Segurança de Pé Descalço

Esse projeto está na etapa inicial de concepção. Sugira, pergunte,colabore!

Segurança de Pé Descalço

É uma política pública anarquista de segurança (ou política pública de segurança para a resistência) baseada nos princípios de prevenção e autonomia. A “Promoção da Segurança” visa criar as condições para a ação. Essa campanha pública é inspirada nas iniciativas da Medicina de Pé Descalço, com a diferença de que o “vírus” que combatemos é a vigilância, porém o resultado final é o mesmo, a inação, a morte.

EIXOS:

A política pública anarquista de segurança começará através da formação descentralizada de agentes multiplicadores. Esses agentes receberão um treinamento básico em tecnopolítica e segurança e seu campo de atuação será a implementação imediata de medidas de privacidade e o fomento de boas práticas de segurança. Assim, os coletivos envolvidos com segurança e os agentes formados contribuirão com esta política pública em dois eixos:

– Formação: treinamento básico em soluções técnicas e em tecnopolítica (justificativa ideológica e base ética). Também são relevantes os conhecimentos legais e as particularidades sócio-ambientais do local de atuação do agente multiplicador.

– Atenção Primária: implementação de medidas gerais de privacidade e fomento de boas práticas de segurança individual e coletiva.

OBJETIVOS:

Os objetivos da política pública anarquista de segurança são os seguintes:

  • a curto prazo: proteger os corpos, descentralizar cuidado
    + coletivos de segurança: formação básica de agentes multiplicadores; oficinas direcionadas para assuntos e necessidades específicas reais
    + agentes: implementação de medidas imediatas de privacidade
  • a médio prazo: elevação do nível geral de segurança para que a resistência seja mais efetiva
    + Coletivos de segurança: formação continuada de agentes multiplicadores (com revisão das medidas de atenção primária e atualização); construção de infraestrutura tecnológica; formação em relação à nova infraestrutura
    + agentes: formação de agentes; agentes criam coletivos; fomento de boas práticas de segurança; alfabetização digital
  • a longo prazo: transformação social radical e autonomia
    + Coletivos: os antigos saem de cena (abandonam sua posição de poder); novos coletivos assumem a infraestrutura; manutenção da infraestrutura criada; criação de infraestrutura
    + agentes: formação de agentes; agentes criam coletivos; fomento de boas práticas de segurança; alfabetização digital

Treinamento BÁSICO:

5 ações imediatas para a privacidade: senhas fortes, navegador Tor, Signal, email em servidor seguro, criptografia de dispositivo.
Data Detox: reduzir sua sombra digital e ter controle do que está exposto.
Tecnopolítica: valores e bytes, rede de confiança, resistência e existência
Análise de contexto, ameaças e riscos

OPERAÇÃO:

Para que uma política pública funcione sem o Estado, é preciso definir uma população alvo e buscar atingir uma massa crítica de agentes. Os coletivos iniciais não devem acumular mais poder do que já possuem; pelo contrário, à medida que agentes multiplicam o conhecimento, novos coletivos aparecem e dividem a responsabilidade, a pesquisa e a definição das ações, buscando que as decisões sejam tomadas cada vez mais de baixo e de perto. Nunca será demais repetir: a concentração de poder continuada é extremamente nociva para o objetivo final de Autonomia e o projeto deve ser abandonado caso persista.

Etapas:

  1. Refinar o projeto: debater, pontuar falhas e achar mecanismos de proteção das partes que possuem poder hoje contra “degringolamento egoico”
  2. Definir, reunir e montar um material básico para a formação
  3. Fazer uma campanha de engajamento nessa política pública junto aos outros coletivos
  4. Realizar formações e acompanhar agentes
  5. Auxiliar na formação de coletivos de segurança
  6. Coletivos originais vazam

CripTRA – CriptoFesta do Alto Tramandaí

 

No próximo sábado dia 15 de dezembro acontece a CriptoFesta do Alto Tramandaí em Maquiné – RS.

A programação completa já está no ar! São 15 atividades entre oficinas, palestras, bate-papos e muito mais divididos em 12h de programação.

