Rua Cônego Serpa em Santo Antônio de Lisboa será ‘ocupada’ sábado (26/08)

“Ocupa a Cônego Serpa”, nome do movimento artístico-cultural marcado para este sábado (26.8), às 16 horas, no centro histórico de Santo Antônio de Lisboa.

Presença de artistas visuais, atores, escritores, músicos e produtores culturais em favor da liberdade de expressão e uso do espaço público.

O convite para o ato diz”: “Manifesto cultural em nome da música, da arte e uso compartilhado do centro histórico de Santo Antônio de Lisboa. Cultura não se mata, cultura preserva-se”.

 

Via Daqui na Rede

CARTA DE FUNDAÇÃO DA REDE DE DIREITOS HUMANOS PELO FIM DA VIOLÊNCIA E PELA CONSTRUÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

No dia 19 de agosto, movimentos sociais, coletivos, sindicatos e lideranças fundaram uma rede que visa discutir ações que amenizem as lacunas deixadas pela ausência do Estado e que promovam melhorias para a qualidade de vida das(os) moradoras(es) do Maciço do Morro da Cruz. Segue sua carta de fundação abaixo:

REDE DE DIREITOS HUMANOS PELO FIM DA VIOLÊNCIA E PELA CONSTRUÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

“Direitos Humanos não se pede de joelhos, exige-se de pé” (Dom Tomás Balduíno)

O número de jovens assassinados na periferia de Florianópolis, somente no primeiro semestre de 2017, ultrapassou 110 mortos. A violência nos morros e comunidades empobrecidas aumenta vertiginosamente na mesma proporção em que aumenta o ódio, o preconceito de gênero e racial, gerando o extermínio da juventude negra.

Em Florianópolis, frequentemente cidadãos têm suas casas invadidas pela polícia, com a destruição dos círculos familiares, dos bens materiais, e dos sonhos por uma vida digna. Para quem vivencia o luto, a perda de alguém representa a perda de um pilar que jamais será substituído por qualquer forma de compensação oferecida pelo Estado.
Enquanto a letalidade do Estado segue dizimando a população, nos meios de comunicação as mortes são tratadas com frieza, em tom de estatísticas ou de uma forma que evidencie a exclusão social para com os moradores dessas comunidades, numa tentativa banal de justificar tais mortes alegando um possível, e pressuposto, envolvimento com o tráfico, criminalizando esse setor da sociedade. Portanto, criminalizando a pobreza.

Em que pese existir um órgão para dar conta da apuração das mortes ocorridas, Florianópolis conta com apenas uma Delegacia de Homicídios, e somente um delegado para comandar as investigações dos crimes contra a vida. Dessa forma, a violência sofrida pelas famílias pobres é sempre colocada em segundo plano. Faltam medidas preventivas e inclusivas para diminuir esse Estado armado.

Estamos diante de centenas de famílias, e laços afetivos desfeitos, sem que o Estado assuma sua culpa em deixar de programar políticas públicas, como moradia, saúde, educação, cultura, lazer, formação profissional, emprego e renda, que possibilitem acabar com as causas de fundo, que contribuem para o aumento da violência.
Agravando a situação de emergência, centenas de pessoas não sabem como obter amparo nos casos de violência. Num clima de pânico generalizado, sofrem com a opressão estatal representada pelo poder de polícia. Igualmente, o Poder Executivo do Município se cala diante da violência, realizada contra seus cidadãos.

É diante desse quadro de guerra que lideranças comunitárias, representantes de diversas religiões, associações de moradores, advogadas (os) populares, vereadores, deputados estaduais e movimentos sociais estão construindo uma REDE DE DIREITOS HUMANOS PELO FIM DA VIOLÊNCIA E PELA CONSTRUÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS, buscando conjuntamente denunciar os abusos do Estado, lutando pelo cumprimento dos direitos das comunidades e famílias de Florianópolis. Não se trata de apenas exigir direitos por direitos, mas de lutar para que se concretizem aquelas garantias que foram conquistadas somente no papel, assim como pela obtenção e afirmação de novos direitos que satisfaçam necessidades, legitimem o direito à cidade, para que todos, sem distinção de classe, raça e gênero, tenham acesso aos direitos que promovem uma cidadania plena.

