissão Sexta, Newbie but On-Line, do EZLN.

(Com muito largura de banda, meu bem, ao menos no que a cintura se refere -oh, yes, nerd and fat is hot-)

Julho de 2017.

 

[Oficina] Segurança Digital para Ativistas em Belo Horizonte!

Atualmente a tecnologia permeia nossas vidas: temos smartphones em nossos bolsos, smartTVs em nossas salas, câmeras de vigilância por toda a cidade, reconhecimento facial no transporte público, e redes sociais para nos conectar a isso tudo. Mais do que isso, a tecnologia media boa parte das nossas interações: nossas amizades, nossas conversas, nossos eventos, nosso consumo e até mesmo nosso ativismo.

Todos os nossos dados estão expostos e sendo filtrados por métodos de vigilância de arrasto. Quando nos engajamos na luta para promover uma mudança social, nossos dados estão ainda mais em risco. É imprescindivel que tenhamos noções básicas de autodefesa digital e retomemos o poder de escolher o que queremos compartilhar e com quem.

Os coletivos Coisa Preta e mar1sc0tron promovem uma Oficina de Segurança Digital para Ativistas na Infoshop A Gata Preta, no sábado, 15 de julho, em Belo Horizonte. Vamos falar um pouco sobre a estrutura básica da comunicação pela internet, cultura de segurança, segurança da informação e ferramentas de autodefesa digital.

A Gata Preta fica no Edificio Maletta, na Rua da Bahia, 1148 sobreloja 35, Centro – Belo Horizonte.
A oficina inicia às 16h.
Traga seu computador e celular para instalarmos algumas das ferramentas que vamos estar apresentando.
A atividade é gratuita, mas haverá uma caixinha de colaborações espontâneas para cobrirmos os custos do evento.

[livro] Ciberfeminismo: tecnologia e empoderamento

Segue abaixo a descrição do projeto para financiamento coletivo (já encerrado). O livro ainda não saiu, mas assim que tivermos acesso, subiremos o pdf!


Desde que deixou os laboratórios das universidades e outros centros de pesquisa e tecnologia – tradicionalmente ocupados por homens cis, brancos, hetero, e membros da elite econômica –, a Internet se constrói como um local que, ao mesmo tempo, abriga (re)produção de discursos misóginos e tem o potencial de ser uma ferramenta poderosa para o enfrentamento daqueles mesmos discursos.

A coletânea que apresentamos agora começou a tomar forma em 2015, quando a Editora Monstro dos Mares realizou uma chamada pública de artigos sobre o ciberfeminismo. Os textos recebidos foram selecionados e organizados em um panorama que mostra alguns desdobramentos da militância feminista no ciberespaço, que o compreendem como zona fértil para a proliferação do poder feminino através da apropriação dos meios tecnológicos e sua transformação em ferramentas de luta.

Autoras:

<Claire L. Evans>
<Talita Santos Barbosa>
<Tatiana Wells>
<Jarid Arraes>
<Fhaêsa Nielsen>
<Caroline Franck + Cássia Rodrigues Gonçalves + Êmili Leite Peruzzo>
<Izabela Paiva>
<Graziela Natasha Massonetto>
<Priscila Bellini>
<Soraya Roberta, [S. R.]>

Organização:

<Claudia Mayer>

Trocando ideia: “economia de compartilhamento!?”

O que segue é uma discussão rápida e informal, um comentário seguido de uma resposta, falando sobre bitcoin, crypto-anarquistas e o futuro. Deixei exatamente do jeito que as pessoas escreveram. Não é muito profundo, mas me pareceu um bom ponto de partida para aprofundar em seguida.


Comentário:

E esse artigo do guardian dos crypto-anarquistas ?
argumenta que a onda de populismo de direita é uma entre outros sinais confusos de mudanças sócio-políticas maiores em função das novas tecnologias
O que mais me assusta é o principal sinal da “nova era tecnológica”  – a chamada “Sharing Economy“, citada umas 5 vezes nesse artigo.
a internet, de acordo com os mais nobres ideais que nortearam sua criação, é sobre o “sharing” – e de fato aquilo que surgiu e no qual se falava na década de 90, o compartilhamento de arquivos, redes de hospedagem, grupos de caronas etc, ia nesse caminho.
Mas agora, vemos a palavra “economy” surgir depois do “sharing”, e isso sem nenhum pudor.
Pra mim, há claramente um deslocamento da origem idealista da internet nas universidades, pro domínio das corporações do vale do silício.
Muita gente inclusive de esquerda se engana que é a “genialidade técnica” que está por trás dos novos serviços, como Uber, Airbnb, Facebook etc… quando não tem nada a ver com tecnologia e tudo a ver com negócios. As empresas capitalizam em cima de tecnologias que já existem.
E assim, o sharing do couchsurfing virou o serviço de aluguéis airbnb, o sharing de caronas virou o serviço de taxi da uber, e a comunicação que antes se dava através de clientes com servidores descentralizados (como o mIRC), ou tecnologia p2p do ICQ/MSN, virou commodity nas redes sociais.
O que era pra ser anti-capitalismo virou power-capitalismo, o que era pra tirar dinheiro das corporações e empresas está dando origem às maiores e mais violentas delas.
E os hackers anarquistas investindo em bitcoins não me parecem estar fazendo a menor diferença em relação a isso…
Resposta:

Mano, ficou muito legal esse teu comentário. Resume e esclarece muito da crítica que anarquistas críticos à tecnologia estão fazendo.

