Ministre uma aula/oficina em uma escola ocupada da grande Florianópolis!

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Segundo o Contrataque no facebook (27/10) já são 14 escola ocupadas em SC:

EBM Irmã Cecília (São Lourenço do Oeste)
EEB Soror Angélica (São Lourenço do Oeste)
EEM Semente da Conquista (Abelardo Luz)
IFC Abelardo Luz
IFC Araquari
IFC Camboriu
IFC Rio do Sul
IFSC Araranguá
IFSC Chapecó
IFSC São José
UDESC Campus Florianópolis
IFSC Xanxerê
IFSC Florianópolis
EEB Simão José Hess

Lançaram um formulário para quem quiser dar aula/oficina nas escolas ocupadas da grande Florianópolis. Preencha o formulário e participe!

https://docs.google.com/forms/d/11QNkrjNO1TntCbUZxbAdIl-T9sKzk54QT2fjW86KgW4/viewform?edit_requested=true

As escolas também precisam de mantimentos e divulgação de suas atividades.

Deveria Ana Júlia entrar na “politica”, mesmo já fazendo Politica?

Algumas pessoas têm comentado após o sucesso do vídeo da Ana Júlia, secundarista do Paraná que botou os deputados no chão, “Nossa, essa menina deveria entrar na politica”.

Pois eu acho que ela já está na politica. Aliás, talvez ela tenha muito mais vivência politica, no sentido de cidadania, noção de comunidade e debate franco e aberto do que a maioria dos políticos profissionais.

Enquadrar essa juventude na politica tradicional/profissional e sua lógica de conquista do poder do Estado, suas gravatas, regras e regulamentos é tirar o que eles tem de melhor: sua combatividade, espontaneidade, criatividade e idealismo.

Para mim é cada vez mais claro que o Estado é uma máquina de moer sonhos, transformando gente idealista e revolucionária em burocratas e porta-vozes de governos (salvo raras exceções).

5 Escolas ocupadas em Santa Catarina!

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Fonte: https://www.facebook.com/bandeiranegra/

 

OCUPAÇÕES DE ESCOLAS COMEÇAM A TOMAR SANTA CATARINA!

Na segunda-feira, aconteceu no IFC Rio do Sul a primeira ocupação estudantil contra a PEC 241 e contra a Reforma do Ensino Médio, fortalecendo o movimento nacional que já ocupa quase mil escolas.

Agora, já temos pelo menos 5 escolas ocupadas em SC:
IFC Rio do Sul
IFC Araquari
IFSC Araranguá
IFSC Chapecó
IFC Abelardo Luz

Hoje pela manhã, estudantes do Colégio de Aplicação da UFSC Florianópolis tomaram as ruas:https://www.facebook.com/events/329843174045023/.

Em Joinville, mobilização das escolas também esteve nas ruas hoje pela manhã contra os ataques:
https://www.facebook.com/events/217382528674506/

Hoje, às 19h30, em São Francisco do Sul, os estudantes vão às ruas contra o fechamento do período noturno na Escola Educação Básica Felipe Schmidt:
https://www.facebook.com/events/559939207528991/

Além disso, o Governo Estadual anunciou o fechamento de turmas do Ensino Médio em dezenas de escolas pelo Estado e já existem mobilizações em escolas de Joinville e São Francisco do Sul:
https://www.facebook.com/gruposindicaldebase/

Só cresce a luta contra a PEC 241, contra a Deforma do Ensino Médio, contra a Lei da Mordaça, POR NENHUM DIREITO A MENOS!

PELA FORÇA DAS MARCHAS, OCUPAÇÕES E GREVES!

Chamada para 7a FLAPOA

Chamada para Construção e Propostas de Atividades da

7ª Feira do Livro Anarquista de Porto Alegre

O ano de 2016 se aproxima do fim. Mais uma vez registram-se temperaturas recordes, as mudanças climáticas e demais marcas da civilização se intensificam. Um ano que escancarou que a democracia é esmola para nos manter em silêncio, que nos entregou e continua a nos entregar a conta da crise que eles criaram. Não importa em quem você vota, o sistema sempre vai servir aos propósitos de uma elite, pois é para isso que ele foi concebido.