O evento inicia com uma mesa redonda com o tema “Repressão e liberdade de expressão”, e segue com atividades sobre criptografia, análise de risco, cultura de segurança, software livre, redes,  e muito mais. Durante todo o dia voluntárias estarão disponíveis para auxiliar na instalação de Linux, LineageOS, Signal, criação de emails seguros, chaves PGP eentre outros! Traga seu dispositivo para libertá-lo das garras corporativas (mas não esqueça de fazer backup de seus arquivos importantes!).

Confira aqui a programação: www.criptra.noblogs.org/programacao/

Serviço:
CripTRA – CriptoFesta do Alto Tramandaí
15 de Dezembro 2018
09:00 às 22:00
Canto da Terra Armazém Café
Rua Luiz Alves da Costa, 715 – Maquiné / RS

Não entre em pânico, CRIPTOGRAFE!

 

CriptoFesta Sampa – 1º de dezembro de 2018

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Acontece amanhã a CriptoFesta Sampa, evento que busca disseminar boas práticas de comunicação digital com forte enfoque na segurança:

Muita calma nessa hora. Não começou hoje e não vai acabar amanhã. Cola junto com a gente e aprenda coisas básicas que você precisa saber para se comunicar com liberdade e segurança.

São 4 horas de oficinas e palestras sobre práticas, de nível básico e intermediário, para que você consiga se comunicar sem se preocupar.

Confira a programação completa em:
http://we.riseup.net/criptofestasbr/criptofestasampa

Serviço:

[PORTO ALEGRE] Segunda Oficina de Python – AfroPython

Um ano após a realização da sua 1ª edição e com o propósito de incluir e empoderar pessoas negras na área de TI, o AfroPython realiza mais uma oficina de programação de iniciação a Python. As inscrições estão abertas até o dia 14 de Novembro e o evento acontece no dia 24 de Novembro na Faculdade de Informática da PUCRS,  Prédio 32.

Não sabe programar e quer aprender? Sua hora chegou! O nosso workshop é super básico, qualquer pessoa que não tenha experiência com programação pode participar e aprender sobre Python e Django.

Mais sobre a iniciativa de acordo com o site do AfroPython:

O AfroPython é uma oficina de programação que tem o objetivo de incentivar a população negra nas áreas de tecnologia.

O AfroPython deseja ser uma iniciativa marcante: para quem faz e para quem participa. E queremos somente marcas positivas e felizes, já que as razões que nos unem não são tão historicamente nobres: somos a maior parte da população e não vemos esse dado refletido no mercado de trabalho, especialmente nas empresas de Tecnologia da Informação no Brasil.

https://afropython.org/

Roda de conversa: Participação para além das eleições, 4 de Outubro

Será que estamos aproveitando todo o potencial de participação nos rumos da
sociedade? Será que existem outras formas de organização mais justas do que
a democracia representativa? Se quiser saber mais – ou simplesmente quer
bater papo – sobre o assunto, participe da Roda de conversa: “Participação
para além das eleições” no Tralharia no dia 4 de outubro. Sim, em uma semana mais do que
apropriada, na semana das eleições 2018.

A proposta do evento é debater outros sistemas participativos de
organização além da democracia representativa. Fui convidado para organizar
e convidei o sociólogo Leo Vinícius, que vai falar sobre os paradigmas do
movimento Curdo no Oriente Médio, a pesquisadora Ana Soares, que vai
abordar a organização do movimento indígena Zapatista no México, e o
professor, pesquisador e ativista de Mídia Independente, Cazé, para debater
sobre o anarquismo como prática popular para além do reformismo. Eu
vou falar sobre experiências de Democracia Líquida e as possibilidades que
a tecnologia oferece a participação social na política.

O encontro é aberto e será realizado às 19h do dia 4 de Outubro, no
Tralharia, um antiquário, café
e bar no Centro Histórico de Floripa que promove atividades culturais como
exposições, leituras coletivas e encontros diversos.

O “Tralha” completa três anos de abertura em outubro, e além das habituais
exposições, leituras coletivas e encontros diversos, está promovendo uma
uma programação muito especial no mês de aniversário.

Estão todos convidados!

