Programação do #8M 2019

Programação da Greve Internacional de Mulheres – #8Marielle: Vivas, livres e resistentes em Florianópolis! No dia 8 de março, a partir das 6h da manhã em frente ao Ticen! Durante todo o dia, rodas de conversa, tendas temáticas, panfletagem, atividades artísticas. E a grande marcha das mulheres começa às 18h! Vamos todas!

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O 8M SC:

Pelo terceiro ano consecutivo, nos unimos às mulheres do mundo na Greve Internacional de Mulheres do dia 8 de março. Em Santa Catarina, convidamos você para o nosso #8Marielle, um dia de luto e memória, mas também de luta, resistência e denúncia. Ao mesmo tempo em que gritamos nas ruas o nome de nossas líderes assassinadas pelas milícias fascistas e exigimos justiça, celebramos o crescimento do levante feminista no Brasil e no mundo. Em toda parte, mulheres se unem e se erguem contra a opressão, promovendo alianças com as minorias e maiorias estigmatizados pelo poder patriarcal.

Homenageamos Marielle Franco, mulher negra e bissexual da periferia do Rio de Janeiro, ativista e vereadora, para mantermos viva a sua memória de luta. Ela atuou na defesa dos direitos humanos, denunciou a violência das polícias e das milícias no Rio de Janeiro e se tornou a voz de milhares de pessoas. Por essa razão, foi executada em um crime que há quase um ano permanece sem solução e sem condenados. Em 2019, o 8 de março é #8Marielle!

Todos os anos, centenas de mulheres são mortas no Brasil. Morrem assassinadas pelo machismo, pelo sexismo, pela lesbofobia, pela transfobia, pela bifobia. Morrem por seu compromisso com a luta por direitos, como Marielle, e por lutarem pela proteção de vítimas de violência sexual e por denunciarem esses crimes, como a ativista Sabrina Bittencourt, que sofreu perseguição e constantes ameaças de morte. Santa Catarina é dos estados brasileiros com mais registros de violência contra as mulheres e primeiro em denúncias de tentativa de estupro, segundo o anuário da violência de 2018. O Estado, por meio do Poder Judiciário machista, patriarcal, sexista e racista, falha em solucionar e prevenir tais crimes, demonstrando que nossas vidas não importam. Diante de tanta omissão e opressão, paramos. Pois, se nossas vidas não importam, que produzam sem nós!

Conheça a programação e participe da Greve Internacional de Mulheres!

Nota de solidariedade aos atingidos

Prestamos solidariedade à todxs xs atingidxs pelo rompimento da barragem de Brumadinho/MG.

Afirmamos que estamos, não somente com os trabalhadores atingidos e seus familiares, mas, com todos os humanos, não-humanos, com família ou sem família; atingidos por este crime brutal.

O que aconteceu hoje em Brumadinho não é consequência da impunidade de Mariana. É consequência de centenas de anos de elites saqueadoras e assassinas. É consequência de oposições astigmáticas e condescendentes a esta elite. É consequência do fetiche dos que desejam ter um “estado para chamar de meu”. Consequência de nossos machismos e racismos estruturantes. Da psicopatia social em que estamos mergulhados. Consequência de desmantelamentos e aparelhamentos de organizações de resistência. Consequência de silenciamentos como o silenciamento das insurreições de Junho de 2013. Pinheirinhos/São José dos Campos; Rafael Braga, Marielle Franco; os 23, Vitor Kaigang, Museu Nacional e de outros centenas de milhares de silenciamentos que deitamos sobre o colo do estado tutor e/ou às providências divinas. A lista é imensa e não temos a inocência, e/ou a má-fé, de reduzir este brutal crime de brumadinho à impunidade de Mariana.

Denunciamos este governo nefasto, abjeto e assassino; mas apontamos que este governo representado pela figura de seu presidente é sintoma de algo muito maior. Assim como denunciamos todos os anteriores governos, que podem, sem nenhuma dificuldade, serem apontados de biocidas, etnocidas, genocidas; atentando frequentemente e permanentemente e violentamente contra territorialidades, contra lutas por liberdade, indígenas, quilombolas, camponeses, periferias, pessoas em situação de rua, contra milhoes que vivem em extrema pobreza, marginalizados, abandonados à própria sorte.

Denunciamos atuação progressista, liberalista, aceleracionista, reformista, negacionista; seja ele da direita ou da esquerda que abrace estes fundamentos. Não será este estado governado por psicopatas sociais, nem os anteriores e nem nenhum estado que poderá encerrar estes crimes. Estes crimes somente serão encerrados com o fim do capital, com o fim desta democracia cínica.

Não pedimos a extinção da Vale. Pedimos a extinção da barbárie contra a natureza e contra nossos corpos. Tanto faz se a empresa que destrói é privatizada, multinacional ou estatal. O que deve estar no centro da discussão não é qual o melhor modo de se produzir, e sim qual modo de estar não destruirá vida.

Não pedimos que a sociedade abra os olhos, porquê não achamos que a sociedade está de olhos fechados. Não temos essa arrogância infantil em nossas mochilas.