Convidamos a todos e todas para integrarem e fortalecerem nosso movimento, assumindo também a luta pelos Direitos Humanos, a fim de ultrapassar as estruturas do aparelhamento estatal, excessivamente burocratizadas, sempre aquém do que é esperado pelo povo, perante a grave situação de violência social. Precisamos mudar essa realidade que as comunidades vêm enfrentando, desde o início de suas formações. Solidários e unidos em defesa e construção de direitos, Venceremos!

Constroem essa rede e assinam essa carta:

Lideranças Comunitárias do Maciço do Morro da Cruz
UFECO – União Florianopolitana das Entidades Comunitárias
RENAP/SC – Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares
Paróquia Nossa Senhora do Mont Serrat
Movimento Ponta do Coral 100% Pública
MMM – Marcha Mundial de Mulheres
Coletivo Advocacia Feminista Mulheril
Gabinete do Vereador Lino Peres
Gabinete do Deputado Estadual Dirceu Dresch
Brigadas Populares
Rede de Resistências e Lutas Populares
Núcleo de Direito da UNISUL
SINTE – Regional Florianópolis
SINJUSC
SINDSAUDE SC
CUT -Regional Florianópolis
Clinica de Reparação Psíquica NEMPsiC
Frente Brasil Popular Regional Florianópolis
IVG – Instituto Vilson Groh
MNU – Movimento Negro Unificado
Mesa de Ação Social de Diaconia da Igreja Presbiteriana Independente de Florianópolis

CARTA ABERTA A POPULAÇÃO DE FLORIANÓPOLIS — Movimento Nacional População Rua/Santa Catarina

CARTA ABERTA A POPULAÇÃO DE FLORIANÓPOLIS

Viemos acompanhando em nível nacional uma série de atrocidades quanto aos direitos das pessoas em situação de rua, manifestas por extermínio, encarceramento e repressão em massa. Ao mesmo tempo, estamos acompanhando uma série de desmontes nos equipamentos de Assistência Social e Saúde que trabalham com esta população. Na cidade de Florianópolis e região metropolitana não tem sido diferente.

Através de um programa chamo “Floripa Social” que diz ser um projeto de “solidariedade” temos acompanhado a repressão e a retirada de pertences das pessoas em situação de rua, como aconteceu na semana passada em São José. Nestas ações, que dizem contar com apoio da Assistência Social, por meio de uma única trabalhadora que é CC (cargo comissionado) da prefeitura, estão respaldando práticas higienistas ao invés de oferecer o conjunto de políticas públicas preconizado pela legislação.

Sem um único albergue municipal (apenas um ponto de apoio que abre quando a temperatura é menor do que 10 º, para que as pessoas não morram de frio), agora a prefeitura determinou que vai fechar o Centro Pop, serviço que atende pessoas em situação de rua durante o dia. A secretaria de Assistência Social, diz tratar-se apenas de um “reordenamento” e afirma que tem aval do MNPR para isso, o que é uma grande mentira. Por este motivo é que trazemos a tona os fatos:

1) O espaço do Centro Pop já tem sido utilizado aos fins de semana por grupos religiosos que já tem-se mostrado em desalinho com as politicas públicas de um Estado Laico. O que a Secretaria de Assistência Social diz é que a área do atual Centro Pop será de responsabilidade destes grupos de voluntários. Ou seja, ao invés de contratar funcionários públicos que tenham formação e perfil para o cargo, estão abrindo o espaço público para grupos que não devem atuar neste espaço.

2) Sabemos que o Centro Pop atual tem diversos problemas estruturais e somos os primeiros a denunciar que quem manda no Centro Pop é a guarda municipal, a qual, é responsável por diversas violências naquele espaço. Mais de um usuário já foi acordado com spray de pimenta na cara ao cochilar (sim, porque é proibido cochilar no centro pop, mesmo se a pessoa passou a noite na chuva sem dormir!). Alguns trabalhadores não tem perfil para atender pessoas em situação de rua, pois repetem os mesmos estigmas de que todos são violentos, usuários de drogas, ladrões, etc. Desta maneira, legitimam o poder da guarda dentro do serviço mesmo que esta prática fira por completo o regimento do SUAS (Sistema Único de Assistência Social). Somos a favor de um reordenamento, mas não somos a favor de deixar a Rua sem assistência e nem violentar trabalhadores.