Em meio ao aumento da repressão, cortes nas esmolas que o povo ainda consegue arrancar das elites e dos (seus) Estados, nossa memória segue viva – este também é o ano em que celebramos 80 anos da Guerra Civil Espanhola! É hora de nos mobilizarmos e organizarmos ainda mais, fortalecermos a nossa luta e unirmos forças para acabar de vez com esse sistema de opressão, dominação e destruição. Vamos então nos encontrar na 7ª Feira do Livro Anarquista de Porto Alegre! Essa sétima edição ocorrerá nos dias 26 e 27 de novembro, para nos articularmos, conspirar e confraternizar!

Convidamos todas pessoas e coletivos – até onde nosso grito alcançar! – para que somem com suas propostas de atividades e tragam suas publicações. Nos dois dias haverá feira de exposição, troca e venda de livros, fanzines, poesias, artesanato, além de oficinas, bate-papos, exibição de filmes, apresentações musicais e muito mais.

Como nas edições anteriores, a Feira do Livro Anarquista de Porto Alegre busca fomentar um ponto de encontro com as ideias anarquistas através de exposição de materiais, oficinas, bate papos e vivências. Fortalecer e propagar o anarquismo, tanto para pessoas já familiarizadas com essas ideias, quanto para aproximar novas pessoas.

Envie suas propostas até o dia 15 de Novembro através do email: flapoa[a]libertar.se
Se você vem de longe e precisa alojamento, nos escreva!

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As peripécias da democracia rumo ao futuro digital

A democracia virou um valor. Dizem “precisamos democratizar a educação, a saúde, o cinema”, quando na verdade querem dizer “precisamos melhorar as coisas”. Tanto a democracia virou sinônimo de “bom” que ouve-se algumas pessoas dizerem, empolgadas com a descoberta, “chegou a hora de democratizar a democracia!”.

Para começar, a democracia é uma forma de governo. Toda a crítica que vem a seguir está baseada nesse fato. Não tem mistério: através de um contrato social, que ninguém nunca viu nem consentiu, todo mundo obrigatoriamente nasce cidadão; taí o Estado, e para esse trambolho funcionar, não precisaram inventar nada: simplesmente pegaram tudo o que já existia – exército, leis, dívida – e um novo conjunto de pessoas assumiu o governo e impôs: agora somos nós que mandamos em todos vocês.

Governar significa que “mandou, tá mandado”. Se não quiser obedecer, toma pau. Como se faz, então, para melhorar esse tipo de processo? Caso eu não queira ou não concorde com alguma ordem (lei, imposto, mudança), como podemos fazer para que eu seja preso ou sofra uma sanção de maneira mais eficiente?

O renascimento

Se formos olhar através do tempo, de fato, a democracia está se democratizando cada vez mais. A era de ouro da democracia, dizem, aconteceu quando uma cidade minúscula e escravocrata excluía as mulheres da tomada de decisão. Parece um ótimo começo. Aí passam-se dois mil e quinhentos anos sem ninguém falar nesse troço, até que meia dúzia de burgueses com a língua afiada resolve, para tentar conter a “multidão ensandecida” – ou seja, pessoas que queriam decidir por si mesmas sobre suas vidas -, ressuscitar esse elevado ideal ateniense impondo novamente: “tá, galera, agora vamos deixar vocês votarem em quem vai mandar a polícia bater em vocês.”

E não é que deu certo?! A gente olha pro globo terrestre e fica espantado: uau, todo mundo tá “adotando” a democracia. Mal dá para conter uma lágrima. Na verdade, a hegemonia política, conseguida na base da guerra constante, do terrorismo de Estado e da imposição econômica, é bastante sinistra. É justamente esse movimento de tornar todos iguais que eleva o controle democrático a um valor supremo. Não apenas #somostodosdemocratas como é melhor que não discutamos sobre isso. Foi o melhor que conseguimos, pra quê ficar voltando nesse assunto? Pois é assim que se naturalizam as opressões.

Não vejo como seria possível falar de democracia digital sem falar do que significa o projeto democrático e sua história. Agora, vejamos então quais são as propostas dos entusiastas da democracia para o futuro.

Os fundamentos

A ciberdemocracia ou democracia digital está assentada sobre dois pontos fundamentais. Primeiro: a internet. As pessoas falam disso como se fosse apenas estar conectada com a rede, como uma questão de infraestrutura. É claro que os cabos tem que estar espalhados por toda parte, mas o buraco é mais embaixo: é preciso saber usar os aparelhos (smartphone, TV-digital, etc.) e muito mais importante ainda: ter a cultura de pesquisar, avaliar e participar.

