FUTURE-SE: mais um ataque a educação!

Allan Kenji

O Ministério da Educação vai anunciar na próxima semana seu mais recente arsenal de ataques contra as universidades públicas – que está sendo chamado “Programa Future-se”. Pelas informações que já circulam à respeito, o tema central da redefinição da “autonomia universitária” será o fim da gratuidade do ensino.
Nós já sabíamos que o governo se preparava para atacar o cerne da universidade pública, mas existia dúvidas sobre qual o modelo a ser seguido. O governo Bolsonaro escolheu o modelo Australiano, ou seja, vincular o financiamento das universidades ao quantitativo de estudantes captados por elas através de empréstimos estudantis que são amortizados na proporção de suas rendas e securitizados pelo Estado.

No último dia 10/7, o Ministério da Economia, o IPEA e o Banco Mundial organizaram em Brasília uma Conferência Internacional sobre financiamento vinculado à renda. Na abertura do evento, Bruce Chapman, um dos principais articuladores do fim da gratuidade na Austrália no final dos anos 1970. Chapman, intelectualmente um cretino, escreveu diversos artigos nos quais os dados sobre os impactos do fim da gratuidade são mascarados, principalmente sobre negros, aborigenes e as populações mais pobres dos trabalhadores na Oceania. Em um artigo publicado na área de economia da educação em meados dos anos 2007, Chapman afirma que o quatitativo das frações de trabalhadores não se modificou com o fim da gratuidade porque os empréstimos estudantis se tornaram uma forma de assistência importante para a “inclusão” e porque, pasmem, os estudantes mais pobres souberam escolher cursos mais compatíveis com as expectativas reais de pagamento de seus montantes creditícios. Com o fim da gratuidade e o peso do pagamento dos empréstimos no futuro, os estudantes de famílias mais pobres são condenados a escolher os cursos de curta duração, vinculados às áreas de atuação profissional de trabalho simples.

Na mesma conferência organizada pelo Ministério da Economia, IPEA e Banco Mundial, somente as universidades privadas foram convidadas. Pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), o sindicato do capital mais importante do país, falou diretor de Relações Institucionais do Semesp, João Otávio Bastos Junqueira. A Semesp passou a trabalhar proficuamente pelo fim da gratuidade nas instituiões públicas a partir do final dos anos 1990, nos inicio dos anos 2000 participou de diversas campanhas no fórum das privadas. Na medida em que os interesses das privadas foram sendo atendidos pelo Lulismo, a disputa contra a existência de universidades públicas foi colocada em segundo plano. Políticas como o Prouni, o Fies, Proies e financiamentos subsidiados do BNDES favoreciam o caixa dos grandes grupos de oligopólios educacionais. Quando o caixa começou a se esvaziar por volta de 2013, a extinção das públicas voltou a ser a pauta principal das negociações. A Semesp foi um de seus protagonistas mais voluntariosos, o comitê de políticas internacionais não só conseguiu trânsito no Congresso Nacional e no Ministério da Educação cada vez maior, como enviou diversas comitivas ao exterior para examinar as estratégias de países que lograram derrotar seus movimentos de trabalhadores e estudantes, colocando fim às universidades públicas. A Semesp passou a alternar entre o modelo Australiano, o sistema de voucher ou uma reforma total de inspiração coreana.

Greve Geral 14 de Junho – Bloco Autonômo

AMANHÃ É DIA DE GREVE GERAL EM FLORIANÓPOLIS CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA!✊

Participe das atividades programadas ao longo do dia e una-se ao ato programado para o fim da tarde. Vamos lotar as ruas da capital em defesa da aposentadoria dos trabalhadores e trabalhadoras!

8º Bazar Vegano Floripa ● Dia da Luta Antimanicomial 18 de Maio

Replicação do Facebook: https://www.facebook.com/events/437296500147904/

Como pensar e agir sem excluir outras vidas?

É com muita honra respeito e responsa que anunciamos a nossa 8ª edição do Bazar Vegano Floripa que será no sábado, dia 18 de maio no Instituto Arco-Íris Direitos Humanos *Localizado no Centro Histórico, próximo ao antigo terminal de ônibus. Somando forças num dia importante na Luta Antimanicomial! Evento Aberto ao Público com Entrada Franca!
Aproveita pois é a nossa única edição para este ano de 2019!