Não importam as toneladas de provas contra a vale, provas não faltam, nunca faltaram, e estes que aí estão no governo (assim como os anteriores) reivindicarão averiguações e investigações e teu respeito pela ponta de um fuzil. Vermelhos e Verdes.

Brumadinho é um grande colapso. Mas, todos os dias, os dias inteiros, colapsos acontecem ininterruptamente, múltiplos, pequenos ou grandes; e vão se multiplicar, vão seguir. E queremos estar aonde?, fazendo o que?, Em tempos medíocres como estes que estamos vivendo, para o extraordinário acontecer, é preciso criá-lo.

O vocativo “Atenção, crime ambiental” não abarca a brutalidade invisível por trás dele. Por isto, pixamos em seu lugar outro: “Atenção, Deserto”. 

Contra todo estado e contra o capital, pois são práticas de morte e destruição.

Decolonizemos pensamentos.

Reafirmamos que estamos, não somente com os trabalhadores atingidos e seus familiares, mas, com todos os humanos, não-humanos, com família ou sem família; atingidos por este crime brutal.

Abraçados, unidos, solares; lutemos!

Liberdade!

Assine você também!

Fonte: https://telegra.ph/Nota-de-solidariedade-aos-atingidos-01-26

Apesar de você: Ocupar o centro velho implica em perguntar cidade para quem?

Músico foi atingido no abdômen por bala de borracha – Arquivo Pessoal/ND.

Dia 20 de janeiro, após o show do Los Desterros no Taliesyn guarnições da polícia militar foram a Rua Victor Meireles para dispersar um grupo de pessoas que estava cometendo o grave delito de cantar samba e conversar na rua.

Palmas e vozes cantando “Apesar de Você” foram suficientemente provocativas para desperta o ódio do policiais militares? Não sei, a música “Apesar de Você”, uma dura crítica a ditadura civil-militar que durou 21 anos e deixou marcas profundas na sociedade brasileira como a herança maldita de uma policia militar, pode ter sido o motivo para alguns policiais atacarem de forma sádica pessoas.

Ainda assim, acho que o motivo dessa merda toda que aconteceu dia 20/01/2019 tem sua historicidade refletida na conjuntura onde torturadores são chamados de heróis pelo Talibã Neoliberal no Bananistão (Brasil), algo que entre outras coisas, torna ainda mais forte o que são a Policia Militar e as Guardas Municipais: braços armados executores da política de amplos processos de higienização social e controle social armado dos centros urbanos.

Essa política de de higienização social e controle social armado se erradia por toda cidade em Florianópolis, não são parte do ideário de outra política, de nova política como gostam falar os empreendedores, viúvas da ditadura e de neofascistas do MBL, é mesma política dos anos 2000 que fez de Florianópolis laboratório para teste da política de segurança pública tolerância zero, na época governada pela clã Amin.

Ironia?
No dia 20, havia desde a tarde uma grande concentração de pessoas na região da Rua Vitor Meireles por causa o evento promovido pelo “Square Lab, o primeiro coworking a céu aberto do Brasil, um super projeto do Centro Sapiens que promete ocupar e promover, através da economia criativa, o espaço entre a antiga Escola Antonieta de Barros e o Museu da Escola Catarinense, no Centro de Floripa”. Onde a atração principal era a banda Franscisco El Hombre, conhecida por suas letras de contestação.
Por que irônico? Porque se estava justamente comemorando o lançamento um projeto que faz parte da nada transparente e nada democrática política dos gestores de empresas privadas do Centro Sapiens, a CDL e a Prefeitura, promotoras de higienização social.

O que aconteceu no Taliesyn?

O bar fechado meia hora antes por ordem da PM, antes chegarem com reforços com armas menos letais. O inicio das agressões policiais começaram com a baforada de gás de pimenta da PM no pessoal que cantava samba, totalmente despropositada. Vi um professor da rede estadual com o rosto coberto de spray de pimenta, e como se não fosse suficiente foram desferidos disparos a queima roupa lhe acertando em cheio e causando três lesões: duas na região próxima a axila e uma próxima ao pescoço. Qual o crime do professor, cantar e reclamar do primeira agressão?

Essa cena não te diz nada? A intenção não era dispersar as pessoas ou conter alguém mais exaltado, mas causar uma lesão corporal grave, daquelas que cegam de um olho, quebram ossos e dentes, como a gente já viu acontecer aqui na cidade tantas vezes.

Dali em diante foi uma correria, encontrei um jovem que havia recebido um tiro no braço, estava bem machucado; uma mulher que ao tentar fugir da PM caiu quebrando o dedo e ferindo o queixo; o relato de uma jovem que levou um cacetada na cabeça e teve o celular furtado pela PM ao tentar gravar o que estava acontecendo; e de um outro professor que levou um tapa no rosto tão forte que chegou a cair no chão e ficou com os lábios feridos. Outros relatos estão no Facebook e já foram publicados na imprensa local.

Durante a ação os policiais gritavam “Agora é Bolsonaro. Porra!” enquanto distribuíam cacetadas a torto a direito atiravam balas de borracha como se estivessem curtindo um carnaval antecipado, lembrando dos episódios na Lagoa, Santo Antônio e Sambaqui onde a PM fez nos carnavais passados verdadeiros fiascos.