Segundo: a transparência. É impossível ter uma postura crítica sem informação confiável e consistente sobre os processos políticos. Assim como não existe responsabilização se não soubermos o que os representantes têm feito. Agora, quem tem conhecimento para revisar a burocracia estatal? Ou melhor, quem tem saco pra fazer isso? Quem se propõe a ficar vigiando político profissional fazer suas maracutaias? Pasmem: o Brasil possui um programa chamado Interlegis, implantado em 1997, que tem a missão de “preparar os parlamentos brasileiros para a e-democracia” (wikipedia.org). Faz VINTE anos que ele tá rodando e ninguém nunca soube disso!

Como fica então o “Estado transparente” ou a “ética da inteligência coletiva”, nomes sofisticados para o upgrade democrático, num contexto como o da América Latina? Ali no meio, um pouco pro lado, temos o Brasil, gigante adormecido, pura potência, único e viçoso. Entretanto, em geral o quadro histórico e social do continente é meio parecido e poderíamos dar o título de “miséria estrutural”. Qual seria, então, a previsão para “universalizar a banda larga” aqui? E ainda, como se dará o projeto de “instrumentalizar toda a sociedade para o uso da tecnologia” num território onde 20% da população é analfabeta funcional (incapaz de compreender textos simples), e 9% não sabe absolutamente ler ou escrever (dados do IBGE, 2009)?

A miséria estrutural

Quando digo “miséria estrutural” estou me referindo não apenas à infraestrutura precária (estradas, energia, telefonia, etc), mas acima de tudo à cultura. Uma matéria do Estadão de maio de 2016, disse que 44% dos brasileiros não leem livros e que 30% nunca compraram um. A média é de 5 livros lidos por ano por pessoa. Esse dado não é decisivo para a participação política ou para que uma pessoa conheça e tenha capacidade de avaliar sua própria situação (na verdade, as pessoas costumam saber mais sobre si do que os burocratas e professores acreditam). Mas é um indicativo.

Vejamos mais alguns dados do IBGE1. De 1994 a 1996, 92% dos entrevistados das regiões metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre nunca entraram em contato com um político eleito para sugerir ou reivindicar posições. Apenas 2,5% eram filiados a algum partido. Metade das pessoas filiadas não participavam de nenhum tipo de atividade política, seja reunião ou manifestação. Também 29% dos entrevistados não usavam nenhuma fonte de informação para escolher seu voto. E 60% se informavam sobre política através da televisão. Já naquela época, 55% não acreditavam que políticos, sindicatos, igrejas, ou juízes eram as entidades que melhor defendiam seus interesses políticos. E pra fechar, 15% nem sabia o nome do presidente da república. “Mas quando fizeram a pesquisa não tinha internet!” Pois então vamos analisar outra pesquisa mais recente.

No relatório da Pesquisa Quantitativa sobre Hábitos de Informação do IBGE2, de 2010, a revista mais lida pelos entrevistados era a Veja (50%). E 97% da população tinha televisão, sendo a Globo o canal preferido de 70%. Sobre a internet: 46% disse ter o costume de acessar a rede. Em famílias que ganham até dois salários mínimos, apenas 23% acessa a internet. Já em famílias que ganham mais de 10 salários mínimos, o acesso chega a 80%.

Últimos dados, prometo. Só para termos uma noção da evolução do uso da internet, uma pesquisa de 2014, também do IBGE3, mostrava que agora 54% da população entrevistada dizia utilizar a internet, um aumento miserável em 4 anos. Porém, 77% de quem usa a rede estudou mais de 8 anos, enquanto 70% das pessoas que não acessam a rede tem menos de 8 anos de estudos.