Venha somar a ação de ativistas independentes dedicadas pela defesa do respeito a todos nós, animais humanos e não-humanos sob uma perspectiva abolicionista e agroecológica para todas as pessoas, sejam elas veganas ou ainda não veganas. Somos um evento cultural, apartidário e autogestionado, feito por pessoas comuns, independente, sem patrão, nem patrocínio municipal, estatal, institucional ou empresarial.
Vem somar conosco nesse trabalho social humanitário, de construção educacional conjunta, organização por cooperação.
Moradoras em situação de rua, cooperadas, associações, assentamentos, quilombolas, pequenas produtoras da região, cozinheiras, artesãs, escritoras, viajantes e artistas de rua, tudo junto misturado, dentro e fora fora e dentro! Somos todes animais!

10 ) Temos a proposta colaborativa do “Canto das Dádivas”, que é um espaço de gratuidade, onde cada pessoa deixa objetos que não usa mais e/ou pega o que lhe for útil sem ter que entregar nada em troca.

9 ) Não esqueça de trazer sua sacola retornável e a barriga vazia pra encher de rangos vegetarianos deliciosos, feitos com muito capricho. Termos almoço popular a R$10
Neste evento água não é comercializada pois é um bem de todos os terráqueos, portanto disponibilizada gratuitamente, traga a sua caneca para se hidratar!

8 ) Continuamos no processo de lixo zero, tanto do lixo visível quanto do “invisível”, aquele lixão maior de todos que você não vê na hora. Sobre o lixo visível, contentores de papelão estarão dispostos para coleta dos resíduos orgânicos desse encontro. Não haverá copos nem pratos e talheres descartáveis (plástico, isopor). Todas as expositoras de líquidos irão dispor de copos retornáveis e são previamente comunicadas sobre. Pedimos a todes expositores que vão levar sacos/sacolas, que usem de papel, folhas ou celofane pois são 100% biodegradáveis, retornando ao solo sem causar danos. E sobre o lixo “invisível”, ao não promovermos a comercialização de nada de origem animal, estamos nos poupando da atividade responsável pela maior geração de lixo deste planeta.

7 ) Este evento reúne trampos e produtos não testados em animais e livres de componentes de origem animal, como carnes de qualquer tipo de animal, ovos, laticínios/margarinas/ghee, mel/própolis, pólen de abelhas, seda, lã, penas, couro, camurça, gelatina/colágeno, queratina, carmim/cochonilha, glicerina animal, entre outros. Também não faz parte da promoção deste evento o uso de transgênicos, sal e açúcar refinados, farinha branca refinada de trigo e farinha de glúten isolado, arroz refinado, glutamato monossódico (realçador de sabor), maltodextrina/dextrose, glucose, aspartame, corantes artificiais, gordura hidrogenada, suplementos proteicos, palmito, uso de forno de micro-ondas, frituras, refrigerantes, bebidas alcoólicas, fumo, joias e comercialização de produtos acompanhados de embalagens de isopor, nem garrafas pet, pratos, talheres e copos descartáveis de plástico nem sacolas plásticas. Apoiamos todo desuso de plásticos, na medida do que for possível.
Também não queremos materiais com mensagens preconceituosas como por exemplo “vegetarianos pensam melhor”, nem concordamos com a promoção/divulgação de empresariais organizações parasitas ao movimento.
Não usamos mais o termo “orgânico” em virtude da segregação socio-economica produzida pelo sistema capitalista, então estimulamos o uso de agroecológicos, ou seja, tudo aquilo sem veneno, caso esteja de acesso econômico mais viável a todes, sem ter que repassar aumento de valor nas vendas, e melhor ainda se tiver retorno as comunidades, assentamentos. O mesmo podemos dizer dos termos “produto vegano” “100% cruelty free” que são bem problemáticos. Todas as pessoas expositoras serão previamente comunicadas sobre essas orientações, e a responsabilidade cabe a consciência de cada indivíduo que nos procurou para se integrar ao bazar, somando com suas ideias que tanto nos transformam a cada edição.