Não foi a primeira vez que se escuta policiais gritando “Agora é Bolsonaro!” No fim de 2018, quando as pessoas estavam indo embora do GeoSamba, uma roda de samba dentro da UFSC na frente do Museu de Arqueologia, a policia chegou e distribuiu tiro, porrada e bomba aos gritos que expressam o que eles entendem em ter um completo cretino racista, homofóbico e autoritário como presidente: A liberdade de passar por cima da Constituição e das normas da própria corporação quanto aos procedimentos dos agentes da segurança pública e servidores públicos.

O “Agora é Bolsonaro” é isso aí… a democratização da porrada, não mais restrita as camadas mais pobres e vulneráveis e movimentos populares. Se essa violência institucional escandaliza, ela não surpreende.

A tempos que o sonho da nossa elite escravocrata de Floripa é se vingar de tudo e todxs que consideram uma ameaça ao sonho de uma cidade mais branca para turistas e moradores ricos. O sonho fez do Mercado Publico Municipal um lugar horroroso de concentração das classes médias brancas onde antes havia todo tipo de “gentes” curtindo samba e reggae. Um sonho que não está sendo implantado só pela porrada, mas também, pela prefeitura e o centro sapiens com um nome bonito de indústria criativa com requintes de gentrificação.

Resumindo e propondo ou as pessoas que convivem no centro passam a exigir transparência e participação popular nos processos de reforma urbana na cidade ou estamos na merda. Cantando ou não “Bolsonada”, os copos deles continuam cheios e nosso ainda andam vazios. O calor da rua não pode ser apenas na hora da celebração e da “fextinhaaa”, enquanto tantas pessoas passam frio morando nas ruas.

Ocupar a cidade implica em perguntar: cidade para quem?

Só o poder popular muda a cidade! É tudo nosso! Não deixem nossas revoltas serem gourmetizadas!

Raiva Urbana

Centro Sapiens, Capitalismo Selvagem

Está em curso um processo de higienização social e gentrificação do centro histórico de Florianópolis. Gentrificação é um termo que pode ser traduzido como o aburguesamento ou “gourmetização” de uma região da cidade como consequência de ações que aumentam o custo de vida no local, afastando antigos moradores e frequentadores.

Banner do Coletivo Santa Cecília SEM Minhocão, publicação Cidade para as pessoas ou para as empresas?

A reforma do Mercado Público com custo de R$ 10,7 milhões é uma das primeiras peças deste projeto iniciado pelo ex-Prefeito Cezar Souza Jr. (PSD) em 2015, o mesmo que queria entregar a simbólica Ponta do Coral para a Hantei construir seu gigantesco hotel-marina. A reforma elitizou o local e diminuiu o seu caráter popular com lojas, bares e restaurantes fora do contexto cultural e mais caros.

Bobs do Mercado Público, Culinária Local?

As obras de revitalização do largo da alfandega que estão em curso com orçamento de R$ 8 milhões vão na mesma pegada. Percebam o uso da palavra “revitalização”, para trazer “nova vida” no local, palco tradicional de tantas manifestações políticas e também culturais como a Batalha de Alfandega que todas as quintas reúne jovens da periferia da cidade que ali duelam com ritmo e poesia (RAP), como narrado no documentário A Causa é Legítima: A Batalha da Alfândega é o Direito à Cidade.

Batalha da Alfândega, após repressão da Policia Militar
Projeto do novo Largo da Alfândega,

Mas a cereja do cupcake neste processo é o “Centro Sapiens”, um projeto de revitalização da área leste do Centro Histórico (novamente a palavrinha mágica) encabeçado em 2015 pelo Sapiens Parque em conjunto com a Prefeitura. O projeto pretende transformar a região em um polo de inovação e empreendedorismo e conta com a participação de entidades patronais como a CDL (Câmara De Dirigentes Lojistas) e a ACIF (Associação Comercial e Industrial de Florianópolis).

No mural, inspiração em Barcelona, Nova York e na “Cidade Pedra Branca” em Palhoça. O arame farpado não pode faltar.

Projetos como estes, inspirados em experiências “bacanas” como a do Vale do Silício nos EUA desconsideram estudos que destacam um panorama alarmante para a gentrificação associada ao setor de tecnologia e inovação: são 134 mil pessoas sem teto e duas décadas de gentrificação ocorrendo no estado da California que, sozinho, detém o 5º maior PIB do mundo. Problemas semelhantes ocorrem em países desenvolvidos como a Alemanha e Reino Unido, causando protestos dos moradores de bairros afetados por este empreendimentos.

(Arte de rua em Mission District, São Francisco, California. Créditos: torbakhopper)

Por aqui seria diferente? Nenhum grafite descolado, brechó chique ou hamburgueria vegana vai diminuir o impacto social causado pela especulação imobiliária na região.

Além disto, todas estes “projetos de revitalização” (Mercado Pública, Largo da Alfandega e Centro Sapiens) foram realizados sem qualquer debate com a população da cidade ou da região, com exceção dos setores que podem lucrar com eles e seus sócios políticos (nossos “representantes”). Nenhuma audiência pública, nenhum estudo sobre o impacto no aumento do custo de vida para as pessoas da região, nenhum diálogo com as manifestações culturais que já existem ali (como as batalhas de RAP, rodas de capoeira e de samba), e pior, nenhuma palavra sobre como a cidade vai lidar (e está lidando) com o dramático aumento no número de pessoas em situação de rua, afetadas pela crise geral em que o país se afunda.