Enfim, as estatísticas são infinitas, mas o cenário reforça cada vez mais a minha tese, que é a seguinte: uma transformação da operacionalidade da democracia em direção ao digital significaria uma Revolução Burguesa 2.0 e não uma democratização da política no sentido de ampliar a participação popular nas decisões e muito menos uma distribuição do Poder. São as pessoas com mais anos de estudos e maiores salários que vão usufruir essa mudança e assim poder defender melhor seus interesses. Isso se confirma também se atentarmos à tendência global sobre a desigualdade social: a despeito de toda a riqueza e tecnologia disponíveis, ela não para de crescer desde os anos 1970.4

A ideologia dominante

Porém, como a abolição da escravidão no Brasil e a aceitação das mulheres no mercado de trabalho em geral, muitas mudanças ditas progressistas são na verdade decisões da classe dominante visando (acertadamente) mais concentração de poder. A classe média, maior entusiasta da nova e ordeira iniciativa, só terá a sua ciberdemocracia se os atuais detentores do poder deixarem isso acontecer, ou se mudar sua estratégia, tornando-a rentável. Entretanto, pelo jeito que as coisas vão no governo Temer, pela mania do judiciário de interromper serviços de comunicação digital (como o caso do whatsapp) e pelo desinteresse fisiológico dos políticos de terem seus trambiques fiscalizados, é muito improvável que essa implementação venha a acontecer pela boa vontade de quem está em cima.

A miséria estrutural também é a terra fértil para o crescimento da postura do “menos pior é o que temos de melhor”. Essa forma de pensamento é uma espiral que lentamente nos empurra para baixo. Não que as pessoas não acreditem mais em utopias ou não apareçam com ideias mirabolantes sobre o futuro. O problema é que quando nos deparamos com opções reais durante o momento de nossas escolhas, damos sempre de cara com o menos pior. A gente tenta uma ideia boa e acaba frustrado. A frustração nos torna mais “realistas”: pra quê tanto? Ponderamos “racionalmente” e agora a ideia virou menos boa. E assim afundamos em espiral. Pelo menos ainda temos o voto para poder mudar o país!

O “menos pior” é o mantra de todas as eleições que já presenciei. Quando eu votava, esse também era o meu critério. E mais, se o trânsito tá uma merda, se a educação (mesmo e inclusive nas universidades públicas) é uma indústria de diplomas, se as leis trabalhistas tão cada vez mais flexíveis: agradeça! Agradeça que pelo menos tem ônibus no bairro, que existem escolas gratuitas, que temos alguma lei para proteger quem se esfola no trabalho. É como se fosse um dogma religioso, e portanto inquestionável, e ao querermos e pensarmos algo de fato bom, agradável e seguro estivéssemos cometendo um pecado. (Aqui, os defensores da democracia digital poderiam voltar meu próprio argumento contra mim, afirmando que não lhes estou permitindo espaço para o seu sonho. Porém, se não deu para sacar ainda, vou ser um pouco mais explícito: não estou falando de reformas, mas de mudanças radicais, de experimentações políticas e de igualdade social!)

Mais entraves

Para terminar esse texto, faltou comentar duas coisas. Primeira, o aumento da participação política do tipo democrática através da internet mudaria apenas o poder legislativo (o que já é bastante coisa, claro). Como disse Pierre Lévy, ela “encorajaria o pensamento coletivo da lei”, ou segundo a entrada da wikipedia, “o povo em si se tornaria o sistema legislativo”. Na teoria da separação dos poderes do Estado Liberal, o judiciário, o executivo e o legislativo são independentes. Porém, na prática, não apenas eles estão enosados e articulados, como são dependentes de empresas nacionais e internacionais, através de diversos acordos interpessoais. Pra quem ainda acha que isso é uma teoria da conspiração, basta ver o exemplo de democracia por excelência, os Estados Unidos, e sua lei de lobbys: influenciar políticos com dinheiro é parte legal do processo político. A propina (ou compra de votos ou opinião) virou parte do organismo democrático. Como então lançar um dos poderes ao povo?

A segunda coisa que faltou comentar diz respeito à vigilância. Uma democracia digital está embasada, além da transparência e da participação, no pressuposto da neutralidade do Estado. “Ele existe tão somente para gerir a coisa pública.” Se expressar opiniões dissidentes numa rede social ou lista de e-mails hoje pode levar à prisão, imagine num fórum público voltado exclusivamente para política legislativa, armazenado e gerido pelos servidores de computadores do próprio governo? Cada uma de suas opiniões estará vinculada à sua identidade, e o dossiê com todo o seu histórico estará disponível eternamente para qualquer governo – atual e posterior – avaliar e tomar decisões sobre o seu futuro (veja o caso da legalização da maconha no Uruguai). Esse tipo de operação já acontece há anos para conter o “inimigo interno”. Hoje, porém, uma decisão não precisa mais depender da escolha dos gestores ou fiscais: ela acontece por meio de algoritmos impessoais e automáticos. Aí a coisa ficaria definitivamente kafkiana.