3) O local em que querem botar o Centro Pop é um prédio de vários andares. Este lugar não atende as necessidades e o que é preconizado legalmente pelas orientações técnicas para o funcionamento de um Centro Pop, nem é de desejo das pessoas em situação de rua.

4) Por que é necessário fechar o Centro Pop antes de ter um novo lugar?

5) Qual a política de saúde mental para as pessoas que usam drogas em Florianópolis? Pelo que vemos a única via ofertada é a da internação em comunidades terapêuticas. Tem apenas um CAPS Ad (Centro de atenção psicossocial álcool e outras drogas), não tem CAPS AD III (que conta com leitos de desintoxicação e trabalha 24h atendendo crises, inclusive), não tem Equipes de Redução de Danos (que trabalham na rua, juntos aos locais em que as pessoas estão em uso e que não obriga a pessoa a ficar em abstinência), o consultório na rua está desmontado (nunca está na rua), a abordagem social de rua, mesmo que queira fazer seu trabalho, quase não tem lugar para encaminhar as pessoas que queiram tratamento ou abrigo.

6) As políticas de habitação, cultura, lazer e emprego específicas para pessoas em situação de rua simplesmente não existem! Assim como não existem políticas de acompanhamento para quem consegue sair da rua, o que facilita a volta para as ruas.

7) Não existe Restaurante Popular na cidade. Por isso, quem está na rua fica a mercê da boa vontade dos voluntários que distribuem comida e agasalhos. Não temos nada contra o trabalho dos voluntários, muito pelo contrário, mas estamos cansados de não ter nossos direitos assegurados pelas políticas públicas. Pois na hora de fazer campanha política eles não tem nojo de nós.

A RUA RESISTE! NADA SOBRE NÓS SEM NÓS!
NENHUM DIREITO A MENOS!
NÃO RETROCEDEREMOS!

MOVIMENTO NACIONAL DA POPULAÇÃO DE RUA FLORIPA, 21/08/2017

Okupa Sapatão 18/08

Junto com o mês da visibilidade lésbica o isoporzinho ataca novamente!!! Bora sapatonas convictas vem esfregar o cu no chão do asfalto e comemorar com muita luta, resistência e alegria nossas vidas.

Dia 18/08, sexta-feira, a partir das 18 horas vamos nos reunir ali pelo Largo da Alfândega (ou no terminal velho em caso de chuva), levem isoporzinhos, músicas que vocês querem ouvir, roupas para brechó, poemas, performances e muito fogo no cu! COM O PALCO ABERTO pensamos que a ideia de um sarau é importante nesse momento de luta e visibilidade pras nossas corpas! vem poemar, vem juntar, vem causar

A xoke, mostra independente de arte de guerra, vai colar junto na sua movimentação pela causa e pré-xoke com cachacinhas e comidinhas a preços bem fanxinhos!

Ao longo da semana manas e movimentos vão postar que vão colar pra somar no rolê e construir juntes! Postem músicas e iniciativas pra somar tb!!!!

***Na iniciativa aliada ao Mês da visibilidade lésbica surgiu a pira de construir um movimento, principalmente TLB, de construir um coletivo autonomo e autogestionado que se articulasse politicamente em Florianópolis frente a essas questões e a tantas violências que passamos diariamente. Sem frente centralizadora, sem partido, sem rosto; frente autônoma de pessoas transsexuais, lésbicas e bissexuais

PROGRAMAÇÃO {aberta a sugestões!}

18h – Sapatão no violão
Quem quiser e puder, leva sua viola pra gente ir aquecendo!

19h – “Sapatão abra seu coração” – roda de conversa sobre visibilidade lésbica, vivências e enfrentamentos das infinitas possibilidades de se ser sapatão ♥

20h – Sarau do Brejo: Palco aberto pra quem quiser!
Traga aqueles seus rascunhos de poesia que tão na gaveta, aquela inquietação que você quer compartilhar, sua voz, seu corpo!