Ser humano.

Pois bem, neste Domingo 20/01/19 para “celebrar essa conquista para nossa cidade” acontece o lançamento do “Square Lab – O Centro é a Nossa Praia” o primeiro “coworking a céu aberto do Brasil”, projeto do Centro Sapiens que vai levar um show da desconstruída banda “Francisco El Hombre” para o espaço entre a antiga Escola Antonieta de Barros e o Museu da Escola Catarinense. Levando muita gente questionadora e a esquerda festiva para o “Centro Sapiens” da cidade.

Pois bem, em tempos de cortes para tudo que é “social”, fica o questionamento de como o poder público vai lidar com “os indesejáveis” para este sonho californiano da “Capital da Inovação”. Fica aí um trechinho da música “Tá Com Dólar, Tá Com Deus”, da banda Francisco, El Hombre para dar a letra:

“Eita, fudeu
O dólar vale mais que eu
Vale mais que eu…”

Agora bora beber nossa cervejinha artesanal e cantar nossa canção de protesto, mas não sem esquecer alguns questionamentos:

Quem se beneficiará com estes projetos?
Quais os impactos na identidade cultural do local?
Quais os impactos para a vida dos ocupantes da região?
Que modelo de cidade queremos e qual o modelo de cidade o Capital quer empurrar para nós?

Por Carlos Alberto Silva Leminski
Coletivo Raiva Urbana

Para o Homem do Chifre, personagem icônico do centro de Florianópolis, quase enterrado como indigente em 2017.

SLAM Continente denuncia abuso de autoridade da Policia Militar

Na noite dessa terça-feira (20/03), na praça do Kobrasol em São José-SC estávamos fazendo mais uma edição do SLAM Continente. Era umas aproximadamente 19:40 quando uma viatura da Polícia Militar parou no meio da praça e chamaram um irmão preto dos nossos. Revistaram só ele e fomos perguntar aos policiais o porquê daquela ação. Costumamos filmar as edições do SLAM e aproveitamos pra filmar essa abordagem policial arbitrária. Os policiais se irritaram e passaram a revistar todo mundo que estava no SLAM pondo no paredão, com as mãos na cabeça. Após essa revista humilhante, abaixamos os braços e gritamos o lema do nosso SLAM: “POESIA QUE LIMPA A ALMA E ABRE A MENTE! SLAM CONTINENTE!”

Após isso, a PM prendeu quatro dos nossos por perturbação à ordem! Fomos conduzidos à uma Delegacia em Barreiros e só fomos liberados após assinarmos um Termo Circunstanciado. Além disso, os policiais apreenderam o celular do companheiro que filmava o SLAM e que filmou toda a abordagem policial.

Esse é mais um episódio de repressão aos lutadores, negros e pobres. Em novembro do ano passado, quatro militantes do movimento hip-hop Quilombo Urbano, foram presos no Maranhão por lutarem por saneamento básico em seus bairros pelo governo e agora estão sendo processados.

Não temos dúvida de que essa ação racista da PM de Raimundo Colombo quer calar a nossa voz. Mas não vão conseguir!

Atos de protesto contra a execução de Marielle e Anderson

Executada com tiros na cabeça a militante de direitos humanos e vereadora pelo PSOL do Rio de Janeiro Marielle Franco. Marielle, nascida e criada na favela da Maré, tinha acabado de denunciar a ação brutal e truculenta da PM na região do Irajá, na comunidade de Acari. Também foi assassinado o motorista Anderson Pedro Gomes, que dirigia o veículo. Se os assassinos se sentiram a vontade para matar a quinta vereadora mais votada pela cidade, imagina o que não fazem por aí nos becos e vielas, de quem mora na favela ou quem vive nos cantões do país? Na semana passada foi o Marcinho do MST da Bahia, assassinado a tiros na frente do filho de 6 anos. O cerco se fecha para quem luta por uma sociedade mais justa nessa democracia de faz de conta.
#mariellepresente #terroristaéoestado#forapmdomundo

Uma de nós
Uma voz
Menos uma
Voz
De nós
Mais uma
Silenciada
Executada
Mais uma
Que é nós
Que ata
Que peita
Que brada
Mais uma
Açoitada a tiros
Como a chibata
Que açoitava
O couro preto
Que reluz em nós
Escravizadas
Aprisionadas
Hoje assassinadas
Dizimadas
Pelo mesmo algoz
Mas seu eco
É grande
Sua imagem
É nossa
Seu nome
É imenso,
É Mar
E ele
não a matará
Dentro de nós
Guerreiras como vós
Unidas a fortes nós
Não calaremos
Venceremos
Te honraremos
Até que não reste
Vestígio sequer
Deste bruto algoz

(Por Larissa de Paula Couto. Pela memória de Marielle Franco. Rio de Janeiro, 14 de março de 2018)

8M – Greve Internacional de Mulheres! Tempo de Rebelião! [Florianópolis]

8M – Greve Internacional de Mulheres! Tempo de Rebelião!