6 ) Viva a economia ambulante solidária! O Bazar Vegano Floripa não tem participação de grandes empresas, nem estímulo à produção em série. Valorizamos o trabalho artesanal, de alma cuidadosa e criativa, reduzindo danos no limite do que hoje podemos fazer. Não queremos gourmetização e nem patrão! Nenhuma representAção expositora deste evento é maior que uma MEI. Portanto não temos empregados nem patrões. Abertamente pedimos a todes expositores que livremente disponibilizem seus saberes. Acesso!

5 ) Adoção responsável de cadelas e cães vítimas de abandono e maus tratos! Todos os animais protegidos castrados para adoção consciente pelas protetoras independentes da Ação Animal Floripa, com brechó beneficente, e recebendo doações aos animais (alimento, cobertores, fraldas, tapetes higiênicos, potes, etc).

4 ) Vem de bike! Carros não transitam nessa área do centro histórico.

3 ) Viva a agroecologia! Participe das trocas de sementes crioulas da okupa Saco dos Limões, no nosso lindo tapete de recepção. Plante um novo mundo!

2 ) Oficinas livres e música alternativa independente autoral ao vivo e ambiente. Gratuita!

1 ) Se não tiver as rodas não tem bazar! Na sala principal teremos rodas de bate papo, com pessoas vindas de vários cantos do país. Todos assuntos e problematizações éticas pertinentes a nosso planeta, por empoderamento e equidade. Seguimos sempre em busca de autonomia política. Nosso evento não é palanque pra nenhum político institucional.

0) Nosso bazar vegano não promove nenhum tipo de discriminação racial, de orientação sexual, de gênero, heterossexista, cissexista, xenofóbica, antinordestina, fascista, classista, misantrópica, etarista, capacitista, gordofóbica, bem como especista. Movimentos por justiça social são naturalmente interligados, mesmo que algumas pessoas ainda não reconheçam. Estamos juntes, em constante movimento e transformação, na intenção de fazer o melhor para o hoje, e em constante autocrítica para um melhor amanhã. Não nos propomos a ser inclusivos mas sim a não sermos excludentes!

Bate palma não, use suas mãos para agir. Não dá pra se festejar num mundo de tantas disparidades sociais, com tanta morte, escravidão e exploração de pessoas humanas e não-humanas. Participe conosco e convide seus amigues para somar. Faça você mesmo! TMJ Abjs

*Nosso evento envolve ativismo social, e, portanto, tem vida própria. Não pagamos anúncios, não corroboramos com nenhuma mídia corporativa, não damos bola a nada que vier deles. Não buscamos e nem queremos patrocínio de nenhuma empresa, instituição ou governo. Também não usamos de apelos do sistema consumista em nossa comunicação, como por exemplo natal, páscoa e demais apelos “comemorativos”. Não somos um “nicho de mercado” tampouco “recursos”. Sem criar expectativas e com toda nossa política radical sem concessões, tivemos a visita de mais de 23 mil pessoas somando os nossos 7 primeiros eventos.
Em breve divulgamos uma matéria com a cobertura de nosso ultimo evento.

**Este evento é dedicado a todas as pessoas denominadas como “loucas” para essa sociedade.

Como pensar e agir sem excluir outras vidas?

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*ATENÇÃO EXPOSITORAS*
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Novas pessoas interessadas em expor, favor enviar e-mail para bazarveganofloripa@gmail.com nos informando telefone com ddd e a respectiva operadora para agilizarmos o contato, ou pessoalmente com Juan Pablo Fabera na tenda da Coletiva TMJ em horário comercial todas as quartas feiras na UFSC.
É muito importante ler a descrição do evento, divulgá-lo e ficar de olho em seu email.

Ato em Anitápolis – Por amor a vida, Fosfateira não!


Tivemos no dia 06 de Abril, nossa reunião do Movimento Arte na praça, que foi muito produtiva e esclarecedora.
Nossa ideia era de começarmos a dar andamento e planejar o próximo evento, que seria uma comemoração, com a Décima edição do Arte na praça!


Porem com a atual conjuntura e necessidades que se apresentam, foi decidido nossa próxima atuação será no formato de “Ação Pública” ou seja , Manifestação como cidadãos, (apartidários) que representam a voz da maioria, e que não querem nem aceitam a instalação da Mineradora de fosfato em Anitápolis.