TODO CÉREBRO É UMA EMISSORA
Thiago Skárnio [http://skarnio.tv]

[União da Vitória] Conversa sobre Tecnopolítica no IFPR

Hoje à noite estaremos iniciando uma conversa sobre tecnopolítica no Instituto Federal do Paraná. A conversa será com alunxs do ensino médio técnico, das áreas de robótica, programação, eletrônica e redes.  Nosso objetivo com essa conversa é trabalhar conceitos relacionados à tecnologia e à política, buscando evidenciar os aspectos políticos que estão codificados estruturalmente nas tecnologias que utilizamos diariamente. Contrário ao senso-comum, até mesmo as tecnologias mais rudimentares carregam uma função e um objetivo intrínsico em seu desenho. Essa afirmação é levada a níveis extremos com as tecnologias contemporâneas; nossos perfis online seguem interagindo com pessoas e máquinas muito depois do log out e uma resposta de um captcha auxilia no desenvolvimento de inteligência artificial para drones de combate.

 

https://elchapuzasinformatico.com/wp-content/uploads/2018/06/google-pentagono-project-maven..jpg

 

[FLORIPA] Oficina “Ferramentas Digitais para Organização Coletiva”

Na próxima quinta-feira, dia 13/set, acontece a oficina “Ferramentas digitais para organização coletiva”. Iremos apresentar e mostrar como funcionam algumas opções de ferramentas para organização coletiva que são usadas há quase duas décadas por inúmeros grupos ativistas pelo mundo. Nesse tempo, muito se melhorou em termos de segurança da comunicação, porém nossas necessidades quando estamos em coletivos, continuam as mesmas: nos comunicarmos, organizar e debater nossas ideias, compartilhar materiais e tomar decisões. Toda tecnologia possui valores codificados em sua estrutura que nós não conseguimos alterar, por mais que “usemos do nosso jeito”. Por isso recomendamos coletivos de tecnologia como Riseup ou Autistici que desenvolvem softwares a partir de valores como justiça social, privacidade e autonomia. Divulguem e apareçam!

Quando: dia 13 / set, quinta
Hora: 19h00
Local: Tarrafa Hackerspaço

Crianças e adolescentes como agentes ativos na configuração da privacidade

04/07/2018

Por Patricio Velasco F., pesquisador da ONG Derechos Digitales | #Boletim17


O aumento do acesso a novas tecnologias e em especial o crescimento da quantidade de crianças e adolescentes que possuem celular com conexão à internet implica em numerosas consequências no momento de exercer direitos humanos fundamentais como a privacidade.

Uma boa maneira de abordar a questão é considerar os números do fenômeno. Por exemplo, segundo os dados da pesquisa Kids Online aplicada no Brasil em 2016, 85% das crianças e adolescentes acessam a internet no celular (sem que existam diferenças significativas segundo o nível socioeconômico das famílias nem o sexo dos respondentes). Esse tipo de dado não é excepcional no contexto regional. A queda nos preços dos dispositivos e a ampliação da infraestrutura de internet permitiram uma crescente massificação do acesso à rede na América Latina.

O acesso massivo à internet e sua maneira particular de uso tem, igualmente, outras implicações. Com a ampliação da conectividade através de celulares, os usos que crianças e adolescentes podem fazer dessas tecnologias se multiplicam e, além disso, o eventual controle preventivo que os adultos responsáveis pelos menores podem exercer a respeito da navegação de crianças e jovens também é restrito (Byrne, Kardelfelt-Winther, Livingstone, & Stoilova, 2016). O controle não pode ser permanente e o conhecimento que crianças e adolescentes adquirem sobre as novas tecnologias pode deixar os adultos rapidamente desatualizados, configurando um cenário onde são os menores que se “alfabetizam” com maior rapidez sobre os novos desenvolvimentos tecnológicos (Ólafsson, Livingstone, & Haddon, 2013).

Além disso, é necessário considerar um terceiro elemento relevante: o modo que crianças e adolescentes experimentam a conectividade. A experiência da internet tem sido mediada principalmente pelo uso de plataformas que são acessadas através de aplicativos para celular. No caso chileno, por exemplo, 80% das crianças e adolescentes declaram ter utilizado redes sociais nos últimos meses.

Essa configuração, considerando um amplo acesso à internet através de dispositivos pessoais, alto nível de familiaridade com as novas tecnologias e a prevalência de redes sociais implica em desafios significativos no momento de abordar a pergunta sobre privacidade online.