Se liga na programação aqui para Floripa.

Por que paramos:
Contra a DISCRIMINAÇÃO NO MUNDO DO TRABALHO, por SALÁRIOS IGUAIS, pela valorização do trabalho doméstico e de cuidados! Contra a invisibilização da FUNÇÃO SOCIAL DAS MÃES e contra a violação de seus direitos e de seus filhos e filhas!

Contra a REFORMA DA PREVIDÊNCIA DO GOLPISTA MICHEL TEMER. Nós, MULHERES, seremos as mais atingidas pela reforma. TEMER quer ROUBAR nosso direito à APOSENTADORIA DIGNA e à ampla SEGURIDADE SOCIAL.

Contra os efeitos CRUÉIS E ESCRAVAGISTAS DA REFORMA TRABALHISTA do GOVERNO GOLPISTA e por seu imediato CANCELAMENTO!

Contra a Emenda Constitucional 95, que congela os gastos com saúde, educação e segurança pública por 20 anos!

Pela democracia e soberania nacional!

Pelo direito das mulheres encarceradas que ainda sofrem com um sistema carcerário desumano. Em alguns estados, cerca de 70% estão presas preventivamente – sem ter sua sentença julgada!

Contra a opressão e dominação do CAPITAL INTERNACIONAL, que submete nossos países ao papel de servidores de grandes multinacionais, ESCRAVIZANDO trabalhadoras e trabalhadores!

Contra a VIOLÊNCIA MACHISTA que nos ATACA e MATA todos os dias: nas ruas, nos ônibus, dentro de nossas casas, nas escolas e nos ambientes de trabalho. No Brasil, acontece um estupro a cada 11 minutos. MULHERES SÃO MORTAS pelo fato de serem mulheres e o número de feminicídios aumenta a cada dia!

Pelo direito à livre expressão da sexualidade e das identidades de gênero e ao aborto legal, seguro e gratuito!

Contra a discriminação racial e o genocídio da população negra e indígena!

Pela vida de TODAS AS MULHERES: do campo, da cidade, das florestas e das águas!

PROGRAMAÇÃO DO 8M EM FLORIANÓPOLIS:

01/03 a 10/03 – La Kahlo Bodega – Exposição Violências Contra as Mulheres
01/03 19h – Morro do Mocotó – Resistências Reais: Mulheres Negras, Periféricas e de Matriz Africana
05/03 18:30- 22h – Instituto Arco-Íris – Lançamento da Frente pela Legalização do Aborto
07/03 08h às 18h – Assembleia Legislativa de Santa Catarina – SEMINÁRIO REGIONAL: “PELO FIM DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER” – Auditório Deputada Antonieta de Barros
07/03 às 19:30h – Cinema do CIC – Cinemática – 1ª Mostra Àjé Mulheres Negras no Cinema
08/03 – Largo da Alfândega:
08h às 16h – Tenda Jennifer – Espaço Ciranda e espaço para rodas de conversas e trocas de experiências.
08h às 17h – Tenda Olga Benário – Um olhar sobre a vida das mulheres encarceradas, com materiais e troca de correspondências.
08h às 17h – Tenda Mãe Gracinha – As mulheres quilombolas e a luta por direitos. Com exposição de fotos.
08h às 17h – Tenda Anticapitalista – Tenda da troca (tragam roupas, acessórios, sapatos e disponibilidade de troca de serviços)
09h às 12h – Tenda Valda Costa – Oficina de Grafite com Gabriela Olívia Marques
09h às 10:30h – Tenda Jennifer – Roda de Conversa com ADOSC
10h30m às 12h – Tenda Janete Cassol – Roda de Conversa: Branquitude e Negritude – com Mathizy Pinheiro, Lia Vainer, Vanda Pinedo (MNU) e Maria de Lourdes Mina (MNU)
12h às 13h – Coreto – Coletivo NEGA – Teatro/Performance
13h às 14h – Tenda Janete Cassol – Roda de Conversa: (IN)VISIBILIDADE TRANS – Desafios e Oportunidades – com Lirous K’yo Fonseca Ávila e Maria Zanela
13h – Madalenas – Cortejo
14h às 16h – Tenda Valda Costa – Oficina de Lambe com Kio za’s e
14h às 14:30h – Coletivo Independente Fluído – Performance
14h às 17h – Tenda Janete Cassol – Movimento sindical e social com debate: A Defesa da Democracia e da Soberania Nacional. A luta por Direitos e pela Vida das Mulheres.
14:30h às 15h – Coreto – Paz – Pocket Show Rap
15h às 15:30h – Coreto – KANDACE – Pocket Show Rap
15:30h às 16h – Coreto – Trama Feminina – Pocket Show Rap
16h às 16h30m – Coreto – MC Mooa – Pocket Show Rap
16:30h às 17h – Coreto – MC K47 – Pocket Show Rap
16h às 17h – Tenda Jennifer – Debate: mulheres com deficiência
17h às 17h30m – Coreto – Roda de Samba de terreiro – Samba a Três,com Elaine Sallas, Bu Amato e Tay Muller
17h – Concentração Marcha
17h40m às 18h – Coreto – Pollyana Tathyana Rodrigues (ADEH) – Pocket Show
18h Bloco Cores de Aidê – Abertura da Marcha
20h30m às 23h – Coreto – Batalha da Alfândega:
– Pocket Show: NOVE
– DJ’s Beats Batalha: Brum e Isa
– Apresentadoras: Luneti, Moa e Sara
– Chaves da Batalha: Gugie e Duda
– Playlist feminista: Olívia, Ana, Berra, Sara e Duda
20h – Casa de Noca – Tempo de Resistência – Rumo ao FSM
10/03 – La Kahlo Bodega – das 15:30 às 21h – Até Quando? Não me Kahlo!