Lembrando que nosso movimento sempre teve e tem a intenção de promover através da Arte, Cultura e Educação, a conscientização ambiental, sociocultural, fomentando a União da Comunidade, a cidadania de forma consciente, positiva, atuante, colaborativa em prol do Bem Comum!


Fortalecendo assim nossos laços humanos, nossos saberes e propostas, para num determinado momento, quando necessário estarmos unid@s para uma luta mais acirrada, por nosso interesse comun…e esse momento chegou!
E nosso “Mantra” que representa a voz da Maioria é:
POR AMOR À VIDA
FOSFATEIRA NÃO


Sendo assim, decidimos que no dia 04 de Maio de 2019, faremos nossa primeira e grande mobilização pública em Anitápolis, contando e sendo apoio de tantas outras frentes (inclusive jurídica e burocrática) que vem lutando e atuando na fomentação da preservação e desenvolvimento do potencial ecológico e socioeconômico da região de Anitápolis e arredores, incluindo Florianópolis.


Chegou o momento de deixarmos o mais claro possível que não queremos nem aceitamos a implantação da Mineradora de Fosfato, e faremos isso nos organizando para essa primeira grande ação pública, contando com a participação de moradores cidadãos de Anitápolis e arredores, simpatizantes da causa, movimentos afins, etc…


”Vamos precisar de todo mundo, um + um é sempre mais que dois…”
Lembrando que essa é uma tragédia anunciada caso venha acontecer a instalação da fosfateira…temos mais do que nunca exemplos recentes,trágicos e muito tristes,como de Mariana e Brumadinho…
Podemos fazer a diferença agora,não deixando essas tragédias se repetirem aqui em Santa Catarina!


Então anotem nas suas agendas, sem falta e com urgência:
Dia 04 de Maio, estaremos tod@s junt@s e unid@s, na praça de Anitápolis, a partir das 10:00h da manhã, para em alto e bom tom, deixarmos claro que:
POR AMOR À VIDA
FOSFATEIRA NÃO!!!
Teremos nesse dia para Alegrar nossa União:Teatro,Música,Danças,Capoeira,Intervenções artísticas,Conversas de esclarecimento,etc
Um grande abraço e até lá!!!

Ass: Movimento Arte na praça

Cronograma Arte na praça do dia 04 de Maio “Por Amor à vida,Fosfateira Não!!!
10;00h Abertura
10:30h Música com Marcelo Mello e chico Peixoto(Violão voz e violino)
11;30h Música com Franklin e Marcelo Mello(Violão voz e violino)
12:30h Almoço coletivo na praça com o movimento ISKON de Florianópolis
!3:30h Falas e esclarecimentos sobre a atual situação da Mineradora
14:30h Teatro Comunitário do canto apresenta: “Ainda é tempo”
15:15h Fernando Bahia e Cobra Coral (participação Engenho do Zé)
16:00h Encerramento com Maracatu Arrasta Ilha e Grande Abraço simbólico na praça de Anitápolis
Teremos também: Milton Brun com Carlitos (Charles Chaplin)
Presença performática do arquétipo da Guerreira com as mulheres da Gineterapia de Florianópolis
Capoeira
Feira de produtos orgânicos de produtores local
Dança Circular
Presença do BTF(Banco do tempo de Florianópolis)
Pintura facial para as crianças e muito mais!!!

Ahhh .. levem seus copos,pratinhos pra amenizar o lixo.

Também levem lanchinhos, frutas,sucos e água pra compartilhar num picnic coletivo na praça!!!

Esperamos todxs pra fazermos
juntxs a diferença!!!❤🙌🏽❤🙌🏽❤🙌🏽❤🙌🏽❤🙌🏽❤🙌🏽
Até lá!!!
*Cronograma sujeito a possíveis alterações até o dia do evento.

Caminhada Do Silêncio: contra o Golpe Militar de 64 (1 de Abril)

55 anos do Golpe de 1964:
Muitos mortos, desaparecidos e torturados no Brasil.
Nunca vamos esquecê-los!
Para que nunca mais aconteça!
Evento organizado pelo Coletivo Memória, Verdade, Justiça e Marcha Mundial de Mulheres
Venham de preto.
Concentração a partir das 16h, saída da Caminhada do Silêncio às 17:30 pelo centro de Floripa terminando na Alesc para lançamento de livro.