Para autores como Boyd, a proliferação da conectividade através de redes sociais com ênfase no uso feito por crianças e adolescentes influiu em uma mudança do que compreendemos por privacidade online. Assim, se antes para conseguir publicidade era necessário mobilizar e gerir recursos, atualmente estaríamos frente a um cenário onde se compreende que o que é público se encontra determinado “por padrão”; enquanto o que é privado opera como uma construção que requer não apenas mobilizar recursos, mas também desenvolver estratégias que sejam capazes de estabelecer limites ao acesso e difusão dos conteúdos gerados.

Essa mudança na compreensão da privacidade possui amplas consequências na hora de avaliar o comportamento online de crianças e adolescentes. Além dos perigos que o uso de informação pessoal de terceiros pode implicar (que já foi amplamente exposto no debate sobre a Cambridge Analytica) é necessário situar essa preocupação no contexto de uma crescente transformação da vida social em dados, onde as experiências são registradas através de diversos sensores e dispositivos, formando um rastro duradouro da vida das crianças que se socializaram através dessas plataformas (Lupton & Ben Williamson, 2017).

Então devemos nos perguntar novamente em que implica e como se configura a privacidade online para crianças e adolescentes. Para Balleys & Coll, a privacidade se refere à capacidade de gerir a intimidade de uma pessoa com seus pares, o que implica que se configure como uma forma de capital que permite a crianças e adolescentes consolidar seus vínculos e status. Essa gestão da intimidade poderia estar representada nas diversas formas em que os menores se relacionam com as plataformas online e, particularmente, com as restrições que estabelecem de sua participação nelas.

Pelo que acabamos de mencionar, é importante avaliar quais são as habilidades e capacidades que crianças e adolescentes demonstram em redes sociais ao configurar sua privacidade online. Assim, antes de focar na privacidade como conceito abstrato, é possível verificar quais são os recursos que efetivamente são mobilizados para definir o que cada um quer resguardar como privado. Ao adotar essa abordagem, surgem novas perguntas: Todas as crianças e adolescentes estão em igualdade de condições para mobilizar tais recursos e configurar a sua privacidade online? Com relação a isso, foi apontado que a alfabetização digital e o desenvolvimento de habilidades online reproduz as desigualdades sociais de base (Helsper, van Deursen, & Eynon, 2015), questão que em contextos como o latino-americano, com amplas diferenças entre os diversos estratos socioeconômicos, pode resultar ainda mais urgente.

Dessa maneira, estamos frente a um cenário complexo: o exercício da privacidade não só implica gerir recursos, mas também esses recursos não estão igualmente disponíveis para toda a população. Em termos de habilidades online, essas lacunas são particularmente significativas. Como exemplo, e considerando novamente os dados da Kids Online Brasil, é possível apontar que 74% das crianças e adolescentes dos estratos altos sabem como mudar a sua configuração de privacidade em redes sociais, em comparação com somente 50% de quem pertence ao estrato mais baixo.

Perante essa situação é necessário desenvolver estratégias que favoreçam a criação e gestão de recursos que permitam que crianças e adolescentes sejam agentes ativos na configuração da sua privacidade online. Isso implica enfatizar o desenvolvimento de habilidades e estratégias para um uso seguro da internet, capazes de considerar que, no cenário atual, a privacidade não é um conceito estático, mas uma implementação prática e cotidiana. Para isso é imperativo habilitar não somente as próprias crianças e adolescentes, mas também os adultos que formam parte do seu processo educativo, tanto nas famílias como em estabelecimentos educacionais.

Então devemos nos orientar pensando no desenvolvimento de programas que permitam aos menores discernir o que querem manter no âmbito privado e quais são as ferramentas e estratégias tecnológicas efetivas para esse fim. Assim, estaremos permitindo que crianças e adolescentes desenvolvam competências digitais para a construção da sua própria privacidade online, sem que isso presuma que um determinado conteúdo deva ser resguardado. É relevante que essa formação seja capaz de reconhecer as diferentes identidades étnicas, religiosas e sexuais existentes na sociedade, permitindo assim que a participação online de crianças e adolescentes respeite as diferenças culturais, enquanto lidamos com as lacunas de classe que podem incidir na gestão da privacidade.