O 8MBrasilSC 2018 – Greve Internacional de Mulheres em SC é organizado por mulheres autônomas, de coletivos, movimentos, sindicatos, federações e associações, seguindo o chamado internacional para o 8 de MARÇO. No facebook: 8M Brasil SC.

XØKE – Mo(n)stra Independente de Arte de Guerra de 06/12 até 10/12

Replicação de Catarinas.info.

A terceira edição da #XØKE acontece entre 6 e 10 de dezembro de 2017 por diversos espaços de Florianópolis. Serão 5 dias de programação com 45 ações, entre interferências urbanas – e na praia , exibição de vídeos, intervenções impressas – através de lambes, rodas de conversa, oficinas, entre outras atividades.

“A XØKE :: Mostra independente de arte de guerra é uma ≡ ∆ MO(n)STRA ∆ sem corpo e sem nome que penetra nas brechas no cis-tema_ ebulição vulcânica de muitos gritos contidos_ rasgando o chão que sustenta a ordem nossa de cada dia_ DiStOrCeNdO a imagem limpa e cheirosa dos cartões postais ††††††† saem dos bueiros o mal-estar da cidade oculta e invisível, aquela que não se quer ver, dilacerando a mão estendida e podre do colonizador que conta suas nota$ sujas sentado sobre as CORPAS que não são contadas.”

P R O G R A M A Ç Ã O

QUARTA-FEIRA|  06. 12
09h-13h | Local: Casa 431 (Rua Visconde de Ouro Preto, 431 – Centro)
Oficina “O Corpo em Jogo na Cidade” (9h -12h)  com Entropia Experiências Artísticas (SC)
INSCRIÇÕES: goo.gl/forms/0AtzxLn8XwpWuUDb2
*Contribuição espontânea*

11h | Saída: Ônibus TICEN-TICAN (Centro)
PÓ-E-SCIA PERFORMÁTICA (30min)  com Ayvu (SC)

12h | Local: Largo da Catedral
pra colapsar distância: insistência (1h)  com Le Bafão e Nick Ferreira(SC/TO)

13h | Local: Praça XV
Intervervenção do Trio Arroz de Festa (30min)  com Trio Arroz de Festa(SC)

15h | Local: Praça XV
À Deriva Sonora (45min)  com Rodrigo Ramos (SC)

15h30 | Local: Largo da Alfândega
PORNOCÓPIA (30 min)  com Estúdio de Arte Rebelde (SC)

A definir | Local: Senadinho (Rua Felipe Schmidt – Centro)
O ABISMO (2h)  com A)Gentes do Riso (SC)

17h | Local: Casa Vermelha (R. Conselheiro Mafra, 590 – Centro)
ANSEIOS (30min) com  Ieda M Takaya (SP)

20h | Local: Largo da Alfândega
Vídeos de XØKE ||| Territórios móveis: rua como relação e guerrilha ||| (41min)
Melindrosa ~~~ Ana Luisa Santos
infiltration º2 ~~ Manuel López
P/HERZER ~~ Caio Jade e Lu Hiroshi
registro – Desidentidade | Mulher – Dani Barsoumian ~~ Jeffe Grochovs
Contemplacão ~~ Van Jesus

21h | Local: La Kahlo Bodega (Av. Hercílio Luz, 633 – Centro)
Depois da inocência (10min)  com Maini Ian (SC)

21h30 | Local: La Kahlo Bodega (Av. Hercílio Luz, 633 – Centro)
JENYFER (10min)  com OS Indirigíveis (SC)

22h | Local: La Kahlo Bodega (Av. Hercílio Luz, 633 – Centro)
Fracasso é pra poucos (20min)  com Marília Madalena Outra Fulô (SC)

QUINTA-FEIRA 07.12
09h-13h | Local: Casa 431 (Rua Visconde de Ouro Preto, 431 – Centro)
Oficina “O Corpo em Jogo na Cidade”  com Entropia – Experiências Artísticas (SC)
INSCRIÇÕES: goo.gl/forms/0AtzxLn8XwpWuUDb2
*Contribuição espontânea*

10h | Local: Conselheiro Mafra
INTERVENÇÃO CIRÚRGICA (1h)  com Caroline Serafim Dias e SilMar P RioMar (SC)

12h | Local: Rua Conselheiro Mafra
Chronos-orgia (1h)  com Passarinha in Xamas (SC)

13h | Local: Rua Trajano
Kinksters (40 min)  com Van der Ground

14h | Local: Casa Vermelha (R. Conselheiro Mafra, 590 – centro)
Escuta esse silêncio! (1h30) com Nemê Dan Saramor (SP)