Audiência Pública Contra Violência Policial 27/03

Temos presenciado um enorme aumento da violência policial, especialmente após a posse desse novo governo golpista.
O Brasil é o país que mais mata no mundo, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

Diversas vezes , vimos cenas de guerra em nossas cidades, com invasões de casas, bares, atividades culturais e religiosas, comunidades especialmente onde a maioria é mulher negra, universidade, manifestações públicas…

Mas continuamos em pé na luta pelo Direito à moradia, ao transporte público, à saúde, educação, à cultura e lazer.
Contra o genocídio de nossa juventude negra, a Violência as/os LGBTI, mulheres, moradores de ocupações, de periferia e em situação de rua.

A violência contra o povo é uma marca do Brasil. Mas a resistência também acompanha a nossa história de luta.

Por isso convidamos todas e todos para , dia 25 de março (segunda-feira) , participar da CAMINHADA DE DENÚNCIA E CONVITE , partindo as 15:30h da Catedral, chamando a população para AUDIÊNCIA PÚBLICA CONTRA A VIOLÊNCIA POLICIAL, que ocorrerá dia 27 (quarta- feira) às 18:30h no auditório Antonieta de Barros na ALESC -Assembleia Legislativa SC.

Manifesto: Odeia a Mídia? Então Retome a Mídia!

O ano é 1999, em Seatle nos EUA os protestos contra a reunião da Organização Mundial do Comércio reúnem milhares de pessoas. O movimento de resistência contra a globalização neoliberal, vendida como a utopia capitalista pelos donos do mundo após a queda do muro de Berlim, estava em uma crescente.

A repressão estatal foi intensa, 500 pessoas foram presas e a guarda nacional foi convocada. A mídia corporativa do mundo todo repetia em uníssono o discurso da deslegitimação das manifestações através do foco nos atos de vandalismo contra os símbolos do capital.

“A mídia mente, precisamos da nossa própria mídia.” Assim pensaram aquelas e aqueles que participaram dos protestos. Precisamos divulgar e cobrir nossas ações, encontrar nossa linguagem e os meios para difundi-la. Era o germe do Centro De Mídia Independente, uma rede autônoma de organizações de mídia livre, uma teia de coletivos espalhados pelo mundo, com linguagem própria e que batia de frente com a hegemonia capitalista.

As Zapatistas e suas cores, nas montanhas de Chiapas serviam como inspiração para os “Outros Mundos” que sonhávamos construir: “Nosso sangue e nossas palavras acenderam um pequeno fogo na montanha e o levamos rumo à casa do poder e do dinheiro. Irmãos e irmãs de outras raças e outras línguas, de outra cor e mesmo coração, protegeram a nossa luz e dela acenderam seus respectivos fogos.”, diziam.

Cérebros, multicoloridos, sintonizam, emitem e comunicam para longe. Este impulso internacionalista e libertário teve ecos na América Latina e no Brasil, se mesclando ao caldo de experiência anteriores. O movimento de Rádios Livres no Brasil questionava o monopólio do espectro eletromagnético pelo Estado, entregando enormes fatias para empresas e igrejas, e migalhas para a comunicação comunitária e seus transmissores de baixa potência. Contra isso só havia uma saída: nos organizarmos em coletivos e colocar nossas próprias rádios no ar em um ato de desobediência civil. Na Argentina, companheir@s iam mais longe, e ministravam oficinas de montagem de transmissores, e até construíram uma estação de televisão livre em um prédio ocupado durante os protestos de 2001, no chamado Argentinazo.

O espírito criativo e rebelde do “faça você mesmo” estava presente nas mais diversas iniciativas. O movimento do Software Livre influenciou muita gente que construía estes espaços, com suas ideias de conhecimento aberto, construção coletiva e de adaptação de ferramentas para as necessidades locais. Coletivos ligados a tecnologia como o Riseup surgiram nesta maré, fornecendo até hoje plataformas baseadas em software livre em servidores autônomos para coletivos de ação pela transformação social.

Vinte anos depois, cabe nos perguntarmos, Onde estamos?