A privacidade e o anonimato são essenciais para a liberdade de expressão. Então, é preciso resolver esse pepino, democratas.

Além disso, como diziam os pais da democracia moderna, os filósofos iluministas franceses: se deixarmos o governo na mão do povo, seja através da república ou, pior ainda, da democracia, teremos o caos! Esse medo vem lá de Aristóteles e possui o nome complicado de oclocracia, que é quando as “massas ensandecidas” passam a decidir as coisas. Não me parece que esse medo que a elite tem vai desaparecer por causa de mais smartphones.

1http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/suppme/default.shtm

2http://www.fenapro.org.br/relatoriodepesquisa.pdf

3ftp://ftp.ibge.gov.br/Acesso_a_internet_e_posse_celular/2014/Tabelas_de_Resultados/ods/01_Pessoas_de_10_Anos_ou_Mais_de_Idade/

4http://www.cartacapital.com.br/revista/873/no-mundo-de-os-miseraveis-5584.html

Só votar ou votar nulo não adianta nada!

Só votar ou votar nulo não adianta nada!

O sistema é feito para a gente acreditar que votar a cada dois anos é o máximo de poder politico que temos na sociedade. Basta a gente trabalhar de sol a sol, levantar e sair de casa em um domingo a cada dois anos (votando consciente claro) que tudo vai dar certo e que podemos voltar para nossas vidas porque já fizemos nossa parte no “jogo da democracia”.

Será esse o máximo que conseguimos fazer enquanto humanidade? Delegar o poder de decisão sobre nossas vidas para uma minoria que tem a pretensão de nos representar? Será que não conseguimos algo melhor do que isso? Com tanta tecnologia e conhecimento é o máximo que conseguimos?

Nunca acreditei nesse troço de que apertar um botão a cada dois anos seria o suficiente para construirmos uma democracia de verdade. Quando falo democracia de verdade digo algo radical, onde quem decide sobre a gente é a gente mesmo, sem intermediários. Onde as decisões são tomadas com base no diálogo, envolvendo as pessoas diretamente afetadas pelas decisões, sem hierarquias. Não por mandachuvas do Estado, nem por porta-vozes do Mercado.

Não acho que tenha uma solução mágica para isso. Penso que é um processo que a gente vai construindo dia a dia em nosso envolvimento com a politica. Não digo a politica institucional, da lógica dos gabinetes e das eleições. Falo da politica que vamos construindo quando se engajamos em alguma causa, onde se unimos como iguais por objetivos concretos e somos obrigados a tomar responsabilidade pelos próprios atos políticos que cometemos. Sejam eles montar um grupo de teatro, fazer uma horta comunitária, se engajar em uma greve, participar de um coletivo, movimento social ou associação.

Nessas ações vamos tomando consciência do poder que temos quando nos unimos. De que nossa força enquanto povo organizado é muito maior do que a de um voto a cada dois anos para escolher quem vai colocar o cabresto na gente.

E quem sabe se a gente se organizar direitinho a gente nem precisa mais dessa minoria que nos comanda muito menos das instituições e policias criadas para nos comandar…

Murilo Flores (PSB) e o discurso do “gestor técnico”.

Sei que Murilo Flores é um candidato “nanico” nas eleições de Floripa. Mas acho o discurso dele da técnica ser superior a politica é falso e ao mesmo tempo sedutor.

Essa contraposição entre “técnica” e “politica”, entre “gestão” e “ideologia” é um grande papo furado. Maior exemplo disso eu vi quando fui em uma audiência pública do plano diretor de Florianópolis. Estavam presentes cidadãos, movimentos sociais, entidades comunitárias, entidades profissionais de arquitetos e sindicatos patronais de construção civil e do setor hoteleiro, assim como IPUF (órgão da prefeitura responsável pelo planejamento urbano).

Diversos arquitetos em suas falas afirmavam que as decisões tomadas pelos cidadãos e entidades comunitárias eram muito românticas, ideológicas e pouco técnicas. Afinal de contas quem bancaria tantos parques públicos? Como fazer uma cidade crescer sem aumentar o tamanho dos prédios? Por fim um dos arquitetos defendeu a criação da Marina na beira-mar, e que tal projeto beneficiaria o transporte público marítimo na cidade.