15h | Local: Rua João Pinto
URRO (30 min) com Desordenada Coletivo Artístico (PR)

16h | Saída: TICEN – Plataforma B
Jam Busão (1h) com Coletivo Transitório de Praticantes de Contato Improvisação da Ilha
Trajeto: TICEN – TIRIO – Campeche

16h30 | Local: Largo da Alfândega
Biruta Nua e Crua (30 min) com Calini Detoni [ Palhaça Biruta ] (SC)

17h30 | Local: Travessa Ratcliff
Onça Pintosa (30 min) com Zezé Vivian e Lutiano José (RS)

20h | Local: Praça da Lagoa
Vídeos de XØKE ||| Entre corpos: caminhos do indivíduo coletivo ||| (30min)
o que dizer há uma pessoa que se recusa a morrer? ~~ Cali Ossani
Requiem 1:55 ~~ Mariana Rocha
Sobre as experiências que te tornam muda ~~ Passarinha in xamas, Bu Amato
Eu robô ~~ Sara Não Tem Nome
IMPRESSÕES INVISÍVEIS ~~ Ana Paula Digues
Perejil – Priscila Fernandes
“A Experiência da vida é a pergunta” ~~ Experimento 12: “O mar e ela” – Luanah Cruz
Antro-porno-fagia: Everton Lampe, Lucas Bernardi
experimento (13 de 90) ~~ Maite Nolasco
Em Memória do Meu Ovário Enfermo ~~ Kali Kali

22h | Local: CASA DE NOCA ♫
LA XØKATA – cerimônia de causamento da XØKE
+ programação em breve +

SEXTA-FEIRA 08/12
11h | Local: Rua Felipe Schmidt
Ação Náuseas (1h) com Coletivo Artístico Una (SC)

12h | Local: Largo da Alfândega
MACEDUSSS & Os Desajusta Bando em Marcha de Amor Delicia Defesa da Belezinha do Lixo: O LIXO É O NOVO PIXO! (1h) com MacedusssMACEDU$$$: Identidade Coletiva! (SP)

13h30 | Local: Escadaria do Rosário
Espero Poder Enxergar (1h) com Coletivo Espero Poder Enxergar (SC)

14h | Local: Rua Conselheiro Mafra
PAREDEBALAEU (30min – 2h) com Gustavo Silvamaral (DF)

15h | Local: Rua Felipe Schmidt
excrementos de um poema sujo (45 min) com Vinicius Viana (MA)

16h | Local: Largo da Catedral
Sangue nosso de cada dia (1h) com Carol Zica (SC)

17h | Local: Largo da Alfândega
Experiment-ação-direta Corpus em Chamas (50 min) com Grupa (SC)

18h | Local: Travessa Ratcliff
Enxerto (1h30) com Thais Ponzoni (SP)

19h | Saída: Felipe Schmidt
(sobre)Vivendo ao (meu querido) Inferno (1h) com Carole Crespa aka Bet Raba (SC)

20h | Local: Terminal Velho
Vídeos de XØKE ||| Massa que reage: todas as ações coletivas possíveis ||| (33min)
Les Plages d’Ique ~~ Ique Gazzola
DIOTA ~~ Natasha de Albuquerque
Dança das cadeiras ~~ Corpos Informáticos
A calma do Boi ~~ Ana Carolina Nogueira
Video Arte, Transeuntes ~~ Larissa Brum
Rasteira n.2 ~~ Cali Ossani

20h30 | Local: Terminal Velho
RØDA DE CØNVERSA ~~~~ sobre os vídeos de XØKE
com Cláudia Cárdenas

SÁBADO 09.12
09h | Local: Praça da Lagoa da Conceição
Espaço do Silêncio (7h) com Nina Caetano (MG)

09h30 | Local: Praça da Lagoa da Conceição
Encontro Performático Purpurinado Libertário Monstruoso e Molhado de Bolhas de Sabão Gigantes (2h) com Jão Nogueira (BA)

10h | Local: Praça da Lagoa da Conceição
Trocando olhares (1h30) com Gabi Fregoneis (PR)

11h | Local: Praça da Lagoa da Conceição
Dividindo a cama platonicamente ou +\- (2h) com Mauricio Oliveira (PR)

12h | Local: Pitoco – Lagoa da Conceição
Revés (40 min) com Coletivo SOU (SC)

14h-18h | Local: La Kahlo Bodega (Av. Hercílio Luz, 633 – Centro)
Oficina de Zine com Coletivo Entulho
(parceria com flamboiã – feira de publicações de artista)

15h-18h | Local: Espaço Transformando (Serv. Rio Ponche, 733 – Rio Vermelho)
Xøkinha no Espaço Transformando
++ programação no evento ++

19h30 | Local Terminal Velho
RØDA DE CØNVERSA
Seguido de Batalha das Mina – Florianópolis

22h | Local: Encruzilha Travessa Ratcliff com R. João Pinto
Isoporzinho Parceria com flamboiã
+++ mais info no evento +++

DOMINGO 10.12
11h | Local: Praça da Lagoa da Conceição
AÇÃO CØLETIVA

14h | Local: Praia do Campeche
ØKUPA PRAYA

16h20 | Local: Praia do Campeche
RØDA DE CØNVERSA ~~~~ Corpas pulsantes e atordoadas: como criar brechas/ táticas de resistência em tempos de retrocessos, censuras e perseguição? E a arte independente: por que, para quem? ~~~~