Claro que tem anarquistas deslumbrados com tecnologia, e isso é mais regra que exceção, infelizmente. E se essas pessoas que têm um pouco mais de consciência política caem nessa armadilha, as pessoas que só seguem o fluxo não tão nem se ligando.

Agora, quando o texto coloca como crypto-anarquistas sujeitos como assange ou snowden, aí pra mim fica muito estranho. Essas pessoas são contra a vigilância do Estado, principalmente na esfera econômica (taxação, controle, multas). Assange, provavelmente para conseguir sair da sua “prisão” na embaixada do Equador na Inglaterra, se candidatou (com apoio da direita) a senador da Austrália, enquanto o snowden, por mais incrível que seja o que ele fez (e foi muito foda mesmo), ele fica sonhando com um julgamento justo dentro dos EUA (ver essa entrevista dele), o que é simplesmente ridículo. Estado e Lei é a mesma coisa hoje e justiça todo mundo sabe que é questão principalmente de poder e grana.

Então, isso que tão chamando de anarquismo, e inclusive os crypto-anarquistas clássicos, da época do assange e dos cypherpunks, são tudo nerd classe média alta de país dominante. O objetivo de vida deles é business. Não têm nada a ver com os mapuche anarquista do chile ou com anarquistas que conheço (que são bundões também, mas de outro jeito). A galera aqui tá tentando juntar grana pra pegar o busão pra ir conversar com os guariani ali fora da cidade e os cara em Praga têm uma máquina própria de bitcoins! Nada a ver uma coisa com a outra. Quando o texto fala “They are the sort of people who run the technology that runs the world” [Eles são o tipo de pessoa que mandam na tecnologia que manda no mundo] já dá pra ver que a perspectiva é novamente de controle e submissão e não de libertação ou anti-capitalista. E a parte de shared economy então fecha perfeitamente: o único papel ou ação do Estado pra eles é “atrapalhar” a economia. De fato, pensar assim só vai levar ao aperfeiçoamento do capitalismo.

Talvez estejamos caminhando para um ponto histórico onde capitalismo e Estado vão se dissociar. Isso ainda me parece difícil, mas… O capitalismo nasceu com a democracia e com o Estado-nação. Estamos vendo a democracia ser desmontada e o Estado também. Será que o capitalismo vai conseguir seguir vivendo sem os seus amiguinhos? Existe mercado/moeda há milhares de anos, assim como governo/dominação/exército. Minha aposta é que esses três elementos (capitalismo-democracia-Estadonação) são interdependentes. A coisa vai ter que mudar e bastante: tá tudo esfrangalhando junto.

E esse papo de descentralização é MUITO importante, mas em relação ao Poder. Do jeito que tá no texto, ainda vai demorar também: qualquer app depende de companhias de cartão de crédito e telefonia, que são a infraestrutura do comércio informacional. E tem coisa mais centralizada que visa e master e tim-vivo-oi? Descentralizar é colocar dezenas de opções e não 3 ou 5. E a competição, mais cedo ou mais tarde, mata a descentralização. Startup é uma pseudo-descentralização pois a grana mesmo vem sempre de grandes companhias que monopolizam o mercado. A Google tem centenas de start-ups no seu quintal. E a eficiência tão idolatrada pelos tecnocratas (finalmente estão aparecendo!) está diretamente ligada à competição. A coisa é insustentável.

Os app não são para as pessoas trocarem coisas, mas para comprarem-venderem; não são para elas se encontrarem e fazerem junto, mas para saberem-controlarem os outros; a eficiência não é para trabalhar menos, mas para continuar trabalhando e cada vez mais, só que indiretamente. Tá bizarro esse cenário.

Sempre vou desconfiar de quem me disser que o futuro será brilhante e maravilhoso e funcional e justo. Se isso sai da boca de qualquer um, seja de direita de esquerda ou de alguém morto, nem dou ouvidos.

E lá no final do artigo, ainda volta o tema da renda básica: “the “universal basic income”, essentially a way to pay economically useless people to live, consume and keep capitalism ticking over…” [a renda básica universal, em sua essência, um jeito de custear a vida de pessoas economicamente inúteis, mantê-las consumindo e o capitalismo rodando…]. De fato, pessoas inúteis são um problema… (!!!)

Outra coisa que esses caras (anarcapitalistas) nunca falam é sobre guerra. Não tem como falar de futuro ou de capitalismo, ou de mercado, ou de Estado, sem falar em guerra. E esses caras sempre esquecem desse micro-detalhe quando estão num prédio histórico reformado com dinheiro da prefeitura no centro de uma cidade rica e turística da Europa. Vai falar de tecnologia em chiapas, nos charcos ou em uganda!

Enfim…

[Livro] Carta Aberta Sobre Tecnologia e Mediação

Essa semana estamos compartilhando um compilado de pequenos textos de vários autores que trata sobre a coerência do uso da tecnologia por anarquistas. Os textos são respostas a uma carta aberta escrita por Ron Leighton, onde ele indaga sobre o uso que anarco-primitivistas fazem da tecnologia para propagação de suas ideias. Os questionamentos iniciais de Leighton parecem estar carregados de conceitos pouco desenvolvidos sobre as posições de primitivistas e ludditas, porém o debate que se sucede aborda questões importantes para pensarmos o que é a tecnologia e até que ponto seu uso nos auxilia a alcançar nossos propósitos.

Os textos estão em inglês e podem ser baixados aqui.