O mundo se afunda em uma disputa geopolítica entre EUA, China e Rússia. A crise climática e as ondas de refugiados são uma realidade, e extrema-direita cresce no mundo todo. Os EUA são governados por Trump e o Brasil por um sujeito que rasga elogios a ditadores e torturadores. O povo Curdo, luta cada vez mais isolado por uma revolução em territórios arrasados pela guerra civil e a Venezuela pode ser a próxima Síria. O próprio Capitalismo encontra-se em um campo de batalha na disputa pelo controle dos Estados, entre as antigas facções do neoliberalismo e as novas mais à direita que negam o “globalismo” e defendem nacionalismos chauvinistas, ressuscitando os fantasmas do fascismo.

E a mídia tem um grande peso neste cenário distópico.

Os governos latino-americanos da onda “progressista” pouco fizeram para mudar a realidade da mídia hegemônica em seus países. E nós, do lado autonomista desta história, vimos nossas iniciativas minguarem pelos mais diversos motivos.

Nunca tivemos tanta gente com acesso a Internet, e os computadores, antes restritos a uma seleta parcela da população, agora estão disponíveis para as massas e cabem na palma da mão. A televisão ainda tem a audiência de 79% dos brasileiros, mas o consumo de notícias pelas “mídias sociais” tem aumentado: 91% dos brasileiros disseram usar a internet para se informar e 138 milhões de brasileiros têm celular, com 116 milhões de pessoas conectadas na Internet, segundo dados de 2017/2018.

Hoje até nossos avós podem fazer uma “live” apontando os problemas do posto de saúde do bairro. Mas o que vemos está bem longe da utopia da Internet como ferramenta de libertação, como muitos de nós sonhávamos. Fomos atropelados pelo crescimento de gigantescas corporações nascidas no vale do Silício, que centralizaram a produção e o consumo de informações em um pequeno grupo de serviços tão simples e massivos quanto bilhões podem comprar. A centralização nestas plataformas é tão grande que 55% dos brasileiros acham que o Facebook é a própria internet.

Nesta maré, a “nova direita” incentivada por bilionários como os irmãos Koch e Steve Bannon, ideólogo da extrema-direita mundial, nadou de braçada. Adaptaram a sua linguagem aos memes e compraram consultorias de empresas de engenharia social como a Cambridge Analytica, investindo muito dinheiro em publicidade. As esquerdas se adaptaram ao sistema, criando suas próprias bolhas dentro das plataformas corporativas e abandonaram seus próprios espaços de comunicação, como os sites e listas de e-mails.

Não estamos mais nos anos 2000 e os desafios para a mídia independente de esquerda (a necessidade deste adjetivo já é um sinal disto) são gigantescos.

Mas se aprendemos algo nestes últimos anos, é a dura constatação de que as Plataformas que utilizamos não são “neutras”, elas refletem os interesses e propósitos daqueles que as construíram, e estão embebidas de seus valores. Isto é evidente em tempos de vigilância em massa e algoritmos obscuros controlados por corporações.

Portanto, um princípio que já nos foi muito caro no passado, segue cada vez mais fundamental nestes tempos turbulentos: É necessário que tenhamos o máximo de conhecimento e controle sobre as tecnologias e as ferramentas que utilizamos. Software Livre ainda é essencial, mas também precisamos pensar no desenvolvimento de infraestruturas autônomas de comunicação e até em hardware livre.

Para além deste princípio, temos outros pontos emergentes a pensar para evitar que nossos esforços tenham resultados efêmeros:

  • O financiamento de nossas próprias iniciativas;
  • A socialização do conhecimento técnico para além de pequenos grupos de especialistas;
  • A possibilidade de integração/interação entre diferentes meios e ferramentas, inclusive as corporativas, para evitar a formação de guetos militantes;

Sem enfrentarmos estes problemas seguiremos discutindo superficialmente e no curto prazo apenas questões “práticas” como qual é o melhor aplicativo para alcançar seguidores ou se devemos impulsionar ou não o evento da próxima manifestação. Precisamos cada vez mais discutir Tecnopolítica e agir para retomar a mídia! Afinal de contas, já criávamos nossas próprias redes sociais muito antes do surgimento destes canalhas.

Por Capivara Vintage
Escrito no Verão de 2019