Pouco tempo depois um cidadão fez uma pergunta ao IPUF sobre em que estado estavam os estudos de mobilidade urbana sobre a questão do transporte marítimo na cidade. O IPUF respondeu categoricamente que não havia estudo concluído!

Afinal de contas como um projeto como este da Marina pode ser anunciado pela Prefeitura na mídia, com local já estabelecido (beira-mar um dos metros quadrados mais caros da cidade), se nem estudo sobre mobilidade concluído existe para dizer que ali seria o melhor local para uma Marina.

Afinal de contas, como podem pessoas formadas em cursos superiores de instituições públicas respeitadas como a Universidade Federal de Santa Catarina defenderem com unhas e dentes um projeto como o da Marina, tão grande, que gastaria milhões de reais, teria um imenso impacto ambiental e privatizaria muita propriedade pública?

Um projeto que não foi discutido pela sociedade. Não foi discutido pelas comunidades no âmbito do Plano Diretor Participativo. Um projeto que no máximo passou pelo crivo da elite politica e econômica da cidade e que depois é propagandeado por algumas entidades profissionais e patronais, pela mídia e por algumas ONGs chapa-branca.

Enfim, sai de lá com mais certeza ainda de que este discurso da tecnocracia é um grande papo furado. Afinal de contas, os técnicos sempre servem aos políticos. Não existe uma “gestão técnica” desvinculada de uma visão politica. Que visão futura de sociedade espera o partido? Quem será priorizado pelas politicas públicas? Quem pagará a conta dessas politicas? Em que grupos de poder se apoiará o partido para conseguir governar?

É um velho discurso para convencer o povo de que as decisões tomadas lá em cima são necessárias, são assim, como leis da natureza. Assim como querem nos convencer todos os dias que devemos trabalhar cada vez mais e se aposentar cada vez mais tarde. Que o cara que vão colocar para comandar a Petrobras ou o Banco Central é “Um gestor do mercado e não uma politico”. Eles são sempre os gestores e trarão mais eficiência. E claro, isso tudo não é ideologia, é técnica.

E por último Murilo Flores é do PSB, cujo presidente em Santa Catarina é da família Bornhausen, família exemplo de coronelismo desde a ditadura militar. Os Bornhausen inclusive foram doadores de dinheiro para sua campanha. Difícil vir novidades de gestão de uma família que comanda SC a décadas.

#NãoQueroGeanPrefeito

Bem, tá bem difícil de defender uma candidatura a prefeito em Florianópolis sem ficar com aquele pé atrás. Sendo assim, lanço aqui a campanha#GeanNão, porque pelo menos sei quem é o pior candidato, com grandes chances de ganhar para tornar 2016 aquele ano que parece uma ressaca que não acaba nunca.

5 motivos para não votar em Gean:

1) Gean é a cara do seu partido, o PMDB: faz tudo por um cargo, para estar no poder e se aproveitar da máquina pública. Está no poder de forma ou de outra desde os seus 19 anos. Quando perdeu eleição para o Cezar Souza, como foi o caso de 2012, ganhou um cargo de presidente da FATMA (cabra entende pra caramba de meio ambiente).

2) Quando prefeito em exercício em 2009 (gestão Dário Berger do mesmo partido) assinou declaração dizendo que recursos públicos foram aplicados (4 mihões de reais) no show de natal do cantor italiano Andre Boccelli. Show que nunca aconteceu, se tornando um dos maiores fiascos de corrupção da cidade.

3) Fez lobby para empresários do setor de outdoors, para mudar a lei da “cidade limpa” e beneficiar o setor. Os empresários são indiciados no esquema de corrupção das “Aves de Rapina”. Misteriosamente sempre teve vários outdoors espalhados pela cidade…

4) Sua coligação congrega o que existe de pior e mais atrasado na politica brasileira. Exemplo maior: DEM (ex-PFL, ex-ARENA dos milicos da ditadura), partido do presidente da câmara de deputados, do rurarista Ronaldo Caiado, dos Bornahauser antes de virarem “socialistas”, do Antônio Carlos de Magalhães. E por ai vai.
PS: no quesito coligação poucos se salvam, vide o vice do Elson (PSOL), Fábio Botelho que é do PV e parece aquele seu parente reaça no grupo da família.

5) Foi apoiado publicamente pelo Temer em janeiro de 2016. Precisa dizer mais?

Ajude a divulgar essa onda!
#GeanNão
#NãoQueroGeanPrefeito