21:30h – Bora sacudir as pochete com as playlists das maravilhosas:
> Zalui
> Carole Crespa
> Raíssa Éris Grimm
> Alê Peixoto + Lê Bafão

Se joga sapatão, bora ocupar! 😍

******Lembrem de trazer copos pra beber as catuaba, as cachacinha, as cerveja! Não vai rolar copo de plástico.

Evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/522602728074515/?active_tab=about

Organizado por XØKE :: Mostra independente de arte de guerra

Sábado de Sol: Rap, Marcha da Maconha e Repressão Policial em Floripa

Foto: Marcha da Maconha Floripa

Sábado aconteceu a marcha da maconha em diversas cidades do Brasil. Você, “cidadão de bem” pode se perguntar porque raios as pessoas se juntem para protestar pelo uso de uma droga dado que tem tanta coisa errada no país.

Pois bem, já se perguntou se alguém retirasse o seu sagrado direito de beber aquela cerveja na sexta-feira com os amigos ou tomar aquele vinho com a patroa? Ou então fumar aquele cigarro depois do sexo ou tomar um remedinho que aquele médico te receitou para te deixar mais feliz e esquecer um pouco o quão insuportável é a nossa rotina nesse sistema cada vez mais maluco?

Pois bem, existem mais de 1.5 milhões de brasileiros (2012!) que curtem pegar uma planta que existe a milhões de anos, enrolar num papel e fumar. Esta planta, ao contrário do cigarro, por exemplo, tem até propriedades medicinais. O problema é que um tal de Estado (aquele que você é contra quando paga imposto) decidiu que todas estas pessoas não podem fazer isto, que é contra a lei. Uma lei arcaica, motivada por preconceito e questões políticas e comerciais, que está sendo revista no mundo inteiro porque este mesmo Estado se deu conta que não vale a pena continuar seguindo ela. E claro, porque muita gente também descobriu que dá para ganhar muito dinheiro com isto (empresários querem dinheiro e o Estado impostos).

Mas por aqui isto ainda não mudou. Por isto todos os anos milhares de pessoas resolvem marchar contra uma guerra estúpida que prende milhares de pessoas, na sua maioria pretas e pobres, que abastece facções criminosas de dinheiro e armas e gera corrupção. Que mata muito mais que o uso de drogas. E isto, com certeza, te afeta de alguma forma.

Pois bem, em Florianópolis não foi diferente. Mais de mil pessoas resolveram usar seu sábado para marchar. A marcha era pacifica, “paz e amor” como era de se esperar de tantos maconheiros andando na rua, ao contrário do que muitas pessoas costumam pensar sobre esse povo.

Até que houve um impasse, como é comum em manifestações populares. Policia Militar de um lado, manifestantes de outro. Nestes momentos ocorre uma negociação. Mas não houve negociação, pois o manifestante que tentou conversar com o servidor público responsável por sua proteção levou um empurrão, um chute na canela e spray de pimenta na cara. Logo depois os demais policiais atacaram com tapas, balas de borracha, cassetete e spray de pimenta. Uma menina foi agredida com um tapa por um sujeito muito maior que ela. Minha amiga quase foi pisoteada pela multidão em pânico e choque pela agressão gratuita.

Vídeo Jornalistas Livres

Foto: Ramiro Furquim

 

Foto: Ramiro Furquim

Pois bem, e ainda querem que a gente aguente esse mundo de cara?

Mais informações nas mídias alternativas:

#marchaDaMaconha #floripa

Tomada da Alfândega [28/03]

TOMADA // MULHERES DE LUTA

sf (part fem de tomar) 1 Ato ou efeito de tomar. 2 Ato ou efeito de se apoderar de (cidade, fortaleza, navio, praça etc.) 3. Conquista.

Água vulva
alguma coisa gosmenta me habita
vontade uterina do mundo
Escorre
gosto de estar deitada a olhar minhas pernas e os pelos da virilha. Me lembram: sou mulher
por Helen Ábramo

Mulheres que lutam, mulheres de luta!
Esse é o tema de mais uma TOMADA do espaço público, uma programação multi para mulheres que são muitas, de muitas cores, caras, jeitos, corpos, peitos e paus.