>>>>> nas ruas INTERVENÇÕES IMPRESSAS <<<<<
AGITPORN, de Milequinhentos Oanoquenão Terminou
dEs.nU.dO, de Luan Bittencourt
Dib art digital collage, de Dib art
FUFA-TE, de fugaz
Fluidez Viva, de Fluidez Viva
Guerra Fria, de N Jeans
Humanx, de Tom Kyo Humanx
O Banquete do Entreguismo, de Lilith e Thamara
Placentofagia, de Douloucas
scan-me, Wemerson Prazeres ou Ué
sem título, de Marília Madalena Outra Fulô

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Esta edição da XØKE está sendo construída buscando a auto-gestão de maneira colaborativa com artistas, coletivos de arte, produtorxs e espaços culturais locais para intervir e desestabilizar a coreografia imposta na cidade. QUEM FORTALECE TAMBÉM? AdehonlineInstituto Arco-Íris Direitos HumanosETCCasa VermelhaflamboiãLa Kahlo Bodega, Espaço Transformando.

O politicamente correto e o politicamente incorreto são dois chifres da mesma cabra: o legalismo

O politicamente correto e o politicamente incorreto são dois chifres da mesma cabra: o legalismo. Há tempos tenho advertido pra isso. O fechamento da exposição de arte queer de Porto Alegre é apenas a ponta do iceberg do legalismo difuso em nossas vidas. Esse episódio ilustra bem como a correção e a incorreção se complementam.

Fazer piadas com nordestinos, gays, pretos e pobres é expressão da sacrossanta liberdade individual? Ora, colocar buceta em Jesus e caralho na Virgem Maria também o é. Os cultores da nova religião da liberdade ignoram aquilo que o divino Marque de Sade nos ensinou há três séculos: quando tudo é permitido nada é permitido.

O avesso do liberalismo não é o comunismo. Esse é o conto de fadas repetido por adultos que não saíram das fraldas. O avesso do liberalismo é o legalismo. O legalismo é a maneira pela qual as democracias liberais estão conseguindo chegar ao totalitarismo sem precisar de um Estado ditatorial. O legalismo é forma legal do liberalismo. O dispositivo de controle interno ao fluxo livre de capital, seja financeiro ou simbólico.

Pastores dizem todos os dias e noites em seus cultos que gays são possuídos pelo demônio. Que as religiões africanas são enviadas de Satanás. Deputados defendem torturadores. Manifestações em favor da ditadura. Mensagens de incitação ao ódio, a começar pelo presidente dos EUA. E o que é criminalizado? Uma exposição de arte queer. Mas a criminalização desses outros discursos está sendo preparada pelas esquerdas e pelas militâncias emancipacionistas. Não tarda a se consumar. E então teremos uma guerrilha de vingança. Um ciclo infinito de combate entre formas de liberdade que se acham mais livres que outras formas de liberdade.

Os defensores do fechamento da exposição alegam atentado contra símbolos religiosos. Em todo mundo as religiões foram e são agentes de perseguição, de violência, de assassinato e de extermínio de todos que transgridam seus dogmas. Agora os religiosos se sentem ofendidos por uma exposição de arte macular seus simbolozinhos. Que sensibilidade divina.

Poderíamos passar o dia inteiro elencando exemplos de como diversas religiões destruíram e roubaram símbolos pagãos. Como roubaram e deturparam outros signos, usando-os a seu bel-prazer. Mas isso pouco importaria. O objetivo do legalista contemporâneo é apagar tudo isso. E ficar apenas com a versão edulcorada dos fatos.

A forma do legalismo é a forma generalizada do capitalismo atual. Talvez nunca tenhamos disposto de tantas ferramentas de expressão individual e coletiva. Entretanto, nessa mesma época da possibilidade de expressão e das individualidades, onde todos podem expressar pela internet sua visão crítica sobre tudo, optamos pelo quê? Pelo processo. Pela intimidação. Pela carteirada. Pelo linchamento. Pelo silenciamento do outro. Estamos assim retroagindo a modos de legalismo vingativo anterior aos Estados modernos, baseado na cultura dos processos, dos linchamentos e das intimidações.

O problema é que a dita esquerda, ou partes consideráveis do que se autodefine como esquerda, tampouco escapa às seduções do legalismo. Tempos atrás vimos o triste espetáculo de linchamento da companhia teatral Os Fofos, processados por racismo. Recentemente vimos o patético espetáculo dos chamados “leitores sensíveis”, novos censores da literatura, hauridos e imunizados dor sua linda hipersensibilidade humanista.

Enquanto não compreendermos essa dialética demoníaca entre liberdade-opressão e liberalismo-legalismo, continuaremos a ser os algozes e os censores de nós mesmos. Transformaremos a exceção em regra. O avesso em direito. E viveremos naquela “gaiola de ouro” descrita por Max Weber. Um mundo de vigilância a céu aberto, uma redoma ao ar livre, encarcerados na prisão invisível da linguagem.

Por Rodrigo Petronio.