_____________ PROGRAMAÇÃO

~ 17h-20h ~ Anti-loja de roupas : preço livre

~ 18h-20h ~ Jam Palco Aberto: instrumentos e microfone abertos para intervenções e alucinações político-sonoras [some com os teus, as tuas, traz o chocalinho]

~ 18h30-21h ~ Operação Resgate: rango de alimentos reciclados : preço livre

~ 20h-22h ~ CineMeioFio: com os curtas-doc “A vida que não cabe”, de Baruc Carvalho Martins; “Antonieta”, de Flávia Person e “Mulheres da Terra”, de Marcia Paraiso +
Roda de conversa ‘Mulheres no mercado de trabalho’ com mediação de Gabi Zabeu (Ocupa Obarco)

~ 22h-00h ~ Roda de coco ( Roda de coco na ilha do desterro)

_____________ LOCAL
Largo da Alfândega – Centro

_____________ QUEM CHAMA?
~ Ocupa Obarco
Ocupar e compartir! Obarco navega na cidade, propondo ocupações criativas de espaços e de recursos ociosos. Abandonos redistribuídos viram abundância.
~ ETC
O ETC usa ações diretas – em choque com as normas vigentes – para interferir no fluxo cotidiano. O grupo inquieta-se por provocar gradativos ruídos na frequência contínua que visa domesticar e despolitizar a relação entre corpo e cidade.

xxxx Evento com fins anti-lucrativos organizado de forma independente através de autogestão.

Tomar nosso espaço, retomar direitos, transformar tudo!

Relato de agressão da Policia Militar de Santa Catarina aos Foliões em Santo Antônio de Lisboa

Santo Antônio de Lisboa, madrugada de terça de Carnaval. Por volta das 2 e 30 da manhã acabava a noite de folia após um bonito desfile de 25 anos do bloco Baiacu de Alguém, que no seu samba enredo não se omitiu e narrou alguns dos problemas e lutas de Desterro: a falta de transporte público integrado, o plano diretor, a moeda verde, a luta pela Ponta do Coral e pela Ponta do Sambaqui.

Todos já estavam indo para casa, as últimas barraquinhas fechavam. Parado na rua de paralelepípedos onde antes só havia festa e folia vi a Policia Militar começar a se movimentar e fechar a rua, formando um bloco. Eram uns 15 policiais, uns 3 da cavalaria e o restante a pé. De uma hora para outra eles começaram a avançar pela rua, cassetetes em punho, marchando naquela formação típica de legião romana, tão comum de se ver em manifestações populares.

Eles não pediam licença, empurravam quem não saísse das ruas sem que as pessoas fizessem uma mínimo esboço de violência. Quando chegaram perto da igreja vi alguns Policiais agredirem um rapaz com cacetadas. Foi então que alguém puxou o coro do “Não acabou, tem que acabar, eu quero o fim da Policia Militar”, que foi ecoado por muitos na praça. Um Policial foi até uma menina que gritava as palavras de ordem e começaram uma discussão. Um tempo depois senti os olhos lacrimejando, pois começaram a borrifar gás de pimenta na praça, como se estivessem dedetizando o lugar.

Na volta para o carro escutei um relato de um rapaz que contou que jogaram spray de pimenta próximo aos banheiros químicos com gente dentro. Minha amiga, moradora do bairro me contou que todo ano é a mesma coisa. Que a Polícia atua desta forma para “encerrar” a festa, e que foi embora dali logo que percebeu a movimentação dos “homens da lei”.

Foram cenas lamentáveis e desnecessárias de brutalidade e estupidez do Estado. Qual a finalidade desta brutalidade? Se os organizadores sabem que isso acontece todos os anos, por que não se manifestam? O clima de insegurança em outros anos justifica tamanha agressividade?

Em temerários tempos de “Ordem e Progresso” os blocos de rua do Carnaval, essa festa anárquica por excelência seguem sendo um incomodo para ordem vigente. Mesmo em tempos em que uma única marca de cerveja compra a cidade por alguns dias, em tempos de cercadinhos em espaços públicos, de pulseirinhas VIPs, de peixadas e feijoadas de gente besta e esnobe.

Como diria Leminski: “Ainda vão me matar numa rua. Quando descobrirem, principalmente, que faço parte dessa gente que pensa que a rua é a parte principal da